Mayke ganha Brasileirão pela 5ª vez e é o maior campeão em pontos corridos

Assim que o árbitro apitou o fim do empate por 1 a 1 entre Cruzeiro e Palmeiras no Mineirão, o lateral-direito Mayke se tornou o maior campeão do Brasileirão desde que a competição mais importante do País passou a ser disputada no formato de pontos corridos. Contestado no passado, o atleta é pentacampeão do torneio nacional. Mayke foi duas vezes campeão pelo Cruzeiro, em 2013 e 2014, e agora três pelo Palmeiras, em 2018, 2022 e 2023.

Mayke não é o único. O ex-atacante Dagoberto também ostenta cinco taças do campeonato. Mas a primeira delas, conquistada com a camisa do Athletico-PR, em 2001, ele ganhou no momento em que o torneio ainda não era disputado na configuração de pontos corridos e, sim, no formato de mata-mata em sua reta final.

Ninguém, portanto, ergueu tantos troféus do Brasileirão desde 2003, primeiro ano com as regras da competição em vigência. O lateral palmeirense já foi zagueiro, ala e até atacante sob o comando de Abel Ferreira. Dos cinco nacionais conquistados pelo Palmeiras no século 21, ele só não fez parte da vitoriosa campanha de 2016, quando o time comandado por Cuca quebrou um jejum de 22 anos.

Mayke foi figura importante na arrancada do Palmeiras, que contou com o definhamento do Botafogo para assumir a ponta e não perdê-la mais. “Nós nunca deixamos de correr atrás do Brasileiro, sabíamos que o Botafogo estava em uma vantagem muito grande, mas nosso elenco tem uma identidade muito forte mentalmente”, comentou o mineiro da pequena Carangola, cidade do interior do Estado.

Na campanha do 11º título brasileiro, em 2022, Mayke já havia tido apresentações consistentes. Foram três gols e uma assistência em 28 partidas. Na trajetória desta temporada, o lateral fez apenas um gol, na goleada de 4 a 1 sobre o Grêmio, no início do certame, mas atuou mais vezes (33 partidas) ao assumir a titularidade e distribuiu mais passes (seis) para seus companheiros irem às redes. Ele é o lateral-direito que deu mais assistências na competição.

O jogador figura no top 100 de atletas com mais partidas pelo Palmeiras, no qual está desde 2017, quando chegou de empréstimo do Cruzeiro. Em seis temporadas e meia, Mayke esteve em campo em 257 jogos. O ano de 2023 foi o melhor de sua vida profissional. Foi este o ano em que ele mais atuou (58 jogos) e mais contribuiu para gols, com oito assistências.

É um dos 16 jogadores da história que conseguiram conquistar Paulistão, Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores pelo clube paulista – os outros são os goleiros Weverton, Jailson, Marcos e Velloso, os zagueiros Luan, Gómez, Vitor Hugo e Cleber, o lateral Marcos Rocha, os meio-campistas Felipe Melo, Lucas Lima, Gustavo Scarpa e Zinho e ainda os atacantes Dudu e Willian Bigode.

Mayke era o camisa 10 do Siderúrgica de Sabará, em Minas Gerais, quando chamou a atenção de olheiros do Cruzeiro em uma Taça BH de Juniores. No time mineiro, ele passou a jogar na lateral-direita e começou a se destacar. Ganhou o Brasileirão pela primeira vez aos 21 anos e o segundo, aos 22, já como um dos protagonistas do time.

O mineiro é reservado e raramente dá entrevistas. Uma de suas paixões é café, produto que produz em seu sítio em Pedra Dourada, cidade de cerca de 3 mil habitantes no interior de Minas.

Como Gustavo Scarpa, Mayke foi vítima de um golpe ao fazer um investimento com a operadora de criptomoedas Xland, sob recomendação da WLJC Consultoria e Gestão Empresarial, empresa de consultoria financeira que pertence a Willian Bigode, um dos jogadores de quem o lateral era mais próximo. Eles romperam a amizade e Mayke tenta reaver, na Justiça, o prejuízo de R$ 4.583.789,31.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Câmaras suspeitam de contratos de prefeituras do Sul de MG com empresa de limpeza pública investigada por fraudes

Pelo menos duas cidades do Sul de Minas enviaram denúncias para o Ministério Público sobre o serviço prestado pela empresa THV Saneamento, de Pouso Alegre (MG), que é alvo de uma ação que apura fraudes em contratos de limpeza pública no interior de SP. Os documentos foram encaminhados pelas câmaras municipais de Jacutinga (MG) e São Gonçalo do Sapucaí (MG).

📲 Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp

As suspeitas se juntam ao caso de Pirassununga (SP), em que uma ação do Ministério Público afastou o prefeito, secretários e funcionários da prefeitura, além de cumprir mandados de busca e apreensão na terça-feira (4). De acordo com o MP, a empresa de limpeza pública de Pouso Alegre teria subornado agentes públicos para ser favorecida em licitações.

Jacutinga

Jacutinga

Em Jacutinga (MG), três moradores e três vereadores enviaram uma denúncia por conta de contrato da prefeitura com a empresa.

Um dos pontos levantados pelo documento que foi entregue ao MP é o valor do aluguel mensal de uma máquina escavadeira por quase R$ 72 mil. O valor acumulado de três meses já daria, segundo a denúncia, para comprar um equipamento.

A câmara chegou a pedir informações sobre o contrato — que tem mais de 600 páginas — antes de fazer a representação. Porém, como a resposta não foi “esclarecedora”, a denúncia foi protocolada.

A EPTV, afiliada TV Globo, entrou em contato com a prefeitura de Jacutinga e o departamento jurídico afirmou que ainda não foi notificado dessas denúncias.

São Gonçalo do Sapucaí

São Gonçalo do Sapucaí

Já em São Gonçalo do Sapucaí (MG), uma CPI foi concluída em agosto deste ano. No relatório final foram apontados mais de 15 crimes de improbidade administrativa envolvendo os contratos do município com a empresa.

Neste caso, chamou a atenção da câmara o valor para podas de árvores no contrato. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a mais de R$ 1,2 milhão.

A Prefeitura de São Gonçalo do Sapucaí informou à EPTV que a CPI foi concluída e enviada ao Ministério Público, e só irá se manifestar após a conclusão da análise do MP.

Operação Calliphora

A Operação Calliphora visa desarticular organização criminosa dedicada desviar recursos em contratos da Prefeitura de Pirassununga, em meio a investigação de crimes de fraude a licitações, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo o apurado pelo Ministério Público, a empresa privada de limpeza pública, que tem sede em Pouso Alegre, teria subornado agentes públicos da cidade de SP, incluindo prefeito e secretários municipais, para ser favorecida em contratos de coleta de lixo, varrição e roçagem e receber recursos públicos em desconformidade com os serviços prestados.

Parte dos repasses de valores teria acontecido, conforme as investigações, mediante “triangulação financeira”, com envolvimento de terceirizados da empresa e contas bancárias de parentes ou pessoas indicadas pelos agentes públicos.

A investigação teve como base análise de diversas provas documentais, interceptações das comunicações telefônicas e telemáticas, além de dados e informações de fontes abertas. O exame do material apreendido e outras diligências darão continuidade às apurações.

A Prefeitura de Pirassununga (SP) afirmou que não tem informações detalhadas do processo que corre em segredo de Justiça e disse também que os serviços municipais vão continuar normalmente.

A EPTV Sul de Minas, afiliada TV Globo, entrou em contato com a empresa, mas até a última atualização desta reportagem não havia retorno.

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

O X pode ir à falência sob o comando de Elon Musk?

O ataque ferino de Elon Musk contra anunciantes que boicotam o X (o antigo Twitter) confundiu os especialistas. Se os anunciantes continuarem saindo e não voltarem, será que a rede social poderá sobreviver?

Em abril, Musk deu uma entrevista para a BBC News — nela, soltou as primeiras de muitas declarações caóticas sobre a aquisição do X.

Ele disse algo bastante revelador, mas que passou despercebido na época.

Ao falar sobre publicidade, Musk disse à época: “Se a Disney se sente confortável em anunciar filmes infantis [no X] e a Apple se sente bem em anunciar iPhones na plataforma, esses são bons indicadores de que o X é um bom lugar para anunciar”.

Sete meses depois, tanto Disney quanto Apple não fazem mais anúncios no X — e Musk usou palavrões para expressar sua reação à mudança de postura das empresas.

