O X pode ir à falência sob o comando de Elon Musk?

O ataque ferino de Elon Musk contra anunciantes que boicotam o X (o antigo Twitter) confundiu os especialistas. Se os anunciantes continuarem saindo e não voltarem, será que a rede social poderá sobreviver?

Em abril, Musk deu uma entrevista para a BBC News — nela, soltou as primeiras de muitas declarações caóticas sobre a aquisição do X.

Ele disse algo bastante revelador, mas que passou despercebido na época.

Ao falar sobre publicidade, Musk disse à época: “Se a Disney se sente confortável em anunciar filmes infantis [no X] e a Apple se sente bem em anunciar iPhones na plataforma, esses são bons indicadores de que o X é um bom lugar para anunciar”.

Sete meses depois, tanto Disney quanto Apple não fazem mais anúncios no X — e Musk usou palavrões para expressar sua reação à mudança de postura das empresas.

As empresas fizeram uma pausa os anúncios depois que uma investigação de uma organização norte-americana, a Media Matters for America, apontou que os anúncios publicitários apareciam ao lado de postagens pró-nazistas.

Em nota, o X desafiou ferozmente o relatório, questionou os métodos de pesquisa e abriu um processo judicial contra a organização.

Numa entrevista inflamada na quarta-feira (29/11), Musk também mencionou a palavra falência, num sinal do quanto o boicote publicitário pode prejudicar os resultados financeiros da empresa.

Para uma empresa que ele comprou por 44 bilhões de dólares (R$ 216 bilhões) no ano passado, a falência pode parecer impensável. Mas é possível.

Para entender por quê, é preciso observar até que ponto o X depende das receitas de publicidade — e por que os anunciantes parecem abandonar a plataforma.

Embora não tenhamos os números mais recentes, no ano passado cerca de 90% da receita do X foi proveniente de publicidade. Esse é o coração do negócio.

Na quarta-feira, Musk foi muito além de insinuações sobre isso.

“Se a empresa falir… Ela vai falir por causa de um boicote dos anunciantes. Será isso que levará a empresa à falência”, disse.

Mark Gay, diretor de clientes da consultoria de marketing da Ebiquity, que trabalha com centenas de empresas, diz que não há sinais de que algum anunciante esteja voltando ao X.

“O dinheiro saiu e ninguém parece ter uma estratégia para reinvestir na plataforma”, aponta ele.

Na sexta-feira (1/12), o gigante varejista Walmart anunciou que também não anunciaria mais no X.

Depois que Musk usou palavras contundentes para reagir a esse movimento dos anunciantes — em que ele mandou as empresas para “aquele lugar” — o empresário ainda fez uma menção direta a uma das empresas.

“Olá, Bob”, disse ele — uma referência ao presidente-executivo da Disney, Bob Iger.

Quando Musk coloca os executivos-chefes “na mira” dessa forma, eles ficam ainda mais reticentes em se envolver com o X, diz Lou Paskalis, da consultoria de marketing AJL Advisory.

Jasmine Enberg, analista principal da consultoria Insider Intelligence, acrescenta: “Não é preciso ser um especialista em mídia social para entender que atacar publicamente e pessoalmente anunciantes e empresas que pagam as contas do X não será bom para os negócios.”

Então o X poderia realmente ir à falência?

Se os anunciantes sumirem para sempre, o que Musk tem de trunfo?

Quando ele foi entrevistado pela BBC News em abril, ficou claro que Musk entendia que as assinaturas no X não substituiriam o dinheiro da publicidade.

“Se você tem um milhão de assinantes por, digamos, 100 dólares (R$ 492) ao ano, isso equivale a US$ 100 milhões. Esse é um fluxo de receita pequeno em relação à publicidade”, estimou ele.

Em 2022, a receita de publicidade do Twitter foi de cerca de US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões). A Insider Intelligence estima que este ano o valor cairá para US$ 1,9 bilhão (R$ 9,3 bilhões).

A empresa tem dois grandes gastos. O primeiro é a conta de pessoal. Musk já cortou X até o osso, ao demitir milhares de funcionários.

A segunda é pagar os empréstimos que Musk contraiu para comprar o Twitter, que totalizam cerca de 13 bilhões de dólares (R$ 64 bilhões). A Reuters informou que a empresa agora tem que pagar cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 5,9 bilhões) em pagamentos de juros todos os anos.

Se a empresa não puder bancar os juros dos empréstimos ou pagar o salário dos funcionários, então, sim, o X poderá realmente ir à falência.

Mas esse seria um cenário extremo, que Musk certamente gostaria de evitar.

Musk tem opções. De longe, a coisa mais simples seria investir mais dinheiro — mas parece que ele não quer fazer isso.

Musk poderia tentar renegociar com os bancos, de modo a ter acesso a juros menos onerosos.

Mas se a renegociação não funcionar e os bancos não receberem o dinheiro de volta, então a falência poderá ser a única opção e, nessa altura, os bancos poderão tentar pressionar para uma mudança de gestão da rede social.

“Seria muito confuso e complexo”, diz Jared Ellias, professor da Faculdade de Direito de Harvard, nos EUA. “E seria extremamente desafiador. Criaria muitas notícias porque ele seria constantemente deposto e teria que testemunhar em tribunal.”

Poderia ser terrível para a reputação empresarial de Musk e também teria impacto na forma como o empresário conseguiria obter empréstimos no futuro.

E, num cenário de falência, o X simplesmente sairia do ar?

“Acho isso muito difícil de acreditar nisso”, diz Ellias.

“Se isso acontecesse, seria porque Musk decidiu. Mas, mesmo assim, se ele fizesse isso, os credores teriam a opção de levar a empresa à falência, nomear um administrador e retomar a plataforma”, antevê ele.

O que vem a seguir para Musk?

A solução óbvia para todos estes problemas do X é simplesmente encontrar outro fluxo de receitas — e rápido. Musk certamente está buscando isso.

Ele lançou um novo serviço de chamadas de áudio e vídeo. No mês passado, Musk fez transmissões jogando videogame pela plataforma — ele espera que o X possa competir com aplicativos que já fazem isso, como a Twitch.

Ele quer que o X se torne o “aplicativo de tudo”, que cubra desde bate-papos até pagamentos online.

De acordo com o jornal americano The New York Times, que obteve a apresentação de Musk a investidores no ano passado, o X deveria arrecadar US$ 15 milhões (R$ 73 milhões) a partir de um sistemas de pagamentos ainda em 2023. Ele estimava que esse valor subiria para cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,4 milhões) em 2028.

O X também possui um enorme banco de dados — e seu vasto arquivo de conversas pode ser usado para treinar robôs. Musk acredita que esses dados são extremamente valiosos.

Então o X ainda tem muito potencial.

Mas, no curto prazo, nenhuma dessas opções preenche o buraco financeiro deixado pela saída dos anunciantes.

É por isso que a resposta ferina de Musk foi tão desconcertante para muitos.

“Não tenho nenhuma teoria para explicar que essas declarações fazem sentido”, diz Paskalis. “Existe um modelo de receita na cabeça [de Musk] que me escapa.”

