Produção agrícola do DF foi afetada pelas altas temperaturas do período

A onda de calor sem precedentes decorrente de massa de ar quente tem causado temperaturas mais altas do que o normal e afetado a produção agrícola do Distrito Federal de forma intensa. As culturas mais atingidas têm sido grãos, como feijão, soja e milho, além de hortaliças, frutas e legumes. Especialista ouvido pelo Correio sinaliza que a produção de feijão foi a mais afetada no DF, seguido pela soja e hortaliças. Chuvas previstas para este fim de semana devem amenizar o impacto. No entanto, os preços finais dos produtos serão afetados devido ao prejuízo acumulado até o momento.

Segundo o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), Carlos Banci, 25% da produção de feijão no Distrito Federal já foi comprometida. “Essa cultura é bastante plantada no DF e, por ser um ciclo curto, tem sofrido muito com as mudanças climáticas. O calor foi muito excessivo e afetou as demais plantações”, ressaltou.

O produtor rural César Augusto Gelain planta feijão, soja e milho na Fazenda Larga, em Planaltina-DF, dando continuidade ao trabalho do pai, que começou a produzir o grão em 1998. Ele estima um prejuízo de cerca de

R$ 250 mil, neste ano, devido à seca e às fortes ondas de calor. “O impacto está sendo muito grande. O rombo financeiro vai ser de, no mínimo, R$ 2 mil por hectare. São 107 hectares ao todo. As condições climáticas geraram atraso no plantio. Inclusive, precisamos fazer replantio em algumas áreas”, contou.

O prejuízo financeiro e os investimentos extras que estão sendo feitos para conter os impactos causados pelo clima de verão impactar no preço dos produtos ao consumidor final. “A gente tenta se empenhar ao máximo para produzir mais, independentemente do preço que vamos vender. Mas, na situação que estamos, já está concretizado que teremos uma quebra de produção, precisamos que o preço comercial tenha valor agregado para compensar o prejuízo”, declarou César.

De acordo com César, devido ao calor, algumas áreas ficarão com estandes — como é chamada a quantidade de plantas por metro — muito baixos. “O ideal é 200 mil plantas sadias e bem desenvolvidas em um hectare para alcançar a produção que a gente almeja que é em torno de 50 ou 55 sacas por hectare. Com essa falta de chuva, o estande vai ser baixo e, com isso, vou ter que fazer mais investimento em nutrição, tentar trazer as plantas que sobraram mais bem nutridas possíveis”, destacou.

O agricultor explica ainda que, pelo fato do feijão ser muito sensível, ao se deparar com calor forte durante a florada, pode ser afetado de forma mais forte do que outras culturas. “Agora, é acompanhar, torcer para que as previsões melhorem, que não falte água. Já tive uma perda, se continuarem as ondas de calor e falta de água, vou ter outra quebra de produção, aí aumenta mais ainda o prejuízo”, salientou.

Para conter os danos, César está reforçando o trabalho de limpeza e nutrição do solo, além da eliminação de ervas daninhas para que não haja competição da água com o feijão. “As plantas que sofreram o estresse precisam se restabelecer para continuar aguentando o calor, que deve continuar até o fim do ano”, pontuou.

O trabalho de contenção de pragas é feito por meio de um procedimento denominado pulverização agrícola, que é uma ação facilitadora para aplicação de produtos de controle de pragas, além de defensivos e fertilizantes. “É também um desafio, porque não dá para fazer a pulverização em horários muito quentes, senão perde-se por evaporação”, explicou.

Uma das pragas que se instalaram na lavoura de César é a lagarta do elasmo, que entra dentro do caule e vai degradando até matar a planta. “Agora, com falta de chuva e estresse hídrico não conseguimos fazer aplicação, não tem o que fazer. A gente tem que aguardar chover para entrar tentando fazer algum controle, porém é muito difícil depois que a praga já está instalada”, lamentou.

César geralmente planta milho na safrinha, que é o cultivo realizado logo após a safra. Mas, devido ao impacto gerado pelo calor, houve uma quebra de produtividade e, consequentemente, a produção de milho será menor para o próximo ano. Além disso, também haverá um atraso, pois a safrinha só pode ser plantada após a colheita do feijão.

Joceilson Alves de Sousa, produtor de hortaliças e plantas medicinais no Núcleo Taquara, em Planaltina, também teve seu cultivo prejudicado pelo forte calor. “Precisamos fazer replantio. Com o sol e a escassez de umidade, plantas pequenas não suportam mesmo com sistema de irrigação artificial”, disse.

Além de hortaliças, Joceilson produz pimentão, abobrinha, tomate, jiló, maxixe, banana, maracujá e plantas medicinais. “Tivemos muita dificuldade no plantio das mudas novas e também para manter as plantas adultas em um bom vigor. A produção caiu bastante”, reiterou.

O produtor citou ainda o fator humano como um dos mais impactados com o calor intenso. “Estava tão quente que não tinha como exigir aos colaboradores ficarem no sol. A mão de obra ficou paralisada por conta disso. O sol intenso gerou a necessidade de irrigação extra, trabalho extra. No geral, os produtores têm sofrido bastante. Apliquei um horário flexível na minha propriedade. O trabalho vai até 11h e só volta após as 15h”, esclareceu.

Aproximadamente 60% da área da soja, produção de maior volume no DF, já foi plantada. “A maioria germinou, mas os produtores estão sofrendo com relação à seca e calor. Está tendo injúria por causa do clima e isso está afetando a produtividade. Em alguns lugares, como Tabatinga e Rio Preto, vai haver necessidade de fazer replantio”, afirmou o engenheiro agrônomo Carlos Banci. “A situação é de apreensão, falta ainda plantar 40% da soja. Vai ser plantado fora da janela ideal de plantio, portanto muito tarde. O período correto é de 15 de outubro a 15 de novembro. Passou desta data, começa a ter problema”, concluiu.