As empresas fizeram uma pausa os anúncios depois que uma investigação de uma organização norte-americana, a Media Matters for America, apontou que os anúncios publicitários apareciam ao lado de postagens pró-nazistas.

Em nota, o X desafiou ferozmente o relatório, questionou os métodos de pesquisa e abriu um processo judicial contra a organização.

Numa entrevista inflamada na quarta-feira (29/11), Musk também mencionou a palavra falência, num sinal do quanto o boicote publicitário pode prejudicar os resultados financeiros da empresa.

Para uma empresa que ele comprou por 44 bilhões de dólares (R$ 216 bilhões) no ano passado, a falência pode parecer impensável. Mas é possível.

Para entender por quê, é preciso observar até que ponto o X depende das receitas de publicidade — e por que os anunciantes parecem abandonar a plataforma.

Embora não tenhamos os números mais recentes, no ano passado cerca de 90% da receita do X foi proveniente de publicidade. Esse é o coração do negócio.

Na quarta-feira, Musk foi muito além de insinuações sobre isso.

“Se a empresa falir… Ela vai falir por causa de um boicote dos anunciantes. Será isso que levará a empresa à falência”, disse.

Mark Gay, diretor de clientes da consultoria de marketing da Ebiquity, que trabalha com centenas de empresas, diz que não há sinais de que algum anunciante esteja voltando ao X.

“O dinheiro saiu e ninguém parece ter uma estratégia para reinvestir na plataforma”, aponta ele.

Na sexta-feira (1/12), o gigante varejista Walmart anunciou que também não anunciaria mais no X.

Depois que Musk usou palavras contundentes para reagir a esse movimento dos anunciantes — em que ele mandou as empresas para “aquele lugar” — o empresário ainda fez uma menção direta a uma das empresas.

“Olá, Bob”, disse ele — uma referência ao presidente-executivo da Disney, Bob Iger.

Quando Musk coloca os executivos-chefes “na mira” dessa forma, eles ficam ainda mais reticentes em se envolver com o X, diz Lou Paskalis, da consultoria de marketing AJL Advisory.

Jasmine Enberg, analista principal da consultoria Insider Intelligence, acrescenta: “Não é preciso ser um especialista em mídia social para entender que atacar publicamente e pessoalmente anunciantes e empresas que pagam as contas do X não será bom para os negócios.”

Então o X poderia realmente ir à falência?

Se os anunciantes sumirem para sempre, o que Musk tem de trunfo?

Quando ele foi entrevistado pela BBC News em abril, ficou claro que Musk entendia que as assinaturas no X não substituiriam o dinheiro da publicidade.

“Se você tem um milhão de assinantes por, digamos, 100 dólares (R$ 492) ao ano, isso equivale a US$ 100 milhões. Esse é um fluxo de receita pequeno em relação à publicidade”, estimou ele.

Em 2022, a receita de publicidade do Twitter foi de cerca de US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões). A Insider Intelligence estima que este ano o valor cairá para US$ 1,9 bilhão (R$ 9,3 bilhões).

A empresa tem dois grandes gastos. O primeiro é a conta de pessoal. Musk já cortou X até o osso, ao demitir milhares de funcionários.

A segunda é pagar os empréstimos que Musk contraiu para comprar o Twitter, que totalizam cerca de 13 bilhões de dólares (R$ 64 bilhões). A Reuters informou que a empresa agora tem que pagar cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em pagamentos de juros todos os anos.

Se a empresa não puder bancar os juros dos empréstimos ou pagar o salário dos funcionários, então, sim, o X poderá realmente ir à falência.

Mas esse seria um cenário extremo, que Musk certamente gostaria de evitar.

Musk tem opções. De longe, a coisa mais simples seria investir mais dinheiro — mas parece que ele não quer fazer isso.

Musk poderia tentar renegociar com os bancos, de modo a ter acesso a juros menos onerosos.

Mas se a renegociação não funcionar e os bancos não receberem o dinheiro de volta, então a falência poderá ser a única opção e, nessa altura, os bancos poderão tentar pressionar para uma mudança de gestão da rede social.

“Seria muito confuso e complexo”, diz Jared Ellias, professor da Faculdade de Direito de Harvard, nos EUA. “E seria extremamente desafiador. Criaria muitas notícias porque ele seria constantemente deposto e teria que testemunhar em tribunal.”

Poderia ser terrível para a reputação empresarial de Musk e também teria impacto na forma como o empresário conseguiria obter empréstimos no futuro.

E, num cenário de falência, o X simplesmente sairia do ar?

“Acho isso muito difícil de acreditar nisso”, diz Ellias.

“Se isso acontecesse, seria porque Musk decidiu. Mas, mesmo assim, se ele fizesse isso, os credores teriam a opção de levar a empresa à falência, nomear um administrador e retomar a plataforma”, antevê ele.

O que vem a seguir para Musk?

A solução óbvia para todos estes problemas do X é simplesmente encontrar outro fluxo de receitas — e rápido. Musk certamente está buscando isso.

Ele lançou um novo serviço de chamadas de áudio e vídeo. No mês passado, Musk fez transmissões jogando videogame pela plataforma — ele espera que o X possa competir com aplicativos que já fazem isso, como a Twitch.

Ele quer que o X se torne o “aplicativo de tudo”, que cubra desde bate-papos até pagamentos online.

De acordo com o jornal americano The New York Times, que obteve a apresentação de Musk a investidores no ano passado, o X deveria arrecadar US$ 15 milhões (R$ 73 milhões) a partir de um sistemas de pagamentos ainda em 2023. Ele estimava que esse valor subiria para cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 milhões) em 2028.

O X também possui um enorme banco de dados — e seu vasto arquivo de conversas pode ser usado para treinar robôs. Musk acredita que esses dados são extremamente valiosos.

Então o X ainda tem muito potencial.

Mas, no curto prazo, nenhuma dessas opções preenche o buraco financeiro deixado pela saída dos anunciantes.

É por isso que a resposta ferina de Musk foi tão desconcertante para muitos.

“Não tenho nenhuma teoria para explicar que essas declarações fazem sentido”, diz Paskalis. “Existe um modelo de receita na cabeça [de Musk] que me escapa.”

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

O X pode ir à falência sob o comando de Elon Musk?

O ataque ferino de Elon Musk contra anunciantes que boicotam o X (o antigo Twitter) confundiu os especialistas. Se os anunciantes continuarem saindo e não voltarem, será que a rede social poderá sobreviver?

Em abril, Musk deu uma entrevista para a BBC News — nela, soltou as primeiras de muitas declarações caóticas sobre a aquisição do X.

Ele disse algo bastante revelador, mas que passou despercebido na época.

Ao falar sobre publicidade, Musk disse à época: “Se a Disney se sente confortável em anunciar filmes infantis [no X] e a Apple se sente bem em anunciar iPhones na plataforma, esses são bons indicadores de que o X é um bom lugar para anunciar”.

Sete meses depois, tanto Disney quanto Apple não fazem mais anúncios no X — e Musk usou palavrões para expressar sua reação à mudança de postura das empresas.

As empresas fizeram uma pausa os anúncios depois que uma investigação de uma organização norte-americana, a Media Matters for America, apontou que os anúncios publicitários apareciam ao lado de postagens pró-nazistas.

Em nota, o X desafiou ferozmente o relatório, questionou os métodos de pesquisa e abriu um processo judicial contra a organização.

Numa entrevista inflamada na quarta-feira (29/11), Musk também mencionou a palavra falência, num sinal do quanto o boicote publicitário pode prejudicar os resultados financeiros da empresa.

Para uma empresa que ele comprou por 44 bilhões de dólares (R$ 216 bilhões) no ano passado, a falência pode parecer impensável. Mas é possível.

Para entender por quê, é preciso observar até que ponto o X depende das receitas de publicidade — e por que os anunciantes parecem abandonar a plataforma.

Embora não tenhamos os números mais recentes, no ano passado cerca de 90% da receita do X foi proveniente de publicidade. Esse é o coração do negócio.

Na quarta-feira, Musk foi muito além de insinuações sobre isso.

“Se a empresa falir… Ela vai falir por causa de um boicote dos anunciantes. Será isso que levará a empresa à falência”, disse.

Mark Gay, diretor de clientes da consultoria de marketing da Ebiquity, que trabalha com centenas de empresas, diz que não há sinais de que algum anunciante esteja voltando ao X.