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Maceió: área de mina registra novo tremor e aumenta risco de colapso

A área da mina 18 da Braskem, em Maceió, registrou um novo tremor na madrugada deste sábado (2/12). Em nota, a Defesa Civil, afirmou que foi registrado um abalo sismo com magnitude de 0,89 a cerca de 300 metros de profundidade.

O deslocamento vertical acumulado da mina, localizada no antigo campo de futebol do CSA, no bairro de Mutange, é de 1,56 cm e velocidade de 0,7 cm por hora. Nas últimas 24 horas, com base em análises sísmicas, foi identificado que a região registrou movimento de 13 cm. A mina, de exploração de sal-gema, pode colapsar a qualquer momento, já que existe um aumento significativo de movimentação da mina 18, deixando a população maceioense em alerta.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, informou o órgão, em nota divulgada na manhã deste sábado.

O governo federal autorizou o reconhecimento do estado de emergência em Maceió, por 180 dias, em razão do afundamento da mina. Até o momento, 14 mil imóveis foram desocupados, afetando 55 mil pessoas.

Conforme o Correio mostrou hoje mais cedo, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse, ontem, que a petroquímica Braskem será responsabilizada civil e criminalmente pelo problema. Ele afirmou que a União está atuando para minimizar os impactos da tragédia e ressaltou que a empresa deverá pagar por todo prejuízo ambiental e financeiro causado.

“O governo federal enxerga que a gente tem que ter esforços para trabalhar pela solução. Agora, quem deve pagar pelo dano é a Braskem. Ninguém deve se responsabilizar por isso. Nem para o governo federal, nem para o governo do estado, nem para a prefeitura”, disse a jornalistas.

O problema se deu na extração do sal-gema na região, que começou no início da década de 1970. O minério é utilizado para fabricar soda cáustica e PVC. Os primeiros problemas de rachadura das minas ocorreram em fevereiro de 2018. Em março daquele ano, ocorreu um tremor considerado grave, que atingiu as crateras no solo e atingiu estruturas de imóveis dos moradores da proximidade.

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Minas em Maceió: infográficos mostram detalhes do risco de colapso

O governo federal decidiu se envolver para tentar solucionar o problema que atinge parte de Maceió, por conta do risco iminente do colapso de uma mina de sal-gema. A cidade está em situação de emergência por 180 dias. Há risco de tremores de terra. Até o momento, 14 mil imóveis foram desocupados, afetando 55 mil pessoas.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse, ontem, que a petroquímica Braskem será responsabilizada civil e criminalmente pelo problema. Ele afirmou que a União está atuando para minimizar os impactos da tragédia e ressaltou que a empresa deverá pagar por todo prejuízo ambiental e financeiro causado.

“O governo federal enxerga que a gente tem que ter esforços para trabalhar pela solução. Agora, quem deve pagar pelo dano é a Braskem. Ninguém deve se responsabilizar por isso. Nem para o governo federal, nem para o governo do estado, nem para a prefeitura”, disse a jornalistas.

O problema se deu na extração do sal-gema na região, que começou no início da década de 1970. O minério é utilizado para fabricar soda cáustica e PVC. Os primeiros problemas de rachadura das minas ocorreram em fevereiro de 2018. Em março daquele ano, ocorreu um tremor considerado grave, que atingiu as crateras no solo e atingiu estruturas de imóveis dos moradores da proximidade.

mapa mutange maceio

A prefeitura montou uma força-tarefa emergencial para acolher as famílias que desejarem abrigo pela redondeza. Também foram providenciados alimentação, água, colchões, além de ônibus e caminhões para transporte e mudança. O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), informou que irá cobrar a petroquímica pelo ocorrido. “O dano ambiental foi realizado pela Braskem, que é uma das maiores empresas do Brasil, uma empresa multinacional. Ela tem que pagar esse dano e tem que ser responsabilizada civilmente e criminalmente”, disse.

Nesta semana, a Defesa Civil emitiu um alerta para o risco iminente de colapso de uma das minas na região do antigo campo de futebol do CSA. Segundo o órgão, a mina pode colapsar a qualquer momento. Técnicos mostram um aumento significativo na movimentação do solo na mina 18, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole — crateras caracterizadas pelo vazio da superfície, que podem ocorrer no solo quando não se conhece a fundo a composição e especificidades ao construir.

Em agosto de 2019, o Ministério Público Federal conseguiu a condenação da Braskem para adoção de medidas de segurança, após uma ação civil pública. A empresa foi obrigada a executar um plano de fechamento de minas e adotar uma série de medidas de segurança e a obrigou a paralisar a perfuração de novos poços de exploração do minério.

O local foi desocupado e a Defesa Civil recomenda que pessoas e embarcações evitem transitar nas proximidades. Seis escolas da rede pública de Maceió foram equipadas para abrigar pessoas que tiveram de sair de suas casas e três instituições de ensino estão de sobreaviso. Os abrigos também vão receber animais de estimação.

Emergência

Em nota, a Defesa Civil de Maceió afirmou que o deslocamento vertical da mina permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso. “Estudos mostram um aumento significativo na movimentação do solo na Mina 18, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole (vazios de superfície que podem ocorrer no solo)”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que entrou em contato com o Ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, solicitando alerta da Defesa Civil Nacional para acompanhar o caso. Ele informou que solicitou a edição de medida provisória para proporcionar à Prefeitura de Maceió condições melhores de atendimento.

“A grave crise ambiental, humana e estrutural em Maceió precisa de um amparo urgente do governo federal. Solicitei aos órgãos responsáveis a viabilização de recursos e a edição de medida provisória que garantam à prefeitura de Maceió condições de atendimento aos moradores”, afirmou, via redes sociais.

Presidente em exercício, Geraldo Alckmin afirmou que a Braskem será responsabilizada pelo dano. Ele informou que representantes do governo acompanham a situação na cidade. “Os técnicos do Serviço Geológico do Brasil e da Defesa Civil Nacional, dos três níveis de governo, monitoram, ininterruptamente, a situação da área afetada, para minimizar os danos causados pelo afundamento dos bairros atingidos e garantir a segurança da população”, disse, por meio do X (antigo Twitter).

O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) destacou ter enviado um pedido a Alckimin, para que o governo federal faça um aporte financeiro emergencial para o município. O parlamentar disse que não há nesse aporte valor ou formato definidos e que tem como objetivo é solucionar o déficit habitacional calculado de 20 mil pessoas na região afetada pela crise.

Por meio de nota, a empresa petroquímica afirmou que “continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18” e que está “tomando todas as medidas cabíveis para a minimização do impacto de possíveis ocorrências”. A Braskem frisou que o monitoramento está sendo realizado com equipamentos de última geração, para garantir a detecção de qualquer movimentação no solo da região.

Suspensão de atividades

O Ministério Público Federal junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu, ontem, a suspensão imediata da exploração mineral em Maceió. A representação, assinada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, aponta que o risco de colapso é “alarmante” e apresenta “alto risco para a integridade da população”.

