O Mercado Livre, gigante latino-americano de comércio eletrônico, superou as estimativas dos analistas no segundo trimestre ao registrar um número recorde de usuários no Mercado Pago, sua plataforma de meio de pagamentos. Os números sinalizam que a expansão geográfica da empresa e dos produtos está ganhando velocidade.
A receita líquida do Mercado Livre foi de US$ 5,1 bilhões no período de três meses encerrado em 30 de junho, em comparação com estimativa de US$ 4,7 bilhões, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg. O lucro líquido dobrou em relação ao ano anterior, chegando a US$ 531 milhões, superando os US$ 415 milhões esperados pelos analistas de Wall Street.
O valor bruto das mercadorias (GMV na sigla em inglês), que reúne os dados de vendas on-line, aumentou 20% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 12,6 bilhões no período, com Brasil e México crescendo 36% e 30%, respectivamente, nesse período.
— Essas são taxas de uma startup, na verdade. Após 25 anos, estamos muito animados com esses números e continuamos ganhando participação de mercado nesses países — disse o diretor financeiro, Martin de los Santos, em uma entrevista antes da divulgação do resultado.
Mais Sobre Mercado Livre
Setores industrial e logístico driblam obstáculos e avançam em SP e RJ no 2º tri
Reforma Tributária deve incentivar adesão de motoristas de aplicativos ao Simples
Da receita líquida, US$ 3 bilhões corresponderam ao negócio de comércio eletrônico, enquanto US$ 2,1 bilhões vieram da plataforma de pagamentos Mercado Pago, segundo um comunicado da empresa.
Fundado há 25 anos, o Mercado Livre continuou a expandir para novas áreas, incluindo publicidade e seguros, enquanto consolida seus negócios principais de comércio eletrônico com entrega rápida em vastas regiões e soluções de pagamentos eletrônicos e financeiros em uma região onde o dinheiro ainda predomina em muitos lugares.
Valor de mercado de US$ 80 bi
As ações subiram mais de 35% no último ano e o valor de mercado da empresa, sediada em Montevidéu, no Uruguai, é de cerca de US$ 80 bilhões. Isso só fica atrás da Petrobras como a empresa de capital aberto mais valiosa da América Latina.
Na quinta-feira, as ações do Mercado Livre subiram até 12% nas negociações pós-mercado. A ação tem 25 recomendações de compra e três de manutenção, com um preço-alvo médio de 12 meses de US$ 2.002 por ação.
A Argentina, que foi um fator negativo no primeiro trimestre devido a uma desvalorização como parte das profundas reformas econômicas da administração do presidente Javier Milei, melhorou no período mais recente.
O volume total de pagamentos totalizou US$ 46 bilhões no trimestre e o Mercado Pago ultrapassou a marca de 50 milhões de usuários ativos pela primeira vez. No comércio, os usuários únicos quase atingiram 57 milhões.
1,6 milhão de cartões de crédito
À medida que a empresa busca expandir seus serviços financeiros do Brasil para o México, ela emitiu 1,6 milhão de novos cartões de crédito no trimestre entre os dois países. A carteira de crédito total é de pouco menos de US$ 5 bilhões. Os ativos sob gestão atingiram US$ 6,6 bilhões, impulsionados por contas de alto rendimento na Argentina e no Brasil.
A empresa, que planeia solicitar uma licença bancária no México, tem uma carteira de crédito que ultrapassou US$ 1,5 bilhão no trimestre e é “a maior fintech em termos de usuários ativos mensais” no país, de acordo com uma carta aos acionistas.
O seu negócio de publicidade nascente cresceu 51% em relação ao ano anterior, representando agora 2% do valor bruto de mercadorias (GMV).
Somando-se à desvalorização da Argentina, o real brasileiro e o peso mexicano também foram afetados neste ano, o que aumenta os desafios macroeconômicos de operar na região.
— A tendência secular de as pessoas se deslocarem para a internet e digitalizarem os seus pagamentos e a sua experiência bancária é provavelmente mais forte do que qualquer outra força que jogue contra nós a curto prazo. Na maior parte, estamos muito satisfeitos, apesar dos desafios que enfrentamos — afirmou o diretor financeiro.