“O dinheiro saiu e ninguém parece ter uma estratégia para reinvestir na plataforma”, aponta ele.

Na sexta-feira (1/12), o gigante varejista Walmart anunciou que também não anunciaria mais no X.

Depois que Musk usou palavras contundentes para reagir a esse movimento dos anunciantes — em que ele mandou as empresas para “aquele lugar” — o empresário ainda fez uma menção direta a uma das empresas.

“Olá, Bob”, disse ele — uma referência ao presidente-executivo da Disney, Bob Iger.

Quando Musk coloca os executivos-chefes “na mira” dessa forma, eles ficam ainda mais reticentes em se envolver com o X, diz Lou Paskalis, da consultoria de marketing AJL Advisory.

Jasmine Enberg, analista principal da consultoria Insider Intelligence, acrescenta: “Não é preciso ser um especialista em mídia social para entender que atacar publicamente e pessoalmente anunciantes e empresas que pagam as contas do X não será bom para os negócios.”

Então o X poderia realmente ir à falência?

Se os anunciantes sumirem para sempre, o que Musk tem de trunfo?

Quando ele foi entrevistado pela BBC News em abril, ficou claro que Musk entendia que as assinaturas no X não substituiriam o dinheiro da publicidade.

“Se você tem um milhão de assinantes por, digamos, 100 dólares (R$ 492) ao ano, isso equivale a US$ 100 milhões. Esse é um fluxo de receita pequeno em relação à publicidade”, estimou ele.

Em 2022, a receita de publicidade do Twitter foi de cerca de US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões). A Insider Intelligence estima que este ano o valor cairá para US$ 1,9 bilhão (R$ 9,3 bilhões).

A empresa tem dois grandes gastos. O primeiro é a conta de pessoal. Musk já cortou X até o osso, ao demitir milhares de funcionários.

A segunda é pagar os empréstimos que Musk contraiu para comprar o Twitter, que totalizam cerca de 13 bilhões de dólares (R$ 64 bilhões). A Reuters informou que a empresa agora tem que pagar cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em pagamentos de juros todos os anos.

Se a empresa não puder bancar os juros dos empréstimos ou pagar o salário dos funcionários, então, sim, o X poderá realmente ir à falência.

Mas esse seria um cenário extremo, que Musk certamente gostaria de evitar.

Musk tem opções. De longe, a coisa mais simples seria investir mais dinheiro — mas parece que ele não quer fazer isso.

Musk poderia tentar renegociar com os bancos, de modo a ter acesso a juros menos onerosos.

Mas se a renegociação não funcionar e os bancos não receberem o dinheiro de volta, então a falência poderá ser a única opção e, nessa altura, os bancos poderão tentar pressionar para uma mudança de gestão da rede social.

“Seria muito confuso e complexo”, diz Jared Ellias, professor da Faculdade de Direito de Harvard, nos EUA. “E seria extremamente desafiador. Criaria muitas notícias porque ele seria constantemente deposto e teria que testemunhar em tribunal.”

Poderia ser terrível para a reputação empresarial de Musk e também teria impacto na forma como o empresário conseguiria obter empréstimos no futuro.

E, num cenário de falência, o X simplesmente sairia do ar?

“Acho isso muito difícil de acreditar nisso”, diz Ellias.

“Se isso acontecesse, seria porque Musk decidiu. Mas, mesmo assim, se ele fizesse isso, os credores teriam a opção de levar a empresa à falência, nomear um administrador e retomar a plataforma”, antevê ele.

O que vem a seguir para Musk?

A solução óbvia para todos estes problemas do X é simplesmente encontrar outro fluxo de receitas — e rápido. Musk certamente está buscando isso.

Ele lançou um novo serviço de chamadas de áudio e vídeo. No mês passado, Musk fez transmissões jogando videogame pela plataforma — ele espera que o X possa competir com aplicativos que já fazem isso, como a Twitch.

Ele quer que o X se torne o “aplicativo de tudo”, que cubra desde bate-papos até pagamentos online.

De acordo com o jornal americano The New York Times, que obteve a apresentação de Musk a investidores no ano passado, o X deveria arrecadar US$ 15 milhões (R$ 73 milhões) a partir de um sistemas de pagamentos ainda em 2023. Ele estimava que esse valor subiria para cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 milhões) em 2028.

O X também possui um enorme banco de dados — e seu vasto arquivo de conversas pode ser usado para treinar robôs. Musk acredita que esses dados são extremamente valiosos.

Então o X ainda tem muito potencial.

Mas, no curto prazo, nenhuma dessas opções preenche o buraco financeiro deixado pela saída dos anunciantes.

É por isso que a resposta ferina de Musk foi tão desconcertante para muitos.

“Não tenho nenhuma teoria para explicar que essas declarações fazem sentido”, diz Paskalis. “Existe um modelo de receita na cabeça [de Musk] que me escapa.”

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

O X pode ir à falência sob o comando de Elon Musk?

O ataque ferino de Elon Musk contra anunciantes que boicotam o X (o antigo Twitter) confundiu os especialistas. Se os anunciantes continuarem saindo e não voltarem, será que a rede social poderá sobreviver?

Em abril, Musk deu uma entrevista para a BBC News — nela, soltou as primeiras de muitas declarações caóticas sobre a aquisição do X.

Ele disse algo bastante revelador, mas que passou despercebido na época.

Ao falar sobre publicidade, Musk disse à época: “Se a Disney se sente confortável em anunciar filmes infantis [no X] e a Apple se sente bem em anunciar iPhones na plataforma, esses são bons indicadores de que o X é um bom lugar para anunciar”.

Sete meses depois, tanto Disney quanto Apple não fazem mais anúncios no X — e Musk usou palavrões para expressar sua reação à mudança de postura das empresas.

As empresas fizeram uma pausa os anúncios depois que uma investigação de uma organização norte-americana, a Media Matters for America, apontou que os anúncios publicitários apareciam ao lado de postagens pró-nazistas.

Em nota, o X desafiou ferozmente o relatório, questionou os métodos de pesquisa e abriu um processo judicial contra a organização.

Numa entrevista inflamada na quarta-feira (29/11), Musk também mencionou a palavra falência, num sinal do quanto o boicote publicitário pode prejudicar os resultados financeiros da empresa.

Para uma empresa que ele comprou por 44 bilhões de dólares (R$ 216 bilhões) no ano passado, a falência pode parecer impensável. Mas é possível.

Para entender por quê, é preciso observar até que ponto o X depende das receitas de publicidade — e por que os anunciantes parecem abandonar a plataforma.

Embora não tenhamos os números mais recentes, no ano passado cerca de 90% da receita do X foi proveniente de publicidade. Esse é o coração do negócio.

Na quarta-feira, Musk foi muito além de insinuações sobre isso.

“Se a empresa falir… Ela vai falir por causa de um boicote dos anunciantes. Será isso que levará a empresa à falência”, disse.

Mark Gay, diretor de clientes da consultoria de marketing da Ebiquity, que trabalha com centenas de empresas, diz que não há sinais de que algum anunciante esteja voltando ao X.

“O dinheiro saiu e ninguém parece ter uma estratégia para reinvestir na plataforma”, aponta ele.

Na sexta-feira (1/12), o gigante varejista Walmart anunciou que também não anunciaria mais no X.

Depois que Musk usou palavras contundentes para reagir a esse movimento dos anunciantes — em que ele mandou as empresas para “aquele lugar” — o empresário ainda fez uma menção direta a uma das empresas.

“Olá, Bob”, disse ele — uma referência ao presidente-executivo da Disney, Bob Iger.

Quando Musk coloca os executivos-chefes “na mira” dessa forma, eles ficam ainda mais reticentes em se envolver com o X, diz Lou Paskalis, da consultoria de marketing AJL Advisory.

Jasmine Enberg, analista principal da consultoria Insider Intelligence, acrescenta: “Não é preciso ser um especialista em mídia social para entender que atacar publicamente e pessoalmente anunciantes e empresas que pagam as contas do X não será bom para os negócios.”

Então o X poderia realmente ir à falência?

Se os anunciantes sumirem para sempre, o que Musk tem de trunfo?

Quando ele foi entrevistado pela BBC News em abril, ficou claro que Musk entendia que as assinaturas no X não substituiriam o dinheiro da publicidade.

“Se você tem um milhão de assinantes por, digamos, 100 dólares (R$ 492) ao ano, isso equivale a US$ 100 milhões. Esse é um fluxo de receita pequeno em relação à publicidade”, estimou ele.

