As novas exigências da Petrobras vão representar prejuízo adicional de US$ 600 milhões a US$ 800 milhões aos acionistas da Sete Brasil. O valor representa 15% dos US$ 4 bilhões investidos até o momento.
Esse é o cálculo dos sócios do que vão perder se aceitarem a demanda da Petrobras de limitar a cinco o número de sondas de petróleo a serem pilotadas pela Sete.
No plano de reestruturação da Sete, está previsto colocar pelo menos sete sondas sob seu comando. Assumir a operação das embarcações e receber por isso foi a maneira que a Sete encontrou de viabilizar o projeto, que está por um fio desde que a empresa foi envolvida nas investigações da Operação Lava Jato.
Para a Petrobras, colocar mais de cinco sondas na mão de um único operador, sem experiência, é assumir um grande risco. A estatal já habilitou sete companhias, incluindo a Sete, para operar as 15 sondas. Os navios estão sendo construídos por estaleiros para a Sete, que os alugará para a Petrobras.
Os sócios da Sete, que incluem bancos e fundos de pensão, resistem a aceitar esse novo prejuízo. Quando entraram no negócio, acreditaram que teriam retorno de 14% sobre o capital investido.
Hoje os cálculos indicam uma perda que varia de 35% a 60% do total aplicado, dependendo dos últimos detalhes do negócio.
Pelo plano de reestruturação, a empresa vai encolher das 28 sondas de petróleo para 15. Já foram rodados mais de 2.000 cenários diferentes para salvar a Sete.
Mas qualquer solução não seguirá adiante sem o aval da Petrobras, a única cliente e sócia minoritária da Sete Brasil. Na estatal, no entanto, as opiniões são divergentes.
Desde que os preços do petróleo despencaram e se tornou muito mais barato contratar esses equipamentos no exterior, técnicos da diretoria de exploração e produção resistem muito a alugar as sondas da Sete por um valor maior que o de terceiros.
Pelos contratos assinados, a Sete vai cobrar da Petrobras cerca de US$ 400 mil por dia pelo aluguel das embarcações. A média internacional é de US$ 300 mil. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, defende que é preciso respeitar os contratos.
Os acionistas da Sete Brasil já cogitam resolver o assunto na Justiça.
A empresa acredita que tem bons argumentos para um litígio, porque o projeto da Sete Brasil foi concebido pela própria Petrobras.
Além disso, a estatal foi responsável por indicar o ex-presidente da Sete, José Carlos Ferraz, e o ex-diretor Pedro Barusco. Os dois são acusados na Operação Lava Jato de receber propina.
Além dos sócios, os bancos credores da companhia também estudam recorrer aos tribunais. Dessa vez, contra o BNDES.
Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander emprestaram R$ 14 bilhões à companhia enquanto ela não recebia os recursos prometidos pelo BNDES.
Diante da crise, o BNDES não repassou o dinheiro e dá sinais de que vai desistir do negócio. Os bancos já executaram suas garantias, mas devem receber só 40% do valor.
A única maneira de conseguir o restante é pela Justiça. BB e Caixa acompanhariam os demais no processo.
A Sete Brasil só tem caixa para as despesas mais urgentes até o final do primeiro trimestre de 2016.
Criada em dezembro de 2010 para construir 28 sondas de perfuração que seriam alugadas à Petrobras para exploração do pré-sal.
Principais sócios: BTG Pactual, Bradesco, Santander, fundos de pensão estatais, FI-FGTS e Petrobras
A ligação da Sete Brasil com o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato impediu a companhia de receber financiamento de US$ 9 bilhões do BNDES.
Fonte: Uol