Ele argumenta que o problema ameaça causar “vultosos danos materiais ao patrimônio público e privado da região” e solicita que órgãos competentes da União e a Petrobras intervenham junto a empresa para a “suspensão imediata de todas as atividades de exploração além da adoção de medidas emergenciais destinadas a impedir ou minimizar danos ora vislumbrados”.

Durante a semana, o Ministério Público Federal acompanhou presencialmente as providências adotadas pelo Sistema de Defesa Civil em Maceió, em decorrência do agravamento da situação. As Defesas Civis Nacional, do Estado e de Maceió esclareceram os dados já coletados que indicam o risco de dolinamento pontual na mina 18 e que esta movimentação não tem apresentado impacto nas demais áreas do mapa e nem nas adjacências.

A reunião foi considerada essencial pelo MPF. “Essa união entre Estado e Município, com participação da Defesa Civil Nacional, é o mais importante neste momento. Os maceioenses precisam de apoio e de confiança. As divergências políticas devem ser superadas. É hora de arregaçar as mangas e contribuir com o que cada um tem para dar”, informou o órgão.

Gabinete de crise

O município também criou um Gabinete de Crise para acompanhar a gravidade da situação. A ação caminha em conjunto às secretarias de Saúde, Educação, Limpeza Urbana, Infraestrutura, Segurança Cidadã, Causa Animal, Desenvolvimento Sustentável, Habitação e Departamento de Transporte e Trânsito.

O coordenador do grupo, Claydson Mourinha, aconselhou que as pessoas deixem as casas antes que ocorra uma tragédia. “Não sabemos se o colapso será daqui a pouco ou no final do dia, mas já se sabe que vai colapsar e não sabemos a proporção. Não precisamos de pânico, o que precisamos efetivamente é contar com a colaboração das pessoas”, disse.

Aos órgãos de controle e de segurança, o gabinete encaminhou um ofício à força-tarefa dos bairros afundados, composto por representantes do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPAL), Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE), além dos comandos da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro, Polícia Militar de Alagoas (PMAL), Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Equatorial Energia Alagoas e Algás.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), disse que o foco é evitar qualquer morte. “Esse é um momento de união, é um momento de preservar vidas. Depois do nosso plano de contingência já houve evacuação das pessoas e é importante dizer que não podemos cair em fake news. O mais importante é o trabalho preventivo, mas a cidade está preparada. Estamos acompanhando todas as atualizações que medem os tipos de afundamento, e as pessoas que estão nas bordas da nossa cidade estão sendo acompanhadas”, afirmou.

Na avaliação do geógrafo William Passos, doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o local não é seguro para voltar a ser habitado. “O ideal é que áreas de antigas minas de sal-gema sejam permanentemente isoladas e que haja um controle efetivo para evitar qualquer tipo de ocupação futura. Sem estudos geológicos mais detalhados não seria prudente arriscar qualquer tipo de dimensionamento da situação das terras dos poços de Maceió”, apontou.

* Estagiária sob a supervisão de Luana Patriolino

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Cristiano Ronaldo é processado nos Estados Unidos

O atacante Cristiano Ronaldo, do Al-Nassr (SAU), é alvo de um processo nos Estados Unidos por participar de uma publicidade da Binance, empresa de criptomoedas da China. Segundo a BBC, o gajo sofreria um prejuízo de 915 milhões de euros (R$ 4,9 bilhões) na ação. A emissora, no entanto, não identificou os responsáveis por mover o processo.

Cristiano Ronaldo, ao participar da propaganda, teria levado os requerentes a perder dinheiro, acrescentam os britânicos. O craque do time saudita e a Binance ainda não se pronunciaram sobre o assunto.

A parceria teve início em 2022. Na época, a Binance lançou um conjunto de tokens com a marca de Cristiano Ronaldo. O mais barato estava avaliado em 77 dólares (R$ 379). Depois de um ano, porém, valia cerca de um dólar (R$ 4,9), com o astro português emprestando sua imagem para promover a empresa de criptomoedas.

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Pessoas com deficiência são barradas ao viajar com cão-guia e cadeira de rodas em apps de transporte, ônibus e avião

O representante de vendas Darley Oliveira, de 29 anos, pede um carro pelo aplicativo Uber para ir ao cabeleireiro.

O motorista aceita e se dirige ao local onde ele está. Mas, ao perceber que o jovem estava acompanhado da cadela Clark, diz que não vai levá-lo.

Darley, no entanto, é uma pessoa com deficiência visual e estava com sua cão-guia.

Ele diz que explicou a situação ao motorista e que ouviu de volta que o profissional “perderia o dia” caso aceitasse a viagem.

O motorista, segundo Darley, teria feito uma referência ao tempo que teria de ficar parado limpando uma possível sujeira causada pela queda de pelos do cachorro.

Após ouvir a negativa, Darley passou a filmar o motorista e disse que iria denunciá-lo.

Nas imagens, o profissional do aplicativo aparece dizendo: “Denuncia. Tchau”, enquanto arranca com o carro.

A ação também foi gravada por câmeras de segurança do prédio onde Darley mora. Elas foram anexadas ao processo que ele abriu contra o motorista e a Uber.

A empresa foi condenada em primeira instância a pagar uma indenização por daos morais no valor de R$ 10 mil. Ainda cabe recurso.

Este é o segundo processo que Darley move contra a empresa pelo mesmo motivo.

No primeiro caso, ocorrido em 2020, ele venceu a ação contra a Uber em primeira instância, perdeu na segunda instância e diz que agora vai recorrer no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O motorista foi condenado a fazer um ano de trabalho voluntário em uma instituição voltada para pessoas com deficiência visual.

Procurada, a Uber informou que “não tolera qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app”.

O aplicativo informou ainda que tem como política o respeito à legislação “que rege o transporte de pessoas com deficiência e acomodem cães de serviço”.

A Uber, no entanto, não respondeu aos questionamentos sobre o caso de Darley.

Em uma página dedicada à política para animais de serviço, a empresa informa que “os motoristas parceiros que apresentarem comportamentos discriminatórios e violarem essas obrigações legais perderão o acesso ao app de parceiro”.

Casos como o de Darley não são incomuns, de acordo com outras pessoas com deficiência ouvidas pela reportagem e advogadas especializadas em atender esse público.

A advogada Dandara Piani está à frente de ao menos dez processos que tratam de descriminação contra pessoas com deficiência.

“Só de impedir esse acesso da pessoa acompanhada de seu cão-guia já configura discriminação. Não precisa ter o dolo. Basta a negativa ou a ausência de inclusão dessa pessoa”, diz Piani.

“O cão-guia é uma extensão dos olhos da pessoa com deficiência e esse dever é garantido em todo o país pela chamada Lei do Cão-Guia, de 2005.”

Um trecho desta lei diz que “é assegurado a? pessoa com deficiência visual acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo”.

Ao contrário do cão-guia, o motorista de aplicativo pode se negar a transportar um animal de estimação comum.

O passageiro que quiser fazer uma viagem com seu bicho em um transporte por aplicativo, como Uber ou 99, deve negociar previamente com o motorista em que condições isso será feito.