Em 2022, a receita de publicidade do Twitter foi de cerca de US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões). A Insider Intelligence estima que este ano o valor cairá para US$ 1,9 bilhão (R$ 9,3 bilhões).

A empresa tem dois grandes gastos. O primeiro é a conta de pessoal. Musk já cortou X até o osso, ao demitir milhares de funcionários.

A segunda é pagar os empréstimos que Musk contraiu para comprar o Twitter, que totalizam cerca de 13 bilhões de dólares (R$ 64 bilhões). A Reuters informou que a empresa agora tem que pagar cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em pagamentos de juros todos os anos.

Se a empresa não puder bancar os juros dos empréstimos ou pagar o salário dos funcionários, então, sim, o X poderá realmente ir à falência.

Mas esse seria um cenário extremo, que Musk certamente gostaria de evitar.

Musk tem opções. De longe, a coisa mais simples seria investir mais dinheiro — mas parece que ele não quer fazer isso.

Musk poderia tentar renegociar com os bancos, de modo a ter acesso a juros menos onerosos.

Mas se a renegociação não funcionar e os bancos não receberem o dinheiro de volta, então a falência poderá ser a única opção e, nessa altura, os bancos poderão tentar pressionar para uma mudança de gestão da rede social.

“Seria muito confuso e complexo”, diz Jared Ellias, professor da Faculdade de Direito de Harvard, nos EUA. “E seria extremamente desafiador. Criaria muitas notícias porque ele seria constantemente deposto e teria que testemunhar em tribunal.”

Poderia ser terrível para a reputação empresarial de Musk e também teria impacto na forma como o empresário conseguiria obter empréstimos no futuro.

E, num cenário de falência, o X simplesmente sairia do ar?

“Acho isso muito difícil de acreditar nisso”, diz Ellias.

“Se isso acontecesse, seria porque Musk decidiu. Mas, mesmo assim, se ele fizesse isso, os credores teriam a opção de levar a empresa à falência, nomear um administrador e retomar a plataforma”, antevê ele.

O que vem a seguir para Musk?

A solução óbvia para todos estes problemas do X é simplesmente encontrar outro fluxo de receitas — e rápido. Musk certamente está buscando isso.

Ele lançou um novo serviço de chamadas de áudio e vídeo. No mês passado, Musk fez transmissões jogando videogame pela plataforma — ele espera que o X possa competir com aplicativos que já fazem isso, como a Twitch.

Ele quer que o X se torne o “aplicativo de tudo”, que cubra desde bate-papos até pagamentos online.

De acordo com o jornal americano The New York Times, que obteve a apresentação de Musk a investidores no ano passado, o X deveria arrecadar US$ 15 milhões (R$ 73 milhões) a partir de um sistemas de pagamentos ainda em 2023. Ele estimava que esse valor subiria para cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 milhões) em 2028.

O X também possui um enorme banco de dados — e seu vasto arquivo de conversas pode ser usado para treinar robôs. Musk acredita que esses dados são extremamente valiosos.

Então o X ainda tem muito potencial.

Mas, no curto prazo, nenhuma dessas opções preenche o buraco financeiro deixado pela saída dos anunciantes.

É por isso que a resposta ferina de Musk foi tão desconcertante para muitos.

“Não tenho nenhuma teoria para explicar que essas declarações fazem sentido”, diz Paskalis. “Existe um modelo de receita na cabeça [de Musk] que me escapa.”

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Maceió: área de mina registra novo tremor e aumenta risco de colapso

A área da mina 18 da Braskem, em Maceió, registrou um novo tremor na madrugada deste sábado (2/12). Em nota, a Defesa Civil, afirmou que foi registrado um abalo sismo com magnitude de 0,89 a cerca de 300 metros de profundidade.

O deslocamento vertical acumulado da mina, localizada no antigo campo de futebol do CSA, no bairro de Mutange, é de 1,56 cm e velocidade de 0,7 cm por hora. Nas últimas 24 horas, com base em análises sísmicas, foi identificado que a região registrou movimento de 13 cm. A mina, de exploração de sal-gema, pode colapsar a qualquer momento, já que existe um aumento significativo de movimentação da mina 18, deixando a população maceioense em alerta.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, informou o órgão, em nota divulgada na manhã deste sábado.

O governo federal autorizou o reconhecimento do estado de emergência em Maceió, por 180 dias, em razão do afundamento da mina. Até o momento, 14 mil imóveis foram desocupados, afetando 55 mil pessoas.

Conforme o Correio mostrou hoje mais cedo, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse, ontem, que a petroquímica Braskem será responsabilizada civil e criminalmente pelo problema. Ele afirmou que a União está atuando para minimizar os impactos da tragédia e ressaltou que a empresa deverá pagar por todo prejuízo ambiental e financeiro causado.

“O governo federal enxerga que a gente tem que ter esforços para trabalhar pela solução. Agora, quem deve pagar pelo dano é a Braskem. Ninguém deve se responsabilizar por isso. Nem para o governo federal, nem para o governo do estado, nem para a prefeitura”, disse a jornalistas.

O problema se deu na extração do sal-gema na região, que começou no início da década de 1970. O minério é utilizado para fabricar soda cáustica e PVC. Os primeiros problemas de rachadura das minas ocorreram em fevereiro de 2018. Em março daquele ano, ocorreu um tremor considerado grave, que atingiu as crateras no solo e atingiu estruturas de imóveis dos moradores da proximidade.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Minas em Maceió: infográficos mostram detalhes do risco de colapso

O governo federal decidiu se envolver para tentar solucionar o problema que atinge parte de Maceió, por conta do risco iminente do colapso de uma mina de sal-gema. A cidade está em situação de emergência por 180 dias. Há risco de tremores de terra. Até o momento, 14 mil imóveis foram desocupados, afetando 55 mil pessoas.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse, ontem, que a petroquímica Braskem será responsabilizada civil e criminalmente pelo problema. Ele afirmou que a União está atuando para minimizar os impactos da tragédia e ressaltou que a empresa deverá pagar por todo prejuízo ambiental e financeiro causado.

“O governo federal enxerga que a gente tem que ter esforços para trabalhar pela solução. Agora, quem deve pagar pelo dano é a Braskem. Ninguém deve se responsabilizar por isso. Nem para o governo federal, nem para o governo do estado, nem para a prefeitura”, disse a jornalistas.

O problema se deu na extração do sal-gema na região, que começou no início da década de 1970. O minério é utilizado para fabricar soda cáustica e PVC. Os primeiros problemas de rachadura das minas ocorreram em fevereiro de 2018. Em março daquele ano, ocorreu um tremor considerado grave, que atingiu as crateras no solo e atingiu estruturas de imóveis dos moradores da proximidade.

mapa mutange maceio

A prefeitura montou uma força-tarefa emergencial para acolher as famílias que desejarem abrigo pela redondeza. Também foram providenciados alimentação, água, colchões, além de ônibus e caminhões para transporte e mudança. O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), informou que irá cobrar a petroquímica pelo ocorrido. “O dano ambiental foi realizado pela Braskem, que é uma das maiores empresas do Brasil, uma empresa multinacional. Ela tem que pagar esse dano e tem que ser responsabilizada civilmente e criminalmente”, disse.

Nesta semana, a Defesa Civil emitiu um alerta para o risco iminente de colapso de uma das minas na região do antigo campo de futebol do CSA. Segundo o órgão, a mina pode colapsar a qualquer momento. Técnicos mostram um aumento significativo na movimentação do solo na mina 18, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole — crateras caracterizadas pelo vazio da superfície, que podem ocorrer no solo quando não se conhece a fundo a composição e especificidades ao construir.

Em agosto de 2019, o Ministério Público Federal conseguiu a condenação da Braskem para adoção de medidas de segurança, após uma ação civil pública. A empresa foi obrigada a executar um plano de fechamento de minas e adotar uma série de medidas de segurança e a obrigou a paralisar a perfuração de novos poços de exploração do minério.

O local foi desocupado e a Defesa Civil recomenda que pessoas e embarcações evitem transitar nas proximidades. Seis escolas da rede pública de Maceió foram equipadas para abrigar pessoas que tiveram de sair de suas casas e três instituições de ensino estão de sobreaviso. Os abrigos também vão receber animais de estimação.