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Justiça determina suspensão de cobranças da 123milhas no cartão de crédito

A desembargadora Shirley Fenzi Bertão, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, optou por interromper as cobranças de parcelas remanescentes de passagens aéreas feitas por clientes da 123milhas através de cartão de crédito. A decisão tomor por base a avaliação de que os critérios estipulados pelo artigo 300 do Código de Processo Civil estavam presentes, considerando a probabilidade do direito, o perigo de dano ou comprometimento do resultado útil do processo.

A medida foi baseada em um agravo de instrumento apresentado pelo Instituto Defesa Coletiva no caso envolvendo a 123milhas e abrange cobranças feitas pelos cartões dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Itaú e Nubank.

A penalidade por descumprimento da ordem judicial é uma multa diária de R$ 2 mil, com limite de R$ 20 mil por consumidor, aplicável apenas àqueles que não receberam a prestação de serviço.

Na sua decisão, a desembargadora explicou que a falta de resolução do problema com a empresa justifica a concessão de uma tutela de urgência. Ela ressaltou que a concessão parcial da antecipação da tutela visa suspender as cobranças por cartão de crédito das parcelas pendentes à 123milhas, as quais foram contestadas pelos consumidores com antecedência de pelo menos 10 dias a partir da data de vencimento da fatura.

Lillian Salgado, presidente do Comitê Técnico do Instituto Defesa Coletiva, elogiou a decisão da desembargadora, destacando que ela está em conformidade com o artigo 54-G do CDC, o qual protege os direitos financeiros dos consumidores, possibilitando a interrupção do pagamento de parcelamentos de pacotes adquiridos por meio de cartão de crédito.

Salgado argumenta que, se as instituições financeiras e operadoras de cartão lucraram com as transações da 123 Milhas no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro, as consequências da não prestação de serviço pela empresa devem recair sobre essas instituições ou a própria empresa, sem penalizar os consumidores.

O caso teve início em agosto deste ano, quando a juíza Cláudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, deferiu o pedido de recuperação judicial da 123milhas. A magistrada suspendeu todas as ações e execuções contra a companhia por 180 dias e exigiu que a empresa apresente contas mensais demonstrativas durante o período de recuperação judicial, além de um plano de recuperação em 60 dias, sob a ameaça de falência.

O valor total do processo envolvendo a 123milhas é de R$ 2 bilhões, com a empresa enfrentando alegações de 700 mil credores.

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Falência da WeWork: os espaços de coworking estão com os dias contados?

A WeWork, empresa global de coworking – cujo valor de mercado chegou a atingir US$ 47 bilhões (cerca de R$ 230 bilhões) – entrou com pedido de recuperação judicial em Nova Jersey, nos Estados Unidos, no dia 6 de novembro.

A notícia fez com que o preço de suas ações despencasse rapidamente, fazendo com que o valor da empresa caísse para menos de US$ 50 milhões (cerca de R$ 245 milhões). E, embora alguns locais permaneçam abertos, a WeWork começou fechar escritórios em todo mundo.

O colapso da companhia foi espetacular, em parte devido à fascinante história da sua ascensão e queda, que foi documentada em uma minissérie de 2022, com Anne Hathaway e Jared Leto.

Seu nome ocupa posição de destaque na imaginação popular. “WeWork” se tornou praticamente sinônimo de “coworking”, como “Kleenex” para “lenço de papel” e “Google” para “busca”.

Agora, o mundo do coworking começa a sentir arrepios após a repercussão da falência da WeWork.

Mas as recentes dificuldades da empresa chegaram em uma época de histórico crescimento (ainda que silencioso) do mundo dos escritórios compartilhados. E os especialistas afirmam que, mesmo com o desaparecimento da WeWork, a necessidade e o desejo de espaços coworking irão permanecer – e outras empresas se preparam para aproveitar a oportunidade.

As falhas da WeWork

Um motivo importante que pode impedir a queda da WeWork de prejudicar o setor de coworking é a natureza das suas falhas, em grande parte relacionadas à posse de imóveis pela empresa.

Muitos administradores bem sucedidos de espaços de coworking preferem firmar parcerias com locadores comerciais para oferecer seu conjunto de amenidades e regalias aos seus membros, em troca de uma taxa fixa ou uma parcela dos lucros gerados pelas mensalidades.

Mas a WeWork assumiu uma série de locações de longo prazo e ela própria cobrava diretamente toda a renda dos seus membros. O modelo permitiu que a empresa aproveitasse mais os lados positivos do modelo, mas também a expôs a um risco bem maior.

No seu auge, a WeWork assumiu dívidas de cerca de US$ 19 bilhões (cerca de R$ 93 bilhões) para manter 777 locais de trabalho em 39 países. A maioria era de aluguéis de longo prazo que a empresa esperava pagar com as mensalidades dos seus membros.

Mas a pandemia fez com que os usuários cancelassem seus planos, deixando a WeWork sem os fundos necessários para pagar os aluguéis.

Especialistas afirmam que a crise causada pela covid-19 não foi a única causa da morte da WeWork.

“Não foi a pandemia que quebrou a WeWork, foi o seu modelo comercial”, acredita John Arenas, CEO (diretor-executivo) da empresa de coworking Serendipity Labs, que opera nos Estados Unidos.

“Passei por quatro recessões neste setor em 30 anos – mais a pandemia, então são cinco – e o aluguel de longo prazo dura mais que o ciclo – existe simplesmente uma assimetria”, afirma ele. É bom lembrar que Arenas trabalha neste setor desde os anos 1990 e deixou claras suas dúvidas sobre a viabilidade do modelo da WeWork – pelo menos, desde 2014.