O mais comum, segundo passageiros, é que os motoristas peçam para que o animal esteja em uma caixa de transporte ou enrolado em um pano para evitar que ele espalhe pelos ou urine no veículo.

No caso da pessoa com cão-guia, no entanto, os motoristas são obrigados a aceitar o animal em todas as corridas – e não cabe fazer exigências.

Isso porque um cão-guia não pode ser comparado a um animal de estimação em nenhum ambiente e não pode ser vetado nem mesmo em restaurantes, explica a advogada Dandara Piani.

Ela orienta que, em casos de desrespeito à Lei do Cão-Guia, a pessoa com deficiência deve registrar a recusa em vídeo, áudio ou texto.

Ainda há a possibilidade de solicitar imagens da câmera de segurança da rua ou prédio onde a pessoa estava para provar que sofreu descriminação.

Um motorista de aplicativo ouvido pela reportagem, que pediu para não ser identificado, disse já ter negado corrida de uma pessoa acompanhada por cão-guia.

Ele diz que passou a fazer isso depois que um animal de grande porte, “um labrador ou golden (retriever)”, conta o motorista, deixou muitos pelos em seu banco.

“Isso quebra a gente, de verdade. Porque nenhum outro passageiro quer entrar em um carro cheio de pelo de cachorro”, diz o motorista.

“Fora que a lavagem demora pelo menos uma hora e ainda pago pelo menos R$ 150 quando preciso higienizar os bancos. Sabe quem fica com o prejuízo? Eu.”

Na última semana, Darley teve mais uma corrida negada por estar com seu cão-guia. Ele mandou os prints da mensagem que trocou com uma motorista da 99.

No início da mensagem, ele avisa que tem deficiência visual e pede para que buzine quando chegar. Ela confirma e, minutos depois, pergunta: “Você está com cachorro?”

Darley responde que sim e que é o cão-guia dele e afirma que ela é obrigada por lei a transportá-los. E diz que o cão é comportado. A motorista não responde e cancela a corrida.

Procurada, a 99 informou que “lamenta profundamente o ocorrido e, assim que o relato foi registrado em sua Central de Segurança, a motorista foi preventivamente bloqueada”.

A empresa disse ainda que “uma equipe está em contato com o passageiro para realizar o acolhimento e suporte. A plataforma se coloca à disposição para colaborar com quaisquer investigações das autoridades, se necessário”.

Darley consultou a advogada e estuda se vai processar a plataforma e a motorista pela situação.

Cão-guia no avião

Assim como nos carros de aplicativo, as companhias aéreas não podem proibir a presença de cão-guia na cabine, explica a advogada Dandara Piani.

Segundo o levantamento mais recente da União Nacional de Usuários de Cão-Guia, há 159 cães-guia em atividade no Brasil.

Spencer Miranda é uma das pessoas que conta com a assistência destes animais e conta que enfrentou problemas quando precisou fazer uma viagem sozinho de Brasília para São Paulo em julho de 2022.

Segundo ele, a Latam negou três vezes no mesmo dia que ele viajasse com seu cão-guia, o Wade.

“Falaram que eu tinha que avisar com antecedência sobre a presença do cão-guia, mas isso não é exigido por nenhuma lei federal, estadual ou portaria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, afirma Spencer.

A Anac orienta que a pessoa com deficiência avise com antecedência que viajará com cão-guia, mas reforça que a ausência desse comunicado não deve impedir o embarque.

“O Wade enxerga por mim. Convivo com ele mais do que com qualquer outra pessoa, cônjuge, familiar ou amigo”, diz Spencer.

“Quando fico sem ele, parece que está faltando um pedaço do meu corpo e, com certeza, ele sente o mesmo.”

Spencer diz ainda que a companhia pediu que ele preenchesse um formulário exigido a pessoas com deficiência que precisam levar equipamentos no voo, como cilindros de oxigênio.

Eles ainda pediram um laudo do oftalmologista para atestar a deficiência dele e outro emitido por um veterinário para provar que o cão-guia está com as vacinas em dia e atende a todos os requisitos sanitários para voar na cabine com outros passageiros.

Ele diz que conseguiu as autorizações e voltou ao aeroporto algumas horas depois para pegar o próximo voo disponível.

No entanto, conta Spencer, mais uma vez a companhia negou o embarque alegando que ele deveria ter avisado com dez dias de antecedência.

“Ninguém merece passar por isso. É uma situação indescritível. A gente está dentro da lei, tem tudo certinho. É uma sensação de impotência muito grande”, diz Spencer.

Ele processou a companhia aérea, que foi condenada em primeira instância a pagar uma indenização por danos morais de R$ 20 mil. Ainda cabe recurso.

A reportagem questionou a Latam sobre o caso, mas a empresa disse em nota que “se manifestará nos autos do processo”.

Em seu site oficial, a companhia diz que “você pode viajar com seu cão de serviço na cabine do avião sem custo adicional em todas as nossas rotas, exceto quando houver restrição pelas normas locais”.

Ela recomenda que a solicitação seja feita “com no mínimo 48 horas de antecedência”.

Procurada, a Anac informou que passageiros com cadeira de rodas ou cão-guia devem informar à companhia aérea sobre suas necessidades específicas quando comprarem a passagem ou com pelo menos 72 horas antes do voo.

Também podem ser solicitados outros cuidados médicos especiais, como o uso de maca, oxigênio ou outro equipamento.

Em todos esses casos, segundo a Anac, “é necessário apresentar documentos médicos comprobatórios, e a empresa solicitará o preenchimento de um formulário padrão chamado Formulário de Informações Médicas (MEDIF) fornecido pela empresa aérea”.

A agência, no entanto, informou que “a ausência das informações sobre a necessidade de assistência especial dentro dos prazos especificados não deve inviabilizar o transporte do passageiro”, caso ele aceite ser “transportado com as assistências que estiverem disponíveis”.

A agência disponibiliza uma página com todos os detalhes para quem precisa solicitar cuidados especiais para a viagem.

O cão-guia, segundo a Anac deve ser transportado de graça, no chão da cabine da avião, ao lado do dono e sob seu controle, “equipado com arreio e dispensado o uso de focinheira”.

A portaria da Anac ainda prevê que o cão não pode obstruir, de maneira total ou parcial, o corredor da aeronave.

Recusa de transportar cadeiras de rodas

Assim como os deficientes visuais, cadeirantes disseram à BBC News Brasil que também têm corridas recusadas por motoristas de aplicativo.

Nesses casos, a principal justificativa, segundo os passageiros com deficiência, é que a cadeira de rodas não cabe no veículo.

“De fato, alguns carros não têm porta-malas espaçoso e podem fazer a recusa. Mas os outros não podem negar”, explica a advogada Dandara Piani.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, n° 13.146, prevê que “o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”.

Dessa maneira, o motorista não pode cancelar uma corrida pelo fato de a pessoa ser cadeirante.

Essa lei já foi usada como argumento em ações contra motoristas e aplicativos de corrida que se recusaram a transportar cadeirantes mesmo quando o porta-malas do veículo comportava a cadeira.