Emergência

Em nota, a Defesa Civil de Maceió afirmou que o deslocamento vertical da mina permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso. “Estudos mostram um aumento significativo na movimentação do solo na Mina 18, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole (vazios de superfície que podem ocorrer no solo)”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que entrou em contato com o Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, solicitando alerta da Defesa Civil Nacional para acompanhar o caso. Ele informou que solicitou a edição de medida provisória para proporcionar à Prefeitura de Maceió condições melhores de atendimento.

“A grave crise ambiental, humana e estrutural em Maceió precisa de um amparo urgente do governo federal. Solicitei aos órgãos responsáveis a viabilização de recursos e a edição de medida provisória que garantam à prefeitura de Maceió condições de atendimento aos moradores”, afirmou, via redes sociais.

Presidente em exercício, Geraldo Alckmin afirmou que a Braskem será responsabilizada pelo dano. Ele informou que representantes do governo acompanham a situação na cidade. “Os técnicos do Serviço Geológico do Brasil e da Defesa Civil Nacional, dos três níveis de governo, monitoram, ininterruptamente, a situação da área afetada, para minimizar os danos causados pelo afundamento dos bairros atingidos e garantir a segurança da população”, disse, por meio do X (antigo Twitter).

O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) destacou ter enviado um pedido a Alckimin, para que o governo federal faça um aporte financeiro emergencial para o município. O parlamentar disse que não há nesse aporte valor ou formato definidos e que tem como objetivo é solucionar o déficit habitacional calculado de 20 mil pessoas na região afetada pela crise.

Por meio de nota, a empresa petroquímica afirmou que “continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18” e que está “tomando todas as medidas cabíveis para a minimização do impacto de possíveis ocorrências”. A Braskem frisou que o monitoramento está sendo realizado com equipamentos de última geração, para garantir a detecção de qualquer movimentação no solo da região.

Suspensão de atividades

O Ministério Público Federal junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu, ontem, a suspensão imediata da exploração mineral em Maceió. A representação, assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, aponta que o risco de colapso é “alarmante” e apresenta “alto risco para a integridade da população”.

Ele argumenta que o problema ameaça causar “vultosos danos materiais ao patrimônio público e privado da região” e solicita que órgãos competentes da União e a Petrobras intervenham junto a empresa para a “suspensão imediata de todas as atividades de exploração além da adoção de medidas emergenciais destinadas a impedir ou minimizar danos ora vislumbrados”.

Durante a semana, o Ministério Público Federal acompanhou presencialmente as providências adotadas pelo Sistema de Defesa Civil em Maceió, em decorrência do agravamento da situação. As Defesas Civis Nacional, do Estado e de Maceió esclareceram os dados já coletados que indicam o risco de dolinamento pontual na mina 18 e que esta movimentação não tem apresentado impacto nas demais áreas do mapa e nem nas adjacências.

A reunião foi considerada essencial pelo MPF. “Essa união entre Estado e Município, com participação da Defesa Civil Nacional, é o mais importante neste momento. Os maceioenses precisam de apoio e de confiança. As divergências políticas devem ser superadas. É hora de arregaçar as mangas e contribuir com o que cada um tem para dar”, informou o órgão.

Gabinete de crise

O município também criou um Gabinete de Crise para acompanhar a gravidade da situação. A ação caminha em conjunto às secretarias de Saúde, Educação, Limpeza Urbana, Infraestrutura, Segurança Cidadã, Causa Animal, Desenvolvimento Sustentável, Habitação e Departamento de Transporte e Trânsito.

O coordenador do grupo, Claydson Mourinha, aconselhou que as pessoas deixem as casas antes que ocorra uma tragédia. “Não sabemos se o colapso será daqui a pouco ou no final do dia, mas já se sabe que vai colapsar e não sabemos a proporção. Não precisamos de pânico, o que precisamos efetivamente é contar com a colaboração das pessoas”, disse.

Aos órgãos de controle e de segurança, o gabinete encaminhou um ofício à força-tarefa dos bairros afundados, composto por representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPAL), Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE), além dos comandos da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Polícia Militar de Alagoas (PMAL), Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Equatorial Energia Alagoas e Algás.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), disse que o foco é evitar qualquer morte. “Esse é um momento de união, é um momento de preservar vidas. Depois do nosso plano de contingência já houve evacuação das pessoas e é importante dizer que não podemos cair em fake news. O mais importante é o trabalho preventivo, mas a cidade está preparada. Estamos acompanhando todas as atualizações que medem os tipos de afundamento, e as pessoas que estão nas bordas da nossa cidade estão sendo acompanhadas”, afirmou.

Na avaliação do geógrafo William Passos, doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o local não é seguro para voltar a ser habitado. “O ideal é que áreas de antigas minas de sal-gema sejam permanentemente isoladas e que haja um controle efetivo para evitar qualquer tipo de ocupação futura. Sem estudos geológicos mais detalhados não seria prudente arriscar qualquer tipo de dimensionamento da situação das terras dos poços de Maceió”, apontou.

* Estagiária sob a supervisão de Luana Patriolino

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Cristiano Ronaldo é processado nos Estados Unidos

O atacante Cristiano Ronaldo, do Al-Nassr (SAU), é alvo de um processo nos Estados Unidos por participar de uma publicidade da Binance, empresa de criptomoedas da China. Segundo a BBC, o gajo sofreria um prejuízo de 915 milhões de euros (R$ 4,9 bilhões) na ação. A emissora, no entanto, não identificou os responsáveis por mover o processo.

Cristiano Ronaldo, ao participar da propaganda, teria levado os requerentes a perder dinheiro, acrescentam os britânicos. O craque do time saudita e a Binance ainda não se pronunciaram sobre o assunto.

A parceria teve início em 2022. Na época, a Binance lançou um conjunto de tokens com a marca de Cristiano Ronaldo. O mais barato estava avaliado em 77 dólares (R$ 379). Depois de um ano, porém, valia cerca de um dólar (R$ 4,9), com o astro português emprestando sua imagem para promover a empresa de criptomoedas.

O post Cristiano Ronaldo é processado nos Estados Unidos apareceu primeiro em Jogada 10 | Últimas notícias de Futebol.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Pessoas com deficiência são barradas ao viajar com cão-guia e cadeira de rodas em apps de transporte, ônibus e avião

O representante de vendas Darley Oliveira, de 29 anos, pede um carro pelo aplicativo Uber para ir ao cabeleireiro.

O motorista aceita e se dirige ao local onde ele está. Mas, ao perceber que o jovem estava acompanhado da cadela Clark, diz que não vai levá-lo.

Darley, no entanto, é uma pessoa com deficiência visual e estava com sua cão-guia.

Ele diz que explicou a situação ao motorista e que ouviu de volta que o profissional “perderia o dia” caso aceitasse a viagem.

O motorista, segundo Darley, teria feito uma referência ao tempo que teria de ficar parado limpando uma possível sujeira causada pela queda de pelos do cachorro.

Após ouvir a negativa, Darley passou a filmar o motorista e disse que iria denunciá-lo.

Nas imagens, o profissional do aplicativo aparece dizendo: “Denuncia. Tchau”, enquanto arranca com o carro.

A ação também foi gravada por câmeras de segurança do prédio onde Darley mora. Elas foram anexadas ao processo que ele abriu contra o motorista e a Uber.

A empresa foi condenada em primeira instância a pagar uma indenização por daos morais no valor de R$ 10 mil. Ainda cabe recurso.

Este é o segundo processo que Darley move contra a empresa pelo mesmo motivo.

No primeiro caso, ocorrido em 2020, ele venceu a ação contra a Uber em primeira instância, perdeu na segunda instância e diz que agora vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O motorista foi condenado a fazer um ano de trabalho voluntário em uma instituição voltada para pessoas com deficiência visual.

Procurada, a Uber informou que “não tolera qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app”.

O aplicativo informou ainda que tem como política o respeito à legislação “que rege o transporte de pessoas com deficiência e acomodem cães de serviço”.

A Uber, no entanto, não respondeu aos questionamentos sobre o caso de Darley.

Em uma página dedicada à política para animais de serviço, a empresa informa que “os motoristas parceiros que apresentarem comportamentos discriminatórios e violarem essas obrigações legais perderão o acesso ao app de parceiro”.

Casos como o de Darley não são incomuns, de acordo com outras pessoas com deficiência ouvidas pela reportagem e advogadas especializadas em atender esse público.

A advogada Dandara Piani está à frente de ao menos dez processos que tratam de descriminação contra pessoas com deficiência.