Demanda crescente

Apesar dos problemas da WeWork, especialistas acreditam que o futuro do setor de coworking é muito promissor.

Sara Sutton, do Estado americano do Colorado, é a fundadora e CEO do serviço de trabalho remoto FlexJobs. Ela afirma que a normalização do coworking como forma de trabalho fez com que a oferta de escritórios compartilhados se tornasse mais importante do que nunca.

“Antes da pandemia, ainda era preciso muito trabalho de convencimento sobre como integrar o trabalho remoto e híbrido nas organizações”, afirma ela. “Não precisamos mais tentar convencer. Todos sabem que é algo estabelecido e as organizações, agora, estão formalizando seus cargos remotos ou híbridos.”

Sutton destaca que os espaços de coworking eram tradicionalmente populares junto aos freelancers e às pessoas que trabalham de forma remota, mas não contam com um ambiente de home office produtivo.

Essas pessoas ainda existem, mas ela observa que as empresas de coworking também estão sendo procuradas por empresas que estão diminuindo de tamanho ou reduzindo seus espaços permanentes nos imóveis, após a revolução do trabalho remoto.

“Os espaços de coworking oferecem flexibilidade e uma grande oportunidade de interação social e comunidade, o que será muito importante para compensar alguns dos elementos do trabalho remoto que as pessoas estão conhecendo cada vez mais, como o sentimento de solidão ou o anseio de interação social”, explica ela.

“As organizações remotas estão se voltando cada vez mais para o ambiente de trabalho [flexível] como parte integrante das suas estratégias, oferecendo subsídios ou até fazendo com que suas equipes em uma mesma região usem espaços de coworking como sedes locais.”

Os profissionais também estão percebendo que os espaços de coworking se adaptam cada vez mais às suas novas vidas com o trabalho remoto.

Mark Dixon, fundador e CEO da IWG – gestora da rede de espaços globais de coworking Regus – afirma que uma parcela cada vez maior de clientes trata o acesso a esses espaços como se fosse uma academia de ginástica. Eles procuram regalias, recursos, programas sociais e amenidades, embora apenas uma pequena parte dos seus membros faça uso do espaço ao mesmo tempo.

Dixon também afirma que muitos dos seus clientes – um milhão, muitos dos quais trabalham principalmente em casa – também estão utilizando cada vez mais os escritórios virtuais da empresa no lugar dos espaços físicos, onde “fazemos toda a sua parte administrativa, atendemos chamadas e lidamos com todas as tarefas de administração”.

Esses profissionais também fazem uso de qualquer edifício que quiserem. “Isso vem crescendo significativamente nos últimos anos, como resultado direto dessa mudança para o ambiente de trabalho mais nômade”, ele conta.

Configurações deste tipo estão ficando cada vez mais atraentes e desempenham papel importante no mundo pós-pandemia. Elas oferecem uma experiência mais eficiente de trabalho híbrido: o melhor do escritório, quando e onde os trabalhadores quiserem.

E Dixon acredita que os profissionais, de fato, querem esta possibilidade. Ele nunca esteve tão otimista quanto ao futuro do setor. E, enquanto a WeWork enfrenta sua recuperação judicial, a IWG registra recordes de receita.

Quem irá ocupar o lugar da WeWork?

Com a demanda crescente pelos espaços de coworking, a falência da WeWork pode criar oportunidades para outros fornecedores, especialmente os que atendam às novas preferências dos profissionais.

A WeWork pode ser o nome mais conhecido do setor e sinônimo de coworking na linguagem popular. Mas várias outras empresas firmaram seu espaço nos últimos anos. Elas simplesmente não mereceram tantas manchetes, controvérsias e minisséries de TV.

Fundada 35 anos atrás, a Regus é uma dessas companhias com presença estável no mercado.

“Estamos no mesmo setor, estamos no mesmo segmento, mas eles estão vindo de outra direção”, afirma Mark Dixon. Segundo ele, a IWG mantém mais de 4 mil locais de trabalho em 120 países.

“[A WeWork] está muito concentrada em algumas cidades, de forma que a diferença é que nós temos uma grande rede espalhada por todos os Estados Unidos e pelo mundo, em muitas cidades.”

Dixon acredita que os profissionais não procuram mais escritórios no centro das cidades, como no lançamento da WeWork, em 2010 – voltada principalmente para profissionais urbanos que buscavam alternativas às cafeterias.

Agora, ele observa que a prioridade dos profissionais remotos é eliminar a necessidade de transporte nas cidades, procurando espaços ultralocais. A Serendipity Labs adota uma abordagem parecida, oferecendo espaços em subúrbios vizinhos a cidades importantes, como Nova York, nos Estados Unidos.

Para Sara Sutton, desde que ela lançou a FlexJobs em 2007, analistas vêm destacando diversos eventos que poderiam indicar o fim da era da flexibilidade.

“Certa vez, foi o Yahoo! e Marissa Mayer [ex-CEO que proibiu seus funcionários de trabalharem de casa], depois quando a IBM cancelou sua política de trabalho remoto”, relembra ela. “As pessoas estão sempre procurando um motivo para dizer que ‘isso não vai acontecer’.”

As recentes dificuldades da WeWork trazem a Sutton uma sensação de déjà vu: “os números mostram que o interesse pelos espaços de coworking está crescendo e não vejo esse interesse diminuir por causa da WeWork”.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.

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Com destino a Brasília, passageira será indenizada após ficar para trás em rodoviária

Uma passageira que foi deixada para trás na rodoviária de Ipatinga (MG), no Vale do Rio Doce, vai receber uma indenização de R$3 mil, por danos morais de duas empresas de transporte rodoviário.