Em um desses casos, a empresa foi condenada a pagar uma indenização de R$ 1 mil por danos morais.

“Não havendo justo motivo para o cancelamento, somado com os depoimentos das testemunhas em audiência de instrução, entendo que a ré praticou ato ilícito classificado como indenizável”, diz um trecho da sentença.

O designer gráfico e estudante de direito Leandro Manger, de 31 anos, vive no município catarinense de Rancho Queimado e diz que constantemente tem corridas negadas por motoristas de aplicativo que se recusam a levar sua cadeira de rodas.

Mas diz que não entrou com nenhum processo por conta da dificuldade de provar o motivo do cancelamento.

Ele conta que já passou por situações humilhantes não apenas nos serviços de aplicativos, mas também no transporte público, por “má vontade e preconceito”.

“Há alguns anos, eu precisei levar meu computador para arrumar na cidade vizinha e o motorista do ônibus não quis me transportar”, conta.

“Entre as desculpas, ele falou que o bagageiro estava cheio, depois falou que eu não poderia levar um computador na cabine e, quando viu que eu tinha passe livre, disse que a empresa não poderia aceitar aquilo porque teria prejuízo.”

Leandro teve que esperar outro ônibus e só conseguiu viajar horas depois. Depois disso, ele conta que fez uma reclamação na empresa e que o motorista foi orientado a levá-lo nas próximas viagens.

“Desde então, sempre que eu precisava pegar ônibus com esse motorista, ele ficava conversando em voz alta com o fiscal que o passe livre – que eu tinha – não deveria existir. Ele falava para me atingir mesmo”, relata.

Ele conta que, na época, não processou o profissional e a empresa porque não tinha conhecimento dos direitos dele.

No entanto, isso o inspirou a estudar e entrar em uma área na qual ele pudesse ajudar pessoas que passam por situações semelhantes. Hoje, Leandro é estudante de Direito.

“Essas situações com certeza me inspiraram a aprender a lutar não só por mim, mas também por outras pessoas”.

O que pode ser feito

Na ação que move contra a Uber, Darley Oliveira diz que não busca apenas uma condenação da empresa, mas também deseja que a empresa altere sua comunicação com os motoristas.

“O aplicativo precisa dizer que o cão-guia vai no assoalho, que ele é dócil e não é um pet comum. Tem pessoas com mais de 20 mil corridas que nunca levaram um cão-guia”, afirma Darley.

“Mesmo que o carro seja dele, o motorista precisa saber que não está fazendo um favor ao carregar um cão-guia, mas sim respeitando a lei. O problema é que o aplicativo não lembra ele disso.”

Por isso, acredita que empresas deste tipo deveriam fazer um trabalho melhor para orientar os prestadores de serviço.

“O carro é deles, tudo bem, mas eles não conseguem entender que estão prestando um serviço público”, diz Darley.

“O que deve haver é uma melhor orientação e punição das empresas para que os motoristas sejam expulsos da plataforma em caso de descumprimento da lei.”

A advogada Kátia Bunn diz que já atendeu “inúmeros” casos relacionados a pessoas com deficiência. As ações vão desde empresas aéreas, estudantes sem transporte para estudar a faculdades sem acessibilidade.

Segundo ela, as penas para quem discrimina uma pessoa com deficiência depende da situação.

“O autor da ofensa pode receber desde uma sanção criminal, até uma ação por danos morais e materiais. Essas atitudes dilaceram e impactam fortemente a vida da vítima”, diz Bunn.

A advogada diz que, embora existam leis que defendam as pessoas com deficiência, elas não são aplicadas de maneira eficaz.

Para ela, o Brasil ainda precisa conscientizar as pessoas para que elas reconheçam as pessoas com deficiência como legítimos cidadãos.

A advogada Dandara Piani acredita que casos como os de Darley e Spencer ainda ocorrerão muitas vezes esse no Brasil porque as penas aos infratores são baixas, diferentemente do que ocorre em outros países.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Uber foi condenada a pagar uma indenização no valor de R$ 1,1 milhão de dólares (R$ 5,5 milhões) após uma passageira ter 14 corridas negadas por estar com seu cão-guia.

“Por conta dos valores baixos (aplicados no Brasil), a gente não vê mudanças nas políticas para tornar mais efetiva a comunicação para os motoristas de que eles são obrigados a levar o cão-guia”, diz Piani.

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Vandalismo que mata: destruição e furtos de bens públicos causam acidentes com vítimas no Rio

O silêncio da madrugada de 16 de janeiro de 2021 foi interrompido às 5h, por um forte barulho na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo. A dona de casa Raquel Ribeiro, moradora do bairro Porto da Madama, lembra de ter se levantado correndo, achando que “um caminhão tivesse batido em um carro”. Ao chegar na sacada, surpreendeu-se ao ver que uma moto tinha passado por um bueiro destampado e que o seu condutor estava caído na calçada. Horas antes do acidente, a tampa metálica havia sido furtada, de acordo com a prefeitura. A vítima do vandalismo foi o tatuador e grafiteiro Leonardo da Conceição Pessanha, o Leo Pakato, que morreu aos 41 anos, deixando mulher e filha, que tinha 10 anos à época.

Vandalismo que envergonha: depredações custam mais de R$ 220 milhões no Rio A reciclagem de um crime: do fio de cobre ao bueiro, o caminho percorrido pelos metais furtados

2 de 6 Leo Pakato morreu aos 41 anos, ao passar com sua moto sobre bueiro destampado na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo — Foto: Reprodução / Facebook / Fundação de Arte de Niterói Leo Pakato morreu aos 41 anos, ao passar com sua moto sobre bueiro destampado na Rua Comandante Ari Parreiras, em São Gonçalo — Foto: Reprodução / Facebook / Fundação de Arte de Niterói

No segundo dia da série de reportagens “Um crime contra todos”, mostramos que o vandalismo mata, de inocentes, como Leo, até responsáveis pela depredação. Em geral, os autores são enquadrados nos crimes de dano e/ou furto, e a pena branda acaba não coibindo a prática, segundo o criminalista Carlos Fernando Maggiolo, professor de Direito Penal. Outro desafio é identificar o criminoso.

A morte de Leo Pakato, reconhecido “pela perfeição de seus traços, tanto nos desenhos, tatuagens quanto em seus grafites” — conforme descreveu a Fundação de Arte de Niterói, em nota de pesar divulgada à época de sua morte — ainda machuca quem o amava, como a viúva Michele Moreira, que prefere não relembrar o episódio.

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Denúncia anônima: Parceria permitirá ao Disque Denúncia receber informações sobre vandalismo, furtos e roubos a ônibus

— Ainda é desconfortável para mim — diz ela, que move ação na Justiça contra o município e a Cedae. Segundo o escritório de advocacia que a defende, uma prova pericial poderá apontar de quem era a responsabilidade pelo equipamento.