“Só de impedir esse acesso da pessoa acompanhada de seu cão-guia já configura discriminação. Não precisa ter o dolo. Basta a negativa ou a ausência de inclusão dessa pessoa”, diz Piani.

“O cão-guia é uma extensão dos olhos da pessoa com deficiência e esse dever é garantido em todo o país pela chamada Lei do Cão-Guia, de 2005.”

Um trecho desta lei diz que “é assegurado a? pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo”.

Ao contrário do cão-guia, o motorista de aplicativo pode se negar a transportar um animal de estimação comum.

O passageiro que quiser fazer uma viagem com seu bicho em um transporte por aplicativo, como Uber ou 99, deve negociar previamente com o motorista em que condições isso será feito.

O mais comum, segundo passageiros, é que os motoristas peçam para que o animal esteja em uma caixa de transporte ou enrolado em um pano para evitar que ele espalhe pelos ou urine no veículo.

No caso da pessoa com cão-guia, no entanto, os motoristas são obrigados a aceitar o animal em todas as corridas – e não cabe fazer exigências.

Isso porque um cão-guia não pode ser comparado a um animal de estimação em nenhum ambiente e não pode ser vetado nem mesmo em restaurantes, explica a advogada Dandara Piani.

Ela orienta que, em casos de desrespeito à Lei do Cão-Guia, a pessoa com deficiência deve registrar a recusa em vídeo, áudio ou texto.

Ainda há a possibilidade de solicitar imagens da câmera de segurança da rua ou prédio onde a pessoa estava para provar que sofreu descriminação.

Um motorista de aplicativo ouvido pela reportagem, que pediu para não ser identificado, disse já ter negado corrida de uma pessoa acompanhada por cão-guia.

Ele diz que passou a fazer isso depois que um animal de grande porte, “um labrador ou golden (retriever)”, conta o motorista, deixou muitos pelos em seu banco.

“Isso quebra a gente, de verdade. Porque nenhum outro passageiro quer entrar em um carro cheio de pelo de cachorro”, diz o motorista.

“Fora que a lavagem demora pelo menos uma hora e ainda pago pelo menos R$ 150 quando preciso higienizar os bancos. Sabe quem fica com o prejuízo? Eu.”

Na última semana, Darley teve mais uma corrida negada por estar com seu cão-guia. Ele mandou os prints da mensagem que trocou com uma motorista da 99.

No início da mensagem, ele avisa que tem deficiência visual e pede para que buzine quando chegar. Ela confirma e, minutos depois, pergunta: “Você está com cachorro?”

Darley responde que sim e que é o cão-guia dele e afirma que ela é obrigada por lei a transportá-los. E diz que o cão é comportado. A motorista não responde e cancela a corrida.

Procurada, a 99 informou que “lamenta profundamente o ocorrido e, assim que o relato foi registrado em sua Central de Segurança, a motorista foi preventivamente bloqueada”.

A empresa disse ainda que “uma equipe está em contato com o passageiro para realizar o acolhimento e suporte. A plataforma se coloca à disposição para colaborar com quaisquer investigações das autoridades, se necessário”.

Darley consultou a advogada e estuda se vai processar a plataforma e a motorista pela situação.

Cão-guia no avião

Assim como nos carros de aplicativo, as companhias aéreas não podem proibir a presença de cão-guia na cabine, explica a advogada Dandara Piani.

Segundo o levantamento mais recente da União Nacional de Usuários de Cão-Guia, há 159 cães-guia em atividade no Brasil.

Spencer Miranda é uma das pessoas que conta com a assistência destes animais e conta que enfrentou problemas quando precisou fazer uma viagem sozinho de Brasília para São Paulo em julho de 2022.

Segundo ele, a Latam negou três vezes no mesmo dia que ele viajasse com seu cão-guia, o Wade.

“Falaram que eu tinha que avisar com antecedência sobre a presença do cão-guia, mas isso não é exigido por nenhuma lei federal, estadual ou portaria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, afirma Spencer.

A Anac orienta que a pessoa com deficiência avise com antecedência que viajará com cão-guia, mas reforça que a ausência desse comunicado não deve impedir o embarque.

“O Wade enxerga por mim. Convivo com ele mais do que com qualquer outra pessoa, cônjuge, familiar ou amigo”, diz Spencer.

“Quando fico sem ele, parece que está faltando um pedaço do meu corpo e, com certeza, ele sente o mesmo.”

Spencer diz ainda que a companhia pediu que ele preenchesse um formulário exigido a pessoas com deficiência que precisam levar equipamentos no voo, como cilindros de oxigênio.

Eles ainda pediram um laudo do oftalmologista para atestar a deficiência dele e outro emitido por um veterinário para provar que o cão-guia está com as vacinas em dia e atende a todos os requisitos sanitários para voar na cabine com outros passageiros.

Ele diz que conseguiu as autorizações e voltou ao aeroporto algumas horas depois para pegar o próximo voo disponível.

No entanto, conta Spencer, mais uma vez a companhia negou o embarque alegando que ele deveria ter avisado com dez dias de antecedência.

“Ninguém merece passar por isso. É uma situação indescritível. A gente está dentro da lei, tem tudo certinho. É uma sensação de impotência muito grande”, diz Spencer.

Ele processou a companhia aérea, que foi condenada em primeira instância a pagar uma indenização por danos morais de R$ 20 mil. Ainda cabe recurso.

A reportagem questionou a Latam sobre o caso, mas a empresa disse em nota que “se manifestará nos autos do processo”.

Em seu site oficial, a companhia diz que “você pode viajar com seu cão de serviço na cabine do avião sem custo adicional em todas as nossas rotas, exceto quando houver restrição pelas normas locais”.

Ela recomenda que a solicitação seja feita “com no mínimo 48 horas de antecedência”.

Procurada, a Anac informou que passageiros com cadeira de rodas ou cão-guia devem informar à companhia aérea sobre suas necessidades específicas quando comprarem a passagem ou com pelo menos 72 horas antes do voo.

Também podem ser solicitados outros cuidados médicos especiais, como o uso de maca, oxigênio ou outro equipamento.

Em todos esses casos, segundo a Anac, “é necessário apresentar documentos médicos comprobatórios, e a empresa solicitará o preenchimento de um formulário padrão chamado Formulário de Informações Médicas (MEDIF) fornecido pela empresa aérea”.

A agência, no entanto, informou que “a ausência das informações sobre a necessidade de assistência especial dentro dos prazos especificados não deve inviabilizar o transporte do passageiro”, caso ele aceite ser “transportado com as assistências que estiverem disponíveis”.

A agência disponibiliza uma página com todos os detalhes para quem precisa solicitar cuidados especiais para a viagem.

O cão-guia, segundo a Anac deve ser transportado de graça, no chão da cabine da avião, ao lado do dono e sob seu controle, “equipado com arreio e dispensado o uso de focinheira”.

A portaria da Anac ainda prevê que o cão não pode obstruir, de maneira total ou parcial, o corredor da aeronave.

Recusa de transportar cadeiras de rodas

Assim como os deficientes visuais, cadeirantes disseram à BBC News Brasil que também têm corridas recusadas por motoristas de aplicativo.

Nesses casos, a principal justificativa, segundo os passageiros com deficiência, é que a cadeira de rodas não cabe no veículo.

“De fato, alguns carros não têm porta-malas espaçoso e podem fazer a recusa. Mas os outros não podem negar”, explica a advogada Dandara Piani.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, n° 13.146, prevê que “o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.

Dessa maneira, o motorista não pode cancelar uma corrida pelo fato de a pessoa ser cadeirante.

Essa lei já foi usada como argumento em ações contra motoristas e aplicativos de corrida que se recusaram a transportar cadeirantes mesmo quando o porta-malas do veículo comportava a cadeira.

Em um desses casos, a empresa foi condenada a pagar uma indenização de R$ 1 mil por danos morais.

“Não havendo justo motivo para o cancelamento, somado com os depoimentos das testemunhas em audiência de instrução, entendo que a ré praticou ato ilícito classificado como indenizável”, diz um trecho da sentença.

O designer gráfico e estudante de direito Leandro Manger, de 31 anos, vive no município catarinense de Rancho Queimado e diz que constantemente tem corridas negadas por motoristas de aplicativo que se recusam a levar sua cadeira de rodas.

Mas diz que não entrou com nenhum processo por conta da dificuldade de provar o motivo do cancelamento.

Ele conta que já passou por situações humilhantes não apenas nos serviços de aplicativos, mas também no transporte público, por “má vontade e preconceito”.