A decisão é da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que manteve a decisão da Comarca de Tarumirim, que fica na mesma região.

O caso ocorreu em 24 de janeiro de 2019, quando a consumidora comprou um bilhete de Ipatinga para Brasília (DF), mas não conseguiu viajar, pois não encontrou o ônibus na plataforma da rodoviária.

Em defesa, a viação local argumentou que, como a empresa nacional vendeu o bilhete, ela é que tinha de arcar com o prejuízo. Esta, por sua vez, alegou que o veículo estava na plataforma no horário marcado, não havendo falha na prestação do serviço.

A decisão da 1ª Instância considerou as duas empresas parte da cadeia consumerista e que as informações têm que ser claras para o destinatário dos produtos ou serviços, o que não teria ocorrido. A consumidora ficou esperando na rodoviária de Ipatinga das 20h às 23h30. Por isso, a conclusão foi que ela merecia ser indenizada pelo custo daquele dia e por danos morais.

As duas empresas recorreram à 2ª Instância. O relator no TJMG, desembargador José Flávio de Almeida, manteve a sentença. Segundo o magistrado, as empresas trouxeram argumentos confusos ao processo, pois apenas no que se refere ao horário de chegada e da partida do veículo da rodoviária de Ipatinga constavam três informações distintas.

O relator negou provimento ao pleito da consumidora de aumento no valor da indenização por danos morais, argumentando que, como a passageira viajou na semana seguinte, não houve caracterização de urgência que acarretasse danos morais mais elevados.

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O que está acontecendo na OpenAI, empresa que criou o ChatGPT?

Imagine uma batalha na diretoria de uma empresa multibilionária cuja tecnologia futurista pode salvar ou destruir o mundo.

O seu principal executivo, que é ouvido por líderes mundiais, foi derrubado quando colegas seniores se voltaram contra ele – apenas para o resto da empresa exigir que eles próprios fossem demitidos.

Não, esse não é o roteiro de um drama da Netflix, mas os últimos dias na OpenAI, a empresa criadora do ChatGPT.

Jornalistas de tecnologia, entusiastas e investidores têm observado o desenrolar dos fatos – mas as opiniões divergem sobre a situação é um thriller ou uma farsa.

Pegos de surpresa

A batalha no topo da OpenAI, criadora do chatbot ChatGPT, começou muito repentinamente na sexta-feira (17/11), quando o conselho de administração anunciou que estava demitindo o cofundador e presidente da empresa, Sam Altman.

Em uma postagem no blog da empresa, o conselho acusou Altman de não ser “consistentemente sincero em suas comunicações” e disse que, como resultado, o conselho “perdeu a confiança” em sua liderança.

Há apenas seis pessoas nesse conselho – e duas delas eram Sam Altman e o cofundador Greg Brockman, que pediu demissão depois que Altman foi demitido.

Assim, quatro pessoas que conheciam bem Altman e a empresa chegaram a um ponto de ruptura tão sério que entraram em ação imediatamente, surpreendendo toda a comunidade tecnológica, incluindo, alegadamente, os seus próprios investidores.

Elon Musk – também cofundador original da OpenAI – escreveu no X, antigo Twitter, que estava “muito preocupado”.

Ilya Sutskever, o cientista-chefe da empresa, era membro desse conselho e disse que “não tomaria medidas tão drásticas a menos que sentisse que era absolutamente necessário.”

Sutskever depois se arrependeu e postou que “não tinha a intenção de destruir a empresa”.

Ele é um dos muitos signatários de uma carta-dinamite ao conselho pedindo o regresso de Altman e Brockman e sugerindo que os funcionários vão deixar a OpenAI se os dois executivos não voltarem aos seus cargos.

Qual o motivo da briga?

Na verdade, ainda não se sabe exatamente o que desencadeou essa briga, mas existem algumas hipóteses.

Há relatos de que Altman estava considerando alguns projetos de hardware, incluindo o financiamento e o desenvolvimento de um chip de inteligência Artificial, o que seria uma direção bem diferente da qual a OpenAI está indo atualmente.

Há suspeita de que ele havia assumido alguns compromissos dos quais o conselho não tinha conhecimento.

Ou então a briga poderia resumir-se a uma questão de dinheiro.

Em um memorando interno, que depois foi amplamente divulgado, o conselho deixou claro que não acusava Altman de qualquer “prejuízo financeiro”.

Mas sabemos que a OpenAI foi fundada como uma organização sem fins lucrativos. Isso significa uma empresa que não tem como objetivo ganhar dinheiro.

Ela retira o suficiente do que traz para cobrir seus próprios custos operacionais – e qualquer extra é investido de volta no negócio. A maioria das instituições de caridade não tem fins lucrativos.

Em 2019, foi formado um novo braço da empresa – e esta parte era orientada para o lucro. A empresa definiu como os dois coexistiriam.

O lado do lucro seria liderado pelo lado sem fins lucrativos, e haveria um limite imposto aos retornos que os investidores poderiam obter.

Nem todo mundo ficou feliz com isso – isso foi apontado como um dos principais motivos por trás da decisão de Elon Musk de se afastar da empresa.

A OpenAI, no entanto, agora se encontra na situação bastante favorável de valer muito dinheiro.

Uma venda de ações de funcionários, que acabou não acontecendo, foi avaliada em US$ 86 bilhões.

Será que havia ambições de tornar o lado lucrativo do negócio mais poderoso?

Como isso vai acabar?

A OpenAI tem o objetivo de desenvolver uma inteligência artificial geral.

Esse tipo de inteligência artificial ainda não existe e gera apreensão e admiração.

As inteligências artificiais que existem hoje são capazes de realizar apenas uma tarefa.