A prefeitura de São Gonçalo alega que a reposição da tampa cabia a uma concessionária de telefonia, e que “não comenta processos judiciais em andamento”. A nova tampa tem a inscrição “águas pluviais”. Já a Cedae diz que foi comprovado que se tratava de caixa de empresa de telefonia. Segundo a Polícia Civil, a “investigação está em andamento na 73ª DP (Neves) e é acompanhada pelo Ministério Público”.

3 de 6 Bueiro que teve tampa furtada em 2021, em São Gonçalo: na ocasião, Leo Pakato morreu depois de cair de moto ao passar sobre o buraco — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo Bueiro que teve tampa furtada em 2021, em São Gonçalo: na ocasião, Leo Pakato morreu depois de cair de moto ao passar sobre o buraco — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

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Veja publicações: Prefeito do Rio usa redes sociais para denunciar vandalismo na cidade

Conforme o município, são realizadas cerca de 60 substituições de tampas de bueiros e ralos de ferro mensalmente, com custo de R$ 17 mil.

O vandalismo também transforma em vítima quem precisa reparar o que foi destruído. Em abril de 2022, Ricardo de Jesus, colaborador da Rioluz, morreu na estação Leila Diniz, do BRT, em Curicica. De acordo com a empresa, ele fazia a “manutenção de uma câmera vandalizada”, quando “sofreu um choque mesmo utilizando todos os equipamentos de proteção obrigatórios”.

Um crime contra todos: vandalismo se espalha por todo o Rio

1 de 29 Prefeitura anuncia instalação de GPS em peças metálicas, para chegar aos ferros-velhos receptadores; na foto, apreensão de 20 toneladas de fios de cobre — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

2 de 29 Os 1.155 km de cabos furtados de CET-Rio e da Rioluz equivalem a mais do que a distância do Rio a Porto Seguro (BA) — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

29 fotos

3 de 29 Na saída da praia, jovens quebram alçapão do ônibus e viajam na saída da Zona Sul — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 4 de 29 Estádio do Maracanã precisou instalar uma oficina para reparar a grande quantidade de cadeiras depredadas — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 5 de 29 Maracanã: em 127 jogos, realizados em 2022 (ano todo) e 2023 (até 11 de novembro), 8.063 assentos foram depredados — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 6 de 29 Custo com cadeiras vandalizadas no Maracanã é de R$ 2,6 milhões. Valor é repassado para clubes mandantes e entidades de futebol — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 7 de 29 Assentos vandalizados (jan.2022-nov.2023) equivalem a 11,5% do total de 70 mil lugares do Maracanã — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 8 de 29 Papeleiras destruídas são transformadas em “papões”, uma espécie de pá usada na varrição da Comlurb — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 9 de 29 Por mês, 800 “papões” são produzidos na fábrica Aleixo Gary, da Comlurb, em Campo Grande — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo 10 de 29 Numa única noite, criminosos furtaram 67 papeleiras do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas — Foto: Comlurb / Divulgação 11 de 29 Estátua de bronze do túmulo de Cláudio de Sousa foi furtada do cemitério São João Batista, em Botafogo, em novembro. A peça pesava 120 quilos — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 12 de 29 Antes e depois do túmulo do ex-presidente da ABL Cláudio de Sousa Foto: Adriana Lorete e Gabriel de Paiva 13 de 29 Portão furtado do Mausoléu do Marquês do Paraná nunca mais reapareceu — Foto: Hermes de Paula 14 de 29 Túmulo de Clara Nunes teve as argolas de bronze furtadas — Foto: Reprodução 15 de 29 Em outubro de 2023, 35 ônibus foram incendiados em represália à morte do miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, na Zona Oeste — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo 16 de 29 Ônibus convencionais, BRTs e de fretamento foram consumidos pelas chamas no ataque — Foto: Domingos Peixoto 17 de 29 Alçapões de ônibus estão entre os itens vandalizados nos coletivos — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo 18 de 29 Saída de Copacabana, Aterro do Flamengo e entornos de Jacaré e Maré são os lugares que ônibus mais são depredados, diz RioÔnibus— Foto: Marcelo Carnaval/ Agência O Globo 19 de 29 Contêiner da Comlurb sendo carregado por homem pendurado em ônibus no Rio — Foto: Reprodução 20 de 29 Entre os monumentos vandalizados no Rio, estátua da mãe do marechal Deodoro da Fonseca foi furtada de monumento na Glória em 2020 — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 21 de 29 Peça para dona Rosa Paulina da Fonseca pesava 400 quilos — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo 22 de 29 Estátua de Carlos Drummond Andrade, em Copacabana, teve seus óculos furtados mais de 10 vezes desde a inauguração, em 2002 — Foto: Márcio Alves / Agência O Globo 23 de 29 Busto à ex-primeira-dama Sarah Kubitschek foi furtada em Copacabana em março de 2023 — Foto: Reprodução 24 de 29 Bronze dá lugar à resina: projeto-piloto da Secretaria municipal de Conservação troca material da estátua a Orlando Silva, no Cachambi, após furtos — Foto: Divulgação 25 de 29 Comlurb testa papeleiras envoltas por concreto no Parque Madureira e no Méier; metade das 32 mil instaladas na cidade foram depredadas entre 2022 e 2023 — Foto: Divulgação / Comlurb 26 de 29 Funcionário da Prefeitura do Rio instala proteção em caixa de luz para evitar atos de vandalismo — Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio 27 de 29 Chafariz dos Golfinhos, na Glória, passou seis anos sem funcionar. Restaurado, foi religado em setembro de 2023 e, desde então, já foi depredado por três vezes — Foto: Divulgação / Secretaria municipal de Conservação 28 de 29 À luz do dia, homem não se inibe. Pendurado na fiação da Avenida Edgard Romero, em Madureira, ele tenta furtá-la — Foto: Reprodução 29 de 29 Em novembro de 2023, PM fez uma das maiores apreensões de cabos de telefonia da história. As 200 toneladas foram apreendidas em operação nos morros do Fallet, Fogueteiro e Coroa — Foto: Divulgação / PMERJ— Foto: Divulgação / PMERJ

Na Região Metropolitana, despesas com o vandalismo passam de R$ 220 milhões no período entre janeiro de 2022 e outubro de 2023

Miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, é morto: mais de 30 ônibus e um trem são queimados em represália

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Ainda no ano passado, em agosto, um corpo foi encontrado dentro de uma galeria subterrânea da Light, no Centro do Rio. O morto, diz a concessionária, estava tentando furtar cabos de energia.

4 de 6 Consequências do vandalismo — Foto: Editoria de Arte Consequências do vandalismo — Foto: Editoria de Arte

Ao cortar um cabo, o criminoso passa a ser condutor de uma corrente de 1.000 ampères, pontua o gerente de rede subterrânea da Light, Leonardo Bersot, que admite sentir “frio na barriga” quando vê vídeos de pessoas sem treinamento em contato com a rede elétrica.

— A eletricidade é muito forte, e pode levar a lesões graves, queimaduras geradas pelo calor da corrente elétrica, ou até mesmo à morte. Principalmente para quem não tem treinamento — observa Leonardo, assinalando que os profissionais tomam as precauções necessárias para realizar o serviço de forma segura.