“Há alguns anos, eu precisei levar meu computador para arrumar na cidade vizinha e o motorista do ônibus não quis me transportar”, conta.

“Entre as desculpas, ele falou que o bagageiro estava cheio, depois falou que eu não poderia levar um computador na cabine e, quando viu que eu tinha passe livre, disse que a empresa não poderia aceitar aquilo porque teria prejuízo.”

Leandro teve que esperar outro ônibus e só conseguiu viajar horas depois. Depois disso, ele conta que fez uma reclamação na empresa e que o motorista foi orientado a levá-lo nas próximas viagens.

“Desde então, sempre que eu precisava pegar ônibus com esse motorista, ele ficava conversando em voz alta com o fiscal que o passe livre – que eu tinha – não deveria existir. Ele falava para me atingir mesmo”, relata.

Ele conta que, na época, não processou o profissional e a empresa porque não tinha conhecimento dos direitos dele.

No entanto, isso o inspirou a estudar e entrar em uma área na qual ele pudesse ajudar pessoas que passam por situações semelhantes. Hoje, Leandro é estudante de Direito.

“Essas situações com certeza me inspiraram a aprender a lutar não só por mim, mas também por outras pessoas”.

O que pode ser feito

Na ação que move contra a Uber, Darley Oliveira diz que não busca apenas uma condenação da empresa, mas também deseja que a empresa altere sua comunicação com os motoristas.

“O aplicativo precisa dizer que o cão-guia vai no assoalho, que ele é dócil e não é um pet comum. Tem pessoas com mais de 20 mil corridas que nunca levaram um cão-guia”, afirma Darley.

“Mesmo que o carro seja dele, o motorista precisa saber que não está fazendo um favor ao carregar um cão-guia, mas sim respeitando a lei. O problema é que o aplicativo não lembra ele disso.”

Por isso, acredita que empresas deste tipo deveriam fazer um trabalho melhor para orientar os prestadores de serviço.

“O carro é deles, tudo bem, mas eles não conseguem entender que estão prestando um serviço público”, diz Darley.

“O que deve haver é uma melhor orientação e punição das empresas para que os motoristas sejam expulsos da plataforma em caso de descumprimento da lei.”

A advogada Kátia Bunn diz que já atendeu “inúmeros” casos relacionados a pessoas com deficiência. As ações vão desde empresas aéreas, estudantes sem transporte para estudar a faculdades sem acessibilidade.

Segundo ela, as penas para quem discrimina uma pessoa com deficiência depende da situação.

“O autor da ofensa pode receber desde uma sanção criminal, até uma ação por danos morais e materiais. Essas atitudes dilaceram e impactam fortemente a vida da vítima”, diz Bunn.

A advogada diz que, embora existam leis que defendam as pessoas com deficiência, elas não são aplicadas de maneira eficaz.

Para ela, o Brasil ainda precisa conscientizar as pessoas para que elas reconheçam as pessoas com deficiência como legítimos cidadãos.

A advogada Dandara Piani acredita que casos como os de Darley e Spencer ainda ocorrerão muitas vezes esse no Brasil porque as penas aos infratores são baixas, diferentemente do que ocorre em outros países.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Uber foi condenada a pagar uma indenização no valor de R$ 1,1 milhão de dólares (R$ 5,5 milhões) após uma passageira ter 14 corridas negadas por estar com seu cão-guia.

“Por conta dos valores baixos (aplicados no Brasil), a gente não vê mudanças nas políticas para tornar mais efetiva a comunicação para os motoristas de que eles são obrigados a levar o cão-guia”, diz Piani.

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Vandalismo que mata: destruição e furtos de bens públicos causam acidentes com vítimas no Rio

O silêncio da madrugada de 16 de janeiro de 2021 foi interrompido às 5h, por um forte barulho na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo. A dona de casa Raquel Ribeiro, moradora do bairro Porto da Madama, lembra de ter se levantado correndo, achando que “um caminhão tivesse batido em um carro”. Ao chegar na sacada, surpreendeu-se ao ver que uma moto tinha passado por um bueiro destampado e que o seu condutor estava caído na calçada. Horas antes do acidente, a tampa metálica havia sido furtada, de acordo com a prefeitura. A vítima do vandalismo foi o tatuador e grafiteiro Leonardo da Conceição Pessanha, o Leo Pakato, que morreu aos 41 anos, deixando mulher e filha, que tinha 10 anos à época.

Vandalismo que envergonha: depredações custam mais de R$ 220 milhões no Rio A reciclagem de um crime: do fio de cobre ao bueiro, o caminho percorrido pelos metais furtados

2 de 6 Leo Pakato morreu aos 41 anos, ao passar com sua moto sobre bueiro destampado na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo — Foto: Reprodução / Facebook / Fundação de Arte de Niterói Leo Pakato morreu aos 41 anos, ao passar com sua moto sobre bueiro destampado na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo — Foto: Reprodução / Facebook / Fundação de Arte de Niterói

No segundo dia da série de reportagens “Um crime contra todos”, mostramos que o vandalismo mata, de inocentes, como Leo, até responsáveis pela depredação. Em geral, os autores são enquadrados nos crimes de dano e/ou furto, e a pena branda acaba não coibindo a prática, segundo o criminalista Carlos Fernando Maggiolo, professor de Direito Penal. Outro desafio é identificar o criminoso.

A morte de Leo Pakato, reconhecido “pela perfeição de seus traços, tanto nos desenhos, tatuagens quanto em seus grafites” — conforme descreveu a Fundação de Arte de Niterói, em nota de pesar divulgada à época de sua morte — ainda machuca quem o amava, como a viúva Michele Moreira, que prefere não relembrar o episódio.

Ad

Denúncia anônima: Parceria permitirá ao Disque Denúncia receber informações sobre vandalismo, furtos e roubos a ônibus

— Ainda é desconfortável para mim — diz ela, que move ação na Justiça contra o município e a Cedae. Segundo o escritório de advocacia que a defende, uma prova pericial poderá apontar de quem era a responsabilidade pelo equipamento.

A prefeitura de São Gonçalo alega que a reposição da tampa cabia a uma concessionária de telefonia, e que “não comenta processos judiciais em andamento”. A nova tampa tem a inscrição “águas pluviais”. Já a Cedae diz que foi comprovado que se tratava de caixa de empresa de telefonia. Segundo a Polícia Civil, a “investigação está em andamento na 73ª DP (Neves) e é acompanhada pelo Ministério Público”.

3 de 6 Bueiro que teve tampa furtada em 2021, em São Gonçalo: na ocasião, Leo Pakato morreu depois de cair de moto ao passar sobre o buraco — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo Bueiro que teve tampa furtada em 2021, em São Gonçalo: na ocasião, Leo Pakato morreu depois de cair de moto ao passar sobre o buraco — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Ad

Veja publicações: Prefeito do Rio usa redes sociais para denunciar vandalismo na cidade

Conforme o município, são realizadas cerca de 60 substituições de tampas de bueiros e ralos de ferro mensalmente, com custo de R$ 17 mil.

O vandalismo também transforma em vítima quem precisa reparar o que foi destruído. Em abril de 2022, Ricardo de Jesus, colaborador da Rioluz, morreu na estação Leila Diniz, do BRT, em Curicica. De acordo com a empresa, ele fazia a “manutenção de uma câmera vandalizada”, quando “sofreu um choque mesmo utilizando todos os equipamentos de proteção obrigatórios”.

