Setúbal redesenha o Itaú à sua imagem e semelhança

Os corredores do Itaú informam: a próxima defecção no antigo time do Unibanco terá como protagonista o vice-presidente de cartões de crédito e varejo, Marcio Schettini. Seria a maior queda do Olimpo dos Moreira Salles, que, pouco a pouco, vão assumindo a justa porção que lhes cabe no conglomerado bancário.

Convém ressaltar, entretanto, como dizia Kafka, que a imagem vista dos corredores é estreita e distorcida. Pode ser, mas é sabido que as paredes falam. E falam muito. Nos últimos dias, por exemplo, surgiram informações sobre as possíveis saídas de Marcos Lisboa, responsável pelas áreas de seguros, ouvidoria e riscos internos, e de José Castro Rudge, vice-presidente de comunicação, marketing, pessoas e eficiência. A eventual substituição dos dois executivos seria apenas o antepasto de uma disputa interna por poder, que já começa com um vencedor: Roberto Setúbal. Procurado pelo RR, o Itaú preferiu não se pronunciar. Ao contrário da maldosa campanha feita por valetes do andar de cima do banco e replicada na imprensa, os executivos que estariam prestes a ser rifados não pecam pela falta de competência. Muito pelo contrário. O próprio Schettini, inclusive, sempre foi um dos nomes mais cotados para substituir Roberto Setúbal logo após a sua aposentadoria compulsória, prevista para 2014. Fontes ligadas aos Moreira Salles informam que o motivo de toda a pendenga é singelo: o presidente do Itaú cansou-se da sensação de ser ex-dono. E, como se sabe, cafezinho de ex-dono já vem frio. 

Como sois de ser em se tratando de banqueiros tão aristocráticos, os esgrimistas têm duelado com a maior elegância e fleuma. A retomada do controle da gestão por Roberto Setúbal não está circunscrita apenas a mudanças na diretoria. Envolve também a percepção de que o Itaú estava ficando isolado no jogo da alta política. Na banca nacional, não há nada mais identificado com o tucanato do que os Moreira Salles. É provável que as críticas ao governo destiladas pelo Itaú no mercado e identificadas pelo Palácio do Planalto tenham tido origem na banda de música do Unibanco. Ressalte-se que o banco nega qualquer descontentamento por parte do governo – ver RR edição nº 4.534. O fato, no entanto, é que Roberto Setúbal tem se empenhado pessoalmente em mudar a imagem de instituição oposicionista. Foi se encontrar com as duas maiores divindades políticas do país: Lula e Dilma Rousseff. O resultado das reuniões parece tê-lo animado a seguir em frente na construção de um novo Itaú Unibanco. Talvez o sinal mais emblemático da era que se inicia seja o silêncio dos Moreira Salles. Enquanto Pedro se cala, Roberto fala. De qualquer forma, somente o futuro dirá se a manobra de Setúbal não terá apenas respondido a um capricho do banqueiro. Com a palavra final, os resultados do Itaú.

Fonte: Relatório Reservado

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