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Risco a motoristas: Furtos de mais de 52km de cabos este ano causam apagão nos sinais do Rio

Pena de detenção não passa de três anos

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que, em 2022 e no primeiro semestre deste ano, foram registrados mais de 1.400 casos de dano ao patrimônio público no estado. O crime de vandalismo está enquadrado no artigo 163 do código penal, que trata de dano (“destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”), com pena de detenção de um a seis meses. Ele é qualificado se cometido com violência ou ameaça, assim como quando é contra bens públicos ou de concessionárias, com pena de até três anos.

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— A probabilidade de o cidadão ser solto e responder ao processo em liberdade é enorme. Só se recomenda a prisão quando a pena é a partir de quatro anos. Então, hoje, nosso ordenamento jurídico é um convite para que se pratique o crime de vandalismo — diz Maggiolo, que sugere a criação de um tipo penal para vandalismo, com pena de reclusão de três a cinco anos.— Enquanto o Congresso não se mobilizar para criar um tipo penal exclusivo para esse fenômeno social, não vamos conseguir um comportamento social adequado.

Após ser alvo de vandalismo: Chafariz da Glória ganha pintura e limpeza

A sanção é tão pequena que, no mês passado, um homem flagrado por agentes do programa Segurança Presente furtando um poste em Charitas, Niterói, ficou preso por apenas dois dias. Aos policiais, disse que furtou “porque quis, já que na rua têm vários”. Ele foi levado para a 76ª DP (Niterói) carregando o poste. Transferido para o sistema prisional, obteve alvará de soltura 24 horas depois.

Um crime contra todos

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De tão recorrente, o vandalismo acaba envolvendo até prestadores de concessionárias. Na última sexta-feira, um deles, terceirizado da Light, foi preso em flagrante por furto qualificado, após relato ao Disque Denúncia (2253 1177). Com ele, foram encontradas mercadorias avaliadas em R$ 20 mil, como 200 metros de cabos e disjuntores com logotipo da empresa. A Light diz que “estão sendo tomadas as medidas cabíveis”.

Ancelmo Gois: Com prejuízo de milhões, Prefeitura do Rio vai liberar publicidade em lixeiras espalhadas pela cidade

5 de 6 Prestador de serviço da Light foi preso na última sexta-feira por furto qualificado em Duque de Caxias. Com ele, foram encontrados 200 metros de fios e disjuntores com logotipo da empresa — Foto: Divulgação / Disque Denúncia Prestador de serviço da Light foi preso na última sexta-feira por furto qualificado em Duque de Caxias. Com ele, foram encontrados 200 metros de fios e disjuntores com logotipo da empresa — Foto: Divulgação / Disque Denúncia

A maior parte das denúncias anônimas sobre vandalismo no estado, feitas nos primeiros dez meses deste ano, citam ações contra a infraestrutura de empresas de telefonia e TV a cabo. O material inclui tampas de metal de caixas de visitas e cabos. Em seguida no ranking, estão atos contra ônibus e a iluminação pública.

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6 de 6 Destruição que vira denúncia — Foto: Editoria de Arte Destruição que vira denúncia — Foto: Editoria de Arte

Alguns casos que chegam ao Disque Denúncia revelam a ligação de traficantes com a destruição. Eles são responsabilizados por cortar cabos de internet da Rua Euclides da Cunha, na Vila São João, em São João de Meriti. Outro relato informa que apagam lâmpadas de postes da Rua Imbé, em Coelho Neto, para facilitar a venda de drogas numa barraca de salgados desativada.

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Produção agrícola do DF foi afetada pelas altas temperaturas do período

A onda de calor sem precedentes decorrente de massa de ar quente tem causado temperaturas mais altas do que o normal e afetado a produção agrícola do Distrito Federal de forma intensa. As culturas mais atingidas têm sido grãos, como feijão, soja e milho, além de hortaliças, frutas e legumes. Especialista ouvido pelo Correio sinaliza que a produção de feijão foi a mais afetada no DF, seguido pela soja e hortaliças. Chuvas previstas para este fim de semana devem amenizar o impacto. No entanto, os preços finais dos produtos serão afetados devido ao prejuízo acumulado até o momento.

Segundo o engenheiro agrônomo e extensionista rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), Carlos Banci, 25% da produção de feijão no Distrito Federal já foi comprometida. “Essa cultura é bastante plantada no DF e, por ser um ciclo curto, tem sofrido muito com as mudanças climáticas. O calor foi muito excessivo e afetou as demais plantações”, ressaltou.

O produtor rural César Augusto Gelain planta feijão, soja e milho na Fazenda Larga, em Planaltina-DF, dando continuidade ao trabalho do pai, que começou a produzir o grão em 1998. Ele estima um prejuízo de cerca de

R$ 250 mil, neste ano, devido à seca e às fortes ondas de calor. “O impacto está sendo muito grande. O rombo financeiro vai ser de, no mínimo, R$ 2 mil por hectare. São 107 hectares ao todo. As condições climáticas geraram atraso no plantio. Inclusive, precisamos fazer replantio em algumas áreas”, contou.

O prejuízo financeiro e os investimentos extras que estão sendo feitos para conter os impactos causados pelo clima de verão impactar no preço dos produtos ao consumidor final. “A gente tenta se empenhar ao máximo para produzir mais, independentemente do preço que vamos vender. Mas, na situação que estamos, já está concretizado que teremos uma quebra de produção, precisamos que o preço comercial tenha valor agregado para compensar o prejuízo”, declarou César.

De acordo com César, devido ao calor, algumas áreas ficarão com estandes — como é chamada a quantidade de plantas por metro — muito baixos. “O ideal é 200 mil plantas sadias e bem desenvolvidas em um hectare para alcançar a produção que a gente almeja que é em torno de 50 ou 55 sacas por hectare. Com essa falta de chuva, o estande vai ser baixo e, com isso, vou ter que fazer mais investimento em nutrição, tentar trazer as plantas que sobraram mais bem nutridas possíveis”, destacou.

O agricultor explica ainda que, pelo fato do feijão ser muito sensível, ao se deparar com calor forte durante a florada, pode ser afetado de forma mais forte do que outras culturas. “Agora, é acompanhar, torcer para que as previsões melhorem, que não falte água. Já tive uma perda, se continuarem as ondas de calor e falta de água, vou ter outra quebra de produção, aí aumenta mais ainda o prejuízo”, salientou.

Para conter os danos, César está reforçando o trabalho de limpeza e nutrição do solo, além da eliminação de ervas daninhas para que não haja competição da água com o feijão. “As plantas que sofreram o estresse precisam se restabelecer para continuar aguentando o calor, que deve continuar até o fim do ano”, pontuou.

O trabalho de contenção de pragas é feito por meio de um procedimento denominado pulverização agrícola, que é uma ação facilitadora para aplicação de produtos de controle de pragas, além de defensivos e fertilizantes. “É também um desafio, porque não dá para fazer a pulverização em horários muito quentes, senão perde-se por evaporação”, explicou.