O ChatGPT, por exemplo, é um robô de produção de textos em forma de conversas, mas não é capaz de pensar por si próprio.

Uma inteligência artificial geral seria capaz de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, de pensar e executar ações como um humano.

Ela teria o potencial de mudar todas as áreas do conhecimento e da atividade humana.

Será que a OpenAI está mais perto disso do que imaginamos, e Altman sabe disso? É bastante improvável.

Em uma palestra recente, ele disse que o que estava por vir no próximo ano faria o atual ChatGPT parecer “um parente distante”.

Emmett Shear, o novo presidente-executivo interino da OpenAI, postou no X que “o conselho *não* removeu Sam (do cargo) por causa de qualquer discordância específica sobre segurança”.

Ele diz que haverá uma investigação sobre o que aconteceu.

Mas a Microsoft, a maior investidora da OpenAI, decidiu não arriscar que Altman leve esta tecnologia para outro lugar.

Foi anunciado que ele se juntará à gigante da tecnologia para liderar uma equipe de pesquisa de inteligência artificial ainda a ser criada.

Seu cofundador Greg Brockman vai com ele, e, a julgar pelo número de membros da equipe postando no X hoje, parece que ele também levará alguns dos principais talentos da OpenAI.

Muitos membros da equipe da OpenAI estão compartilhando a mesma postagem no X que diz que a OpenAI “não é nada sem seus funcionários”.

Isso é um aviso a Shear de que ele pode ter contratações a fazer? Pode ser.

Na manhã de segunda-feira (20/11), na sede da OpenAI em São Francisco, não havia sinais de pessoas chegando para trabalhar.

Mas pode ser também um lembrete de que, apesar de toda esta saga ter sido sobre uma forma como a tecnologia que está remodelando o mundo, ela é, no fundo, um drama muito humano.

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Rombo das estatais: veja a lista de empresas públicas que precisam do Tesouro para fechar as contas

As empresas estatais federais devem fechar 2023 com um rombo de R$ 5,6 bilhões e pela primeira vez em oito anos, o Tesouro Nacional pode ter que cobrir esse déficit. O resultado é causado, principalmente, pelo alto volume de prejuízo de duas empresas: uma do setor de energia e outra da Defesa (veja a lista abaixo).

Economistas ressaltam que a situação das companhias públicas chegou ao limite com gestões engessadas e extenso número de servidores.

O governo Lula afirma, porém, que a necessidade de socorro do Tesouro a essas empresas já havia sido prevista pelo governo Jair Bolsonaro, quando foi elaborada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023.

O Ministério da Gestão e Inovação diz que não houve rombo causado pela atual gestão e que a compensação a ser feita nos caixas das empresas estava prevista.

A campeã de perdas neste ano deve ser a Emgepron, Empresa Gerencial de Projetos Navais, ligada ao Ministério da Defesa. A previsão do Tesouro é de um rombo de R$ 3,17 bilhões. Em segundo lugar, a Eletronuclear deve acabar o ano com prejuízo de R$ 2,1 bilhões.

O balanço considera uma lista de 22 estatais, com exceção dos bancos públicos e do Grupo Petrobras.

— Cada empresa tem a sua idiossincrasia e, por isso, teria que ser analisado caso a caso para averiguar onde se poderia tornar a empresa mais produtiva e lucrativa. Mas, certamente, todas têm uma maior intervenção de políticos. Com governança fraca e pouco profissional, quem ganha com empresas ineficientes é a elite política e seus amigos — avalia Cristiane Schmidt, ex-secretária de Economia do estado de Goiás e consultora sênior para o Banco Mundial.

Superávits nos últimos anos

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que o governo precisa discutir junto ao Congresso Nacional uma para reestruturar para reestruturar as companhias públicas.

— É preciso, no primeiro momento, uma Reforma Administrativa para resolver o problema das estatais. Todas as estatais, seja federal ou estadual, tinham que passar pela análise de uma consultoria independente para analisar a eficiência dessas empresas, e ver onde poderiam ajustar custos e despesas. É importante tirar das costas do governo esse custeio com as estatais — cita Alex Agostini.

A LDO do ano passado previa um prejuízo de R$3 bilhões, bem abaixo do que deve se tornar realidade: R$ 5,6 bilhões. Dessa forma, o governo terá que compensar as perdas.

As estatais federais tiveram superávits nos últimos cinco anos. A única exceção foi em 2020, quando, por causa da pandemia da Covid, fecharam com déficit de R$ 600 milhões. No ano passado, foi um resultado positivo de R$ 5 bilhões. De acordo com números do Banco Central, de 2012 a 2017, elas fecharam no vermelho.

O Ministério da Gestão e Inovação afirmou que os cálculos não deveriam incluir empresas de energia, como a Eletronuclear, já que sobraram como resultado da privatização da Eletrobras.

“Os investimentos do grupo Eletrobras não foram contabilizados na meta fiscal (até 2022). Em 2022, quando foi privatizada a Eletrobras, o governo federal não previu na LDO 2023 a excepcionalização do conjunto das empresas públicas de energia restantes. A revisão do resultado das estatais decorre, principalmente, de uma previsão de investimentos da Eletronuclear, utilizando recursos em caixa, que foram aportados à empresa anteriormente. Como a receita decorre de anos anteriores, o impacto fiscal negativo é diferido no tempo, quando da aplicação efetiva dos recursos pela empresa, o que pode levar a ocorrência de déficits, como o esperado para 2023”, diz o ministério em nota.