Um crime contra todos: vandalismo se espalha por todo o Rio

1 de 29 Prefeitura anuncia instalação de GPS em peças metálicas, para chegar aos ferros-velhos receptadores; na foto, apreensão de 20 toneladas de fios de cobre — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

2 de 29 Os 1.155 km de cabos furtados de CET-Rio e da Rioluz equivalem a mais do que a distância do Rio a Porto Seguro (BA) — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

29 fotos

3 de 29 Na saída da praia, jovens quebram alçapão do ônibus e viajam na saída da Zona Sul — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 4 de 29 Estádio do Maracanã precisou instalar uma oficina para reparar a grande quantidade de cadeiras depredadas — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 5 de 29 Maracanã: em 127 jogos, realizados em 2022 (ano todo) e 2023 (até 11 de novembro), 8.063 assentos foram depredados — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 6 de 29 Custo com cadeiras vandalizadas no Maracanã é de R$ 2,6 milhões. Valor é repassado para clubes mandantes e entidades de futebol — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 7 de 29 Assentos vandalizados (jan.2022-nov.2023) equivalem a 11,5% do total de 70 mil lugares do Maracanã — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 8 de 29 Papeleiras destruídas são transformadas em “papões”, uma espécie de pá usada na varrição da Comlurb — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 9 de 29 Por mês, 800 “papões” são produzidos na fábrica Aleixo Gary, da Comlurb, em Campo Grande — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 10 de 29 Numa única noite, criminosos furtaram 67 papeleiras do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas — Foto: Comlurb / Divulgação 11 de 29 Estátua de bronze do túmulo de Cláudio de Sousa foi furtada do cemitério São João Batista, em Botafogo, em novembro. A peça pesava 120 quilos — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 12 de 29 Antes e depois do túmulo do ex-presidente da ABL Cláudio de Sousa Foto: Adriana Lorete e Gabriel de Paiva 13 de 29 Portão furtado do Mausoléu do Marquês do Paraná nunca mais reapareceu — Foto: Hermes de Paula 14 de 29 Túmulo de Clara Nunes teve as argolas de bronze furtadas — Foto: Reprodução 15 de 29 Em outubro de 2023, 35 ônibus foram incendiados em represália à morte do miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, na Zona Oeste — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo 16 de 29 Ônibus convencionais, BRTs e de fretamento foram consumidos pelas chamas no ataque — Foto: Domingos Peixoto 17 de 29 Alçapões de ônibus estão entre os itens vandalizados nos coletivos — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 18 de 29 Saída de Copacabana, Aterro do Flamengo e entornos de Jacaré e Maré são os lugares que ônibus mais são depredados, diz RioÔnibus— Foto: Marcelo Carnaval/ Agência O Globo 19 de 29 Contêiner da Comlurb sendo carregado por homem pendurado em ônibus no Rio — Foto: Reprodução 20 de 29 Entre os monumentos vandalizados no Rio, estátua da mãe do marechal Deodoro da Fonseca foi furtada de monumento na Glória em 2020 — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 21 de 29 Peça para dona Rosa Paulina da Fonseca pesava 400 quilos — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 22 de 29 Estátua de Carlos Drummond Andrade, em Copacabana, teve seus óculos furtados mais de 10 vezes desde a inauguração, em 2002 — Foto: Márcio Alves / Agência O Globo 23 de 29 Busto à ex-primeira-dama Sarah Kubitschek foi furtada em Copacabana em março de 2023 — Foto: Reprodução 24 de 29 Bronze dá lugar à resina: projeto-piloto da Secretaria municipal de Conservação troca material da estátua a Orlando Silva, no Cachambi, após furtos — Foto: Divulgação 25 de 29 Comlurb testa papeleiras envoltas por concreto no Parque Madureira e no Méier; metade das 32 mil instaladas na cidade foram depredadas entre 2022 e 2023 — Foto: Divulgação / Comlurb 26 de 29 Funcionário da Prefeitura do Rio instala proteção em caixa de luz para evitar atos de vandalismo — Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio 27 de 29 Chafariz dos Golfinhos, na Glória, passou seis anos sem funcionar. Restaurado, foi religado em setembro de 2023 e, desde então, já foi depredado por três vezes — Foto: Divulgação / Secretaria municipal de Conservação 28 de 29 À luz do dia, homem não se inibe. Pendurado na fiação da Avenida Edgard Romero, em Madureira, ele tenta furtá-la — Foto: Reprodução 29 de 29 Em novembro de 2023, PM fez uma das maiores apreensões de cabos de telefonia da história. As 200 toneladas foram apreendidas em operação nos morros do Fallet, Fogueteiro e Coroa — Foto: Divulgação / PMERJ— Foto: Divulgação / PMERJ

Na Região Metropolitana, despesas com o vandalismo passam de R$ 220 milhões no período entre janeiro de 2022 e outubro de 2023

Miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, é morto: mais de 30 ônibus e um trem são queimados em represália

Ad

Ainda no ano passado, em agosto, um corpo foi encontrado dentro de uma galeria subterrânea da Light, no Centro do Rio. O morto, diz a concessionária, estava tentando furtar cabos de energia.

4 de 6 Consequências do vandalismo — Foto: Editoria de Arte Consequências do vandalismo — Foto: Editoria de Arte

Ao cortar um cabo, o criminoso passa a ser condutor de uma corrente de 1.000 ampères, pontua o gerente de rede subterrânea da Light, Leonardo Bersot, que admite sentir “frio na barriga” quando vê vídeos de pessoas sem treinamento em contato com a rede elétrica.

— A eletricidade é muito forte, e pode levar a lesões graves, queimaduras geradas pelo calor da corrente elétrica, ou até mesmo à morte. Principalmente para quem não tem treinamento — observa Leonardo, assinalando que os profissionais tomam as precauções necessárias para realizar o serviço de forma segura.

Ad

Risco a motoristas: Furtos de mais de 52km de cabos este ano causam apagão nos sinais do Rio

Pena de detenção não passa de três anos

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que, em 2022 e no primeiro semestre deste ano, foram registrados mais de 1.400 casos de dano ao patrimônio público no estado. O crime de vandalismo está enquadrado no artigo 163 do código penal, que trata de dano (“destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”), com pena de detenção de um a seis meses. Ele é qualificado se cometido com violência ou ameaça, assim como quando é contra bens públicos ou de concessionárias, com pena de até três anos.

Ad

— A probabilidade de o cidadão ser solto e responder ao processo em liberdade é enorme. Só se recomenda a prisão quando a pena é a partir de quatro anos. Então, hoje, nosso ordenamento jurídico é um convite para que se pratique o crime de vandalismo — diz Maggiolo, que sugere a criação de um tipo penal para vandalismo, com pena de reclusão de três a cinco anos.— Enquanto o Congresso não se mobilizar para criar um tipo penal exclusivo para esse fenômeno social, não vamos conseguir um comportamento social adequado.

Após ser alvo de vandalismo: Chafariz da Glória ganha pintura e limpeza

A sanção é tão pequena que, no mês passado, um homem flagrado por agentes do programa Segurança Presente furtando um poste em Charitas, Niterói, ficou preso por apenas dois dias. Aos policiais, disse que furtou “porque quis, já que na rua têm vários”. Ele foi levado para a 76ª DP (Niterói) carregando o poste. Transferido para o sistema prisional, obteve alvará de soltura 24 horas depois.

Um crime contra todos

Ad

De tão recorrente, o vandalismo acaba envolvendo até prestadores de concessionárias. Na última sexta-feira, um deles, terceirizado da Light, foi preso em flagrante por furto qualificado, após relato ao Disque Denúncia (2253 1177). Com ele, foram encontradas mercadorias avaliadas em R$ 20 mil, como 200 metros de cabos e disjuntores com logotipo da empresa. A Light diz que “estão sendo tomadas as medidas cabíveis”.

Ancelmo Gois: Com prejuízo de milhões, Prefeitura do Rio vai liberar publicidade em lixeiras espalhadas pela cidade

5 de 6 Prestador de serviço da Light foi preso na última sexta-feira por furto qualificado em Duque de Caxias. Com ele, foram encontrados 200 metros de fios e disjuntores com logotipo da empresa — Foto: Divulgação / Disque Denúncia Prestador de serviço da Light foi preso na última sexta-feira por furto qualificado em Duque de Caxias. Com ele, foram encontrados 200 metros de fios e disjuntores com logotipo da empresa — Foto: Divulgação / Disque Denúncia

A maior parte das denúncias anônimas sobre vandalismo no estado, feitas nos primeiros dez meses deste ano, citam ações contra a infraestrutura de empresas de telefonia e TV a cabo. O material inclui tampas de metal de caixas de visitas e cabos. Em seguida no ranking, estão atos contra ônibus e a iluminação pública.

Ad

6 de 6 Destruição que vira denúncia — Foto: Editoria de Arte Destruição que vira denúncia — Foto: Editoria de Arte

Alguns casos que chegam ao Disque Denúncia revelam a ligação de traficantes com a destruição. Eles são responsabilizados por cortar cabos de internet da Rua Euclides da Cunha, na Vila São João, em São João de Meriti. Outro relato informa que apagam lâmpadas de postes da Rua Imbé, em Coelho Neto, para facilitar a venda de drogas numa barraca de salgados desativada.

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Já possui conta? Faça Login

Já possui assinatura? Logout

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário