Na noite desta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará um pronunciamento em rede nacional de televisão para falar sobre a crise enfrentada pelo país na fronteira com o México.
O pronunciamento acontece em meio à atual paralisação parcial do governo, que começou no último dia 22 de dezembro, e já é a segunda mais longa da história americana.
“Tenho o prazer de informar que me dirigirei à nação sobre a crise humanitária e de segurança nacional na nossa fronteira sul. Terça à noite, às 21h (0h de quarta-feira em Brasília)”, escreveu o presidente americano no Twitter.
O discurso de Trump será seguido por uma visita à fronteira na quinta-feira para destacar a necessidade de erguer uma barreira na região. A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, tuitou que ele usará a visita para “se reunir com os que estão na linha de frente da crise nacional de segurança e humanitária”.
A ênfase na expressão “crise de segurança e humanitária” não é gratuita: o presidente americano cogita declarar emergência nacional para ter os recursos disponíveis para construir o muro na fronteira com o México, contornando assim a resistência dos democratas no Congresso, que se negam a incluir no orçamento os US$ 5,6 bilhões exigidos por Trump para a construção do muro.
Foi o impasse entre Trump e os democratas que levou à paralisação parcial do governo. Ela ocorre quando o Congresso não aprova, ou o presidente se recusa a assinar, a legislação que define o orçamento para financiar as operações e agências do governo federal.
Sem recursos para funcionar, agências de dez departamentos do governo, entre eles Transporte e Justiça, realizam parcialmente suas atividades. Os órgãos são diretamente responsáveis pela segurança na fronteira americana.
Segundo dados do próprio governo, 800 mil dos 2,1 milhões de funcionários federais estão sem receber, uma situação que continuará até que haja acordo para aprovação do orçamento no Congresso.
Com cerca de um quarto do governo federal afetado, a paralisação compromete o desempenho econômico do país. A última paralisação, em 2013, levou o Congresso a gastar US$ 2,5 bilhões com salários atrasados para os trabalhadores dispensados e causou a perda de mais de meio ponto percentual no crescimento econômico dos EUA .
Caso o Congresso não aprove a construção da barreira e Trump use a lei de emergência nacional, o presidente enfrentará desafios legais. “Vamos nos opor a qualquer esforço do presidente para se tornar um rei ou um tirano”, disse o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jerrold Nadler (DN.Y.), durante uma visita à fronteira. “O presidente não tem autoridade para usurpar o poder da Congresso.”
Aprovação em baixa
Ao se dirigir à nação americana nesta terça-feira, Donald Trump espera convencer a população de que só um muro pode solucionar a crise na região, apesar dos democratas considerarem mais eficaz o incremento do atual financiamento de segurança nas fronteiras, o que inclui diversas soluções, desde cercas, paredes de diques à tecnologia de segurança, menos um grande muro de concreto.
Não será fácil. Os argumentos de Trump enfrentam extremo ceticismo por parte da população. Cerca de 57% dos americanos se opõem ao muro de Trump, em comparação com 38% a favor, de acordo com uma pesquisa da CNN de dezembro conduzida pela consultoria SSRS.
E Trump também não está bem na foto. De acordo com o site FiveThirtyEight, que compila pesquisas de popularidade, o atual índice de aprovação de Trump atualmente é de apenas 41%, a menor taxa desde setembro. Sua taxa de desaprovação chega a 54%, que é a mais alta desde setembro.
Fonte: Exame