Veja a previsão de resultado das estatais

Previsão de resultao das empresas estatais em 2023

Empresa Resultado previsto (em R$ milhões)

Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias -37,51

Companhia Docas do Ceará 7,72

Companhia Docas do Pará 1,89

Companhia Docas do Rio de Janeiro -12,85

Ceagesp -8,73

CeasaMinas 0,92

Casa da Moeda do Brasil 35,03

Companhia Docas do Estado da Bahia 53,97

Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte – -29,92

Dataprev -198,29

Correios -596,73

Eletronuclear -2.106,27

Empresa Gestora de Ativos -724,06

Emgepron -3.170,78

ENBpar 1.195,96

Hemobras -352,86

Indústrias Nucleares do Brasil -328,24

Infraero 682,59

NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea S.A. -121,37

PPSA 16,37

Serpro 37,28

Santos Port Authority 59,69

Fonte: Ministério do Planejamento

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Americanas tem prejuízo de R$ 12,9 bi em 2022 e revisa lucro de 2021

A Americanas encerrou o ano de 2022 com prejuízo financeiro acumulado de R$ 12,9 bilhões. O balanço da companhia, que está em recuperação judicial, foi divulgado nesta quinta-feira (16/11), depois de quatro adiamentos e 11 meses após a divulgação de um dos maiores escândalos contábeis do Brasil.

A varejista também revisou o lucro líquido de R$ 544 milhões registrado em 2021 para um prejuízo de R$ 6,237 bilhões, ano em que supostamente a empresa havia registrado o maior lucro da história.

Segundo o relatório, o desempenho é resultado de fraco desempenho operacional e elevada despesa financeira. A empresa terminou o ano passado com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões. A receita líquida consolidada, por sua vez, atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões.

A companhia também revisou o resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 2021 de R$ 2,3 bilhões positivos para R$ 1,8 bilhão negativo. O Ebitda de 2022 ficou negativo em R$ 6,2 bilhões.

Com relação ao capital de giro, a varejista apresentou uma piora de R$ 1,2 bilhão na comparação anual, com a redução dos recebíveis não sendo suficiente para compensar a redução do financiamento dos estoques. Os números são os primeiros a serem divulgados desde que a Americanas entregou seu plano de recuperação judicial, em março.

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Setor de atividades artísticas é o mais afetado pela pandemia

O setor de atividades artísticas, criativas e de espetáculos foi o mais afetado por causa das ações de combate ao novo coronavírus. O dado faz parte de uma lista publicada nesta terça-feira (15) pelo Ministério da Economia sobre os setores mais impactados economicamente, principalmente depois do decreto de estado de calamidade pública.

O ranking é para orientar as agências financeiras oficiais, inclusive setoriais e regionais, sobre como auxiliar esses ramos da economia nesse período. Essas agências são as instituições que prestam socorro financeiro a essas categorias.

Ao todo, 34 setores foram listados. Depois do setor de atividades artísticas, em segundo lugar está o transporte aéreo e aqueles sobre trilhos, como ferroviário e metroviário de passageiros.

O transporte público urbano, bem como os serviços de alojamento, que englobam hotéis, pousadas e hostels, por exemplo, e ainda serviços de alimentação também estão no rol de afetados.

Outras categorias como produção de calçados e artigos de couro, fabricação de veículos automotores e até tecidos e artigos de armarinho, por exemplo também sentiram os impactos da pandemia.

A lista aponta ainda reflexos nos setores da educação e saúde privadas, telecomunicações, transporte de cargas, combustíveis e lubrificantes.

A listagem completa com todos os setores elencados pelo Ministério da Economia como os principais afetados pela pandemia pode ser conferida na edição desta terça-feira do Diário Oficial.

Foto: Agência Brasil

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Brasil perdeu 21,7% dos trabalhadores sindicalizados após a reforma trabalhista, diz IBGE

Número de sindicalizações apresenta queda desde 2014, mas foi em 2018 que o país perdeu o maior número de trabalhadores associados a sindicatos. Em 2019, país atingiu a menor taxa de sindicalizados.

O número de trabalhadores associados a sindicatos trabalhistas teve queda de 21,7% desde a reforma trabalhista, ocorrida em 2017. Isso corresponde a um contingente de, aproximadamente, 2,9 milhões de profissionais que, em três anos, cancelaram a adesão à respectiva entidade de classe. É o que apontam os dados divulgados nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A reforma trabalhista foi aprovada em julho de 2017. Até então, todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, eram obrigados a pagar, uma vez por ano, uma contribuição ao sindicato de sua respectiva categoria profissional. Com a mudança legislativa, tal obrigatoriedade foi derrubada.

A queda no número de sindicalizados já vinha ocorrendo desde 2014, mas foi em 2018 que ela ocorreu de modo mais expressivo – 1,5 milhão de trabalhadores cancelaram a adesão ao sindicato naquele ano. Em 2017, quando ocorreu a reforma trabalhista, houve redução de 432 mil sindicalizados no país.

“Tudo leva a crer que [a queda do número de sindicalizados] se acentuou com a reforma trabalhista”, avaliou a gerente da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy.

Em 2019, quando foi realizado o último levantamento do IBGE, o país perdeu mais 951 mil trabalhadores sindicalizados. Com isso, a taxa de sindicalização ficou em 11,2%. Em 2012, penúltimo ano em que a adesão a sindicatos apresentou crescimento, essa taxa era de 16,1%.

 “A maior queda [do contingente de sindicalizados] foi em 2018. Em 2019 houve uma suavização da perda, mas ela ainda persistiu”, enfatizou a pesquisadora.

Sindicalização não acompanha a ocupação

A gerente da pesquisa apontou que, em 2019, houve aumento de 2,5% no número de pessoas ocupadas no mercado de trabalho, com acréscimo de 1,1 milhão no número de trabalhadores com carteira assinada. Este o maior crescimento anual da ocupação observado desde 2013. Todavia, esse movimento não reverteu a queda da sindicalização no país.

