A Petrobras espera uma negociação difícil com os sindicatos sobre o acordo coletivo de trabalho este ano. A afirmação foi feita ontem pelo gerente setorial de planejamento de recursos humanos da estatal, Alexandre Schmidt, no mesmo dia em que a companhia já teve de enfrentar manifestações organizadas por sindicalistas em pelo menos seis Estados. Schmidt disse que “não há como” a empresa não se ajustar ao cenário de baixa dos preços do barril do petróleo.
Este mês, a estatal apresentou proposta de reajuste salarial de 5,73%. “A negociação este ano não vai ser fácil. Não depende só da Petrobras. É uma negociação entre RH e empregados via sindicatos, mais o governo. Não é simples”, disse o gerente, durante apresentação no 3º Annual Latam HR In Energy, evento que trata de recursos humanos na indústria de energia.
Schmidt disse que a companhia tem tentado cortar “alguma gordura” e buscado ser mais eficiente para compensar os efeitos da queda de receitas. “A gente tem de se adequar, não há como. Tivemos uma mudança brutal de receitas desde o ano passado”, afirmou.
Abastecimento
E uma amostra das dificuldades das negociações foi dada ontem mesmo, quando sindicatos vinculados à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) iniciaram uma série de manifestações em ao menos seis Estados, em protesto contra o que consideram o desmonte da Petrobras e contra o acordo coletivo proposto pela companhia. Além da FNP, sindicatos vinculados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) também estão envolvidos com a organização de uma paralisação geral, prevista para qualquer momento.
Segundo o Sindipetro Leste Paulista, ontem houve atraso de duas horas no início do turno na refinaria RPBC e no Terminal Pilões, em Cubatão; no Tebar, em São Sebastião; e no Terminal Alemoa, em Santos. Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos, o movimento foi feito por meio de atraso na emissão e requisição de permissões de trabalho.
No Rio, no Terminal de Angra dos Reis (Tebig), houve atrasos e atos na termelétrica Barbosa Lima Sobrinho, no Terminal Baía da Guanabara, no Centro de Pesquisas (Cenpes) e no edifício administrativo Edita. Também houve manifestações no Pará, Sergipe, Amazonas e Alagoas. A Petrobras informou que “tomará todas as medidas para garantir o abastecimento do mercado, preservando a segurança das operações e dos trabalhadores”.
Fonte: Valor Online