“Há uma tendência de recuperação da população ocupada, mas a sindicalização, pelo contrário, vem perdendo contingente. Isso nos leva a crer que, ainda que tenha havido expansão do número de ocupados, ela não foi suficiente para reverter a tendência de queda da sindicalização”, disse.

Queda da sindicalização em todas as regiões

O IBGE destacou que todas as grandes regiões do país tiveram redução do número de sindicalizados entre 2018 e 2019.

Em números absolutos, a região Sudeste foi a que mais perdeu sindicalizados – 354 mil a menos que o registrado em 2018, o que corresponde a 37,2% do total de sindicalizações perdidas no país neste período.

Já em termos percentuais, foi a região Centro-Oeste que mais perdeu sindicalizados – 14,4%, o que corresponde a 115 mil trabalhadores a menos ligados a sindicatos.

Atividade rural alcança a maior taxa de sindicalização

Dentre dez ramos profissionais investigados pelo IBGE, apenas o relacionado a atividades rurais registrou aumento da taxa de sindicalização na passagem de 2018 para 2019.

O percentual de trabalhadores em agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura passou de 19,1% para 19,4% no período. Todavia, permaneceu muito abaixo do registrado em 2017, quando ocorreu a reforma trabalhista, que era de 21,1%.

“Essa atividade possui participação importante dos sindicatos de trabalhadores rurais, muitos deles de pequeno porte da agricultura familiar, o que eleva a cobertura sindical dessa atividade, principalmente nas Regiões Nordeste e Sul”, apontou o IBGE.

Esta foi a primeira vez que a taxa de sindicalização entre os trabalhadores rurais superou a dos funcionários públicos, categoria que, até então, sempre manteve os maiores percentuais de trabalhadores associados a entidade sindical.

A taxa de sindicalização no segmento de Administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais ficou em 18,4% em 2019 – um ano antes, ela era de 22%.

“Esse movimento de queda da sindicalização foi observado em todas as atividades anualmente. A exceção em 2019 ficou para agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Mas, o que a gente percebe é que a partir de 2017 ele foi intensificado, atingindo até mesmo o setor público”, enfatizou a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy.

A pesquisadora observou, ainda, que a queda na sindicalização entre os funcionários públicos pode ter sido acentuada em 2019 pela intensificação da aposentadoria de servidores que temiam os efeitos da reforma previdenciária, aprovada em novembro daquele ano pelo Congresso.

Quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de sindicalização

O IBGE observou, ainda, que a taxa de sindicalização aumenta de acordo com o nível de instrução do trabalhador.

Em 2019, dos 10,6 milhões de trabalhadores sindicalizados, 67,3% (7,1 milhões) tinham pelo menos o ensino médio completo, enquanto 31,7% (3,4 milhões) tinham ensino superior completo. Apenas cerca de 1% (aproximadamente 100 mil) não chegaram a concluir o ensino fundamental.

A taxa de sindicalização entre os trabalhadores sem instrução ou com ensino fundamental incompleto era de 10,4%. Entre os que tinham ensino fundamental completo e médio incompleto, ela era de 7,1% – a menor entre todos os níveis de instrução.

Entre os trabalhadores com ensino médio completo e superior incompleto, a taxa chegava a 10%. Já entre os profissionais com ensino superior completo, a taxa era de 17,3%.

O IBGE destacou, também, que a taxa de sindicalização dos homens (11,4%) era maior que a das mulheres (10,9%) em 2019. Só no Nordeste a diferença se inverteu, sendo a taxa entre elas de 13,7% e entre eles de 12,1%.

Menos de 1/3 dos trabalhadores por conta própria e empregadores tem CNPJ

O levantamento do IBGE mostrou, também, que o país registrou, em 2019, recorde do número de trabalhadores ocupados como empregador ou conta própria registrados no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) – 8,4 milhões de pessoas.

Embora este número seja recorde, esse contingente corresponde a 29,3% do total de trabalhadores por conta própria ou empregadores. Ou seja, menos de 1/3 desses trabalhadores são formalizados.

“Esse percentual ainda é relativamente baixo. O registro no CNPJ evidencia a tendência da formalização do empreendimento”, enfatizou a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy.

A pesquisadora ressaltou, ainda, que os empregadores têm mais formalização que os conta própria. “A população ocupada por conta própria, que tem maior peso relativo nesse grupo, tem um percentual de registros muito pequeno, o que puxa a taxa para baixo”, explicou.

As mulheres têm taxa de formalização maior que a dos homens nas duas categorias de ocupação. Como empregadores, a taxa delas chega a 85,8% enquanto a deles a 77,9%. Já na condição de conta-própria, a das mulheres chega a 21,8% e a dos homens a 19,2%.

Já entre grupos de atividades, o IBGE observou que a menor cobertura de CNPJ ficou com a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7,2% dos por conta própria e 34,4% dos empregadores) e a maior com Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas(28,6% e 89,7%, respectivamente).

Cooperativismo atinge patamar mais baixo

Ainda segundo o IBGE, a adesão a cooperativas por parte dos trabalhadores por conta própria e empregadores permanece em queda desde o início da série (6,4% em 2012), chegando ao seu patamar mais baixo (5,2%) em 2019.

O Sul (9,3%) apresenta o maior percentual de trabalhadores cooperativados, enquanto o Sudeste tem a menor, 3,9%. Quase metade das cooperativas de trabalho estão presentes na agropecuária.

Foto: Agência Brasil

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China diz que detectou coronavírus em frango importado do Brasil

Importações estão mantidas, e autoridades recomendam cuidados no preparo dos alimentos. De acordo com número de registro informado, o lote pertence ao frigorífico Aurora, de Santa Catarina. G1 tenta contato com a empresa. Ministério da Agricultura ainda não se manifestou.

A prefeitura de Shenzhen, cidade da China próxima de Hong Kong, anunciou nesta quinta-feira (13) que detectou o novo coronavírus em um controle de rotina de frango importado do Brasil, o maior produtor mundial.

“O vírus Sars-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, foi encontrado recentemente em uma amostra coletada da superfície de um lote de asas de frango congeladas importadas”, informou um comunicado divulgado pela Sede de Prevenção e Controle de Epidemias de Shenzhen.

De acordo com o número de registro informado no comunicado da prefeitura de Shenzhen, o lote pertence ao frigorífico Aurora, de Santa Catarina. O G1 procurou a empresa às 9h24, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Atualmente, o Brasil tem 6 frigoríficos com exportações suspensas para a China por conta de preocupações com a Covid-19. Nenhum deles é da Aurora.

Apesar da notícia, não existe nenhuma informação sobre embargo às exportações brasileiras ou do frigorífico. As vendas estão mantidas, e autoridades recomendam cuidados no preparo dos alimentos.

O G1 também procurou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que disse que “está analisando as informações de possível detecção de traços de vírus em embalagem de produto de origem brasileira” (veja a nota na íntegra no final da reportagem).

O Ministério da Agricultura ainda não se manifestou. O governo brasileiro está em contato com a Administração Geral de Alfândegas da China para entender o ocorrido, segundo apuração do G1.

O comunicado da prefeitura de Shenzhen também diz que, pela segunda vez, traços do coronavírus foram encontrados em camarões procedentes do Equador (leia mais abaixo).

As autoridades chinesas informaram que submeteram imediatamente a exames de diagnóstico as pessoas que tiveram contato com os produtos contaminados, assim como seus parentes. Todos os testes apresentaram resultado negativo, segundo o comunicado.

O comunicado de Shenzhen também pede para que consumidores sejam cautelosos ao comprar carne congelada e frutos do mar importados, e a continuar tomando medidas de proteção para minimizar o risco de infecção pelo novo coronavírus.

Exportações brasileiras

A contaminação de frango brasileiro pode provocar uma nova queda das exportações brasileiras para a China. Em fevereiro de 2019, Pequim passou a aplicar, por cinco anos, tarifas antidumping ao frango brasileiro, que vão de 17,8% a 32,4%.

Em julho, os embarques de carne de frango do Brasil, por sua vez, terminaram julho com queda de 5,7% em relação a mesmo mês do ano passado, totalizando 364,6 mil toneladas, segundo a ABPA.

As receitas atingiram US$ 498,2 milhões, recuo de 25% no ano a ano.

Apesar disso, a ABPA ainda acredita que as exportações da proteína devam manter a alta no acumulado do ano – entre janeiro e julho, foram embarcadas 2,471 milhões de toneladas, leve avanço de 0,5% ante os sete primeiros meses de 2019.

O Brasil, maior produtor mundial de carne de frango, era até 2017 o principal fornecedor de frango congelado para a China, por um valor que se aproximava de US$ 1 bilhão por ano e um volume que representava quase 85% das importações do gigante asiático.

Nos últimos anos o país perdeu parte do mercado para Tailândia, Argentina e Chile, de acordo com a consultoria especializada Zhiyan.

Pacotes de camarões equatorianos contaminados

Na província de Anhui, a prefeitura da cidade de Wuhu anunciou que detectou a presença do coronavírus em embalagens de camarões procedentes do Equador. Os pacotes estavam conservados no congelador de um restaurante da cidade.

Esta é a segunda vez desde o início de julho que a China informa a presença do vírus em pacotes de camarões equatorianos.

No dia 10 de julho, a Administração da Alfândega da China fez testes com amostras de um contêiner e com pacotes de camarões brancos do Pacífico que apresentaram resultados positivos para o novo coronavírus. As avaliações aconteceram nos porto de Dalian e Xiamen.

De acordo com os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Equador produziu em 2018 quase 500 mil toneladas de camarões e 98 mil foram importadas à China, um mercado em plena expansão — um ano antes as exportações alcançaram apenas 16 mil toneladas.

Em junho, o grande mercado atacadista de Xinfadi, em Pequim, foi fechado após a detecção de um foco epidêmico que afetou centenas de pessoas. Restos de vírus foram detectados em uma tábua de corte de salmão importado.

A China, onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez no fim de 2019, controlou em grande medida a epidemia, segundo os dados oficiais. Nesta quinta-feira (13), o país anunciou um balanço diário de 19 contágios. A última morte provocada pelo vírus aconteceu em maio, segundo o governo chinês.

O Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela Covid-19, atrás dos Estados Unidos. O Equador tem um balanço de quase 6.000 vítimas fatais e mais de 97 mil casos confirmados.

A Covid-19 é uma doença respiratória e, até o momento, nada indica que pode ser transmitida por meio da ingestão de produtos contaminados.

Focos de contágio já foram registrados em matadouros de outros países, como Alemanha, França, Estados Unidos ou Bélgica.

Veja a nota da ABPA na íntegra:

“A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que o setor produtivo está analisando as informações de possível detecção de TRAÇOS DE VÍRUS em EMBALAGEM de produto de origem brasileira, feita por autoridades municipais de Shenzen, na China.

inda não está claro em que momento houve a eventual contaminação da embalagem, e se ocorreu durante o processo de transporte de exportação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil está em contato para esclarecimentos com o GACC (autoridade sanitária oficial da China), que fará a análise final da situação.

A ABPA reitera que não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus, conforme ressaltam a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Ao mesmo tempo, o setor exportador brasileiro reafirma que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global.”

Foto: Reprodução de TV

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