Uma das pragas que se instalaram na lavoura de César é a lagarta do elasmo, que entra dentro do caule e vai degradando até matar a planta. “Agora, com falta de chuva e estresse hídrico não conseguimos fazer aplicação, não tem o que fazer. A gente tem que aguardar chover para entrar tentando fazer algum controle, porém é muito difícil depois que a praga já está instalada”, lamentou.

César geralmente planta milho na safrinha, que é o cultivo realizado logo após a safra. Mas, devido ao impacto gerado pelo calor, houve uma quebra de produtividade e, consequentemente, a produção de milho será menor para o próximo ano. Além disso, também haverá um atraso, pois a safrinha só pode ser plantada após a colheita do feijão.

Joceilson Alves de Sousa, produtor de hortaliças e plantas medicinais no Núcleo Taquara, em Planaltina, também teve seu cultivo prejudicado pelo forte calor. “Precisamos fazer replantio. Com o sol e a escassez de umidade, plantas pequenas não suportam mesmo com sistema de irrigação artificial”, disse.

Além de hortaliças, Joceilson produz pimentão, abobrinha, tomate, jiló, maxixe, banana, maracujá e plantas medicinais. “Tivemos muita dificuldade no plantio das mudas novas e também para manter as plantas adultas em um bom vigor. A produção caiu bastante”, reiterou.

O produtor citou ainda o fator humano como um dos mais impactados com o calor intenso. “Estava tão quente que não tinha como exigir aos colaboradores ficarem no sol. A mão de obra ficou paralisada por conta disso. O sol intenso gerou a necessidade de irrigação extra, trabalho extra. No geral, os produtores têm sofrido bastante. Apliquei um horário flexível na minha propriedade. O trabalho vai até 11h e só volta após as 15h”, esclareceu.

Aproximadamente 60% da área da soja, produção de maior volume no DF, já foi plantada. “A maioria germinou, mas os produtores estão sofrendo com relação à seca e calor. Está tendo injúria por causa do clima e isso está afetando a produtividade. Em alguns lugares, como Tabatinga e Rio Preto, vai haver necessidade de fazer replantio”, afirmou o engenheiro agrônomo Carlos Banci. “A situação é de apreensão, falta ainda plantar 40% da soja. Vai ser plantado fora da janela ideal de plantio, portanto muito tarde. O período correto é de 15 de outubro a 15 de novembro. Passou desta data, começa a ter problema”, concluiu.

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Justiça determina suspensão de cobranças da 123milhas no cartão de crédito

A desembargadora Shirley Fenzi Bertão, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, optou por interromper as cobranças de parcelas remanescentes de passagens aéreas feitas por clientes da 123milhas através de cartão de crédito. A decisão tomor por base a avaliação de que os critérios estipulados pelo artigo 300 do Código de Processo Civil estavam presentes, considerando a probabilidade do direito, o perigo de dano ou comprometimento do resultado útil do processo.

A medida foi baseada em um agravo de instrumento apresentado pelo Instituto Defesa Coletiva no caso envolvendo a 123milhas e abrange cobranças feitas pelos cartões dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Itaú e Nubank.

A penalidade por descumprimento da ordem judicial é uma multa diária de R$ 2 mil, com limite de R$ 20 mil por consumidor, aplicável apenas àqueles que não receberam a prestação de serviço.

Na sua decisão, a desembargadora explicou que a falta de resolução do problema com a empresa justifica a concessão de uma tutela de urgência. Ela ressaltou que a concessão parcial da antecipação da tutela visa suspender as cobranças por cartão de crédito das parcelas pendentes à 123milhas, as quais foram contestadas pelos consumidores com antecedência de pelo menos 10 dias a partir da data de vencimento da fatura.

Lillian Salgado, presidente do Comitê Técnico do Instituto Defesa Coletiva, elogiou a decisão da desembargadora, destacando que ela está em conformidade com o artigo 54-G do CDC, o qual protege os direitos financeiros dos consumidores, possibilitando a interrupção do pagamento de parcelamentos de pacotes adquiridos por meio de cartão de crédito.

Salgado argumenta que, se as instituições financeiras e operadoras de cartão lucraram com as transações da 123 Milhas no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro, as consequências da não prestação de serviço pela empresa devem recair sobre essas instituições ou a própria empresa, sem penalizar os consumidores.

O caso teve início em agosto deste ano, quando a juíza Cláudia Helena Batista, da 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, deferiu o pedido de recuperação judicial da 123milhas. A magistrada suspendeu todas as ações e execuções contra a companhia por 180 dias e exigiu que a empresa apresente contas mensais demonstrativas durante o período de recuperação judicial, além de um plano de recuperação em 60 dias, sob a ameaça de falência.

O valor total do processo envolvendo a 123milhas é de R$ 2 bilhões, com a empresa enfrentando alegações de 700 mil credores.

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Falência da WeWork: os espaços de coworking estão com os dias contados?

A WeWork, empresa global de coworking – cujo valor de mercado chegou a atingir US$ 47 bilhões (cerca de R$ 230 bilhões) – entrou com pedido de recuperação judicial em Nova Jersey, nos Estados Unidos, no dia 6 de novembro.

A notícia fez com que o preço de suas ações despencasse rapidamente, fazendo com que o valor da empresa caísse para menos de US$ 50 milhões (cerca de R$ 245 milhões). E, embora alguns locais permaneçam abertos, a WeWork começou fechar escritórios em todo mundo.

O colapso da companhia foi espetacular, em parte devido à fascinante história da sua ascensão e queda, que foi documentada em uma minissérie de 2022, com Anne Hathaway e Jared Leto.

Seu nome ocupa posição de destaque na imaginação popular. “WeWork” se tornou praticamente sinônimo de “coworking”, como “Kleenex” para “lenço de papel” e “Google” para “busca”.

Agora, o mundo do coworking começa a sentir arrepios após a repercussão da falência da WeWork.

Mas as recentes dificuldades da empresa chegaram em uma época de histórico crescimento (ainda que silencioso) do mundo dos escritórios compartilhados. E os especialistas afirmam que, mesmo com o desaparecimento da WeWork, a necessidade e o desejo de espaços coworking irão permanecer – e outras empresas se preparam para aproveitar a oportunidade.

As falhas da WeWork

Um motivo importante que pode impedir a queda da WeWork de prejudicar o setor de coworking é a natureza das suas falhas, em grande parte relacionadas à posse de imóveis pela empresa.

Muitos administradores bem sucedidos de espaços de coworking preferem firmar parcerias com locadores comerciais para oferecer seu conjunto de amenidades e regalias aos seus membros, em troca de uma taxa fixa ou uma parcela dos lucros gerados pelas mensalidades.

Mas a WeWork assumiu uma série de locações de longo prazo e ela própria cobrava diretamente toda a renda dos seus membros. O modelo permitiu que a empresa aproveitasse mais os lados positivos do modelo, mas também a expôs a um risco bem maior.

No seu auge, a WeWork assumiu dívidas de cerca de US$ 19 bilhões (cerca de R$ 93 bilhões) para manter 777 locais de trabalho em 39 países. A maioria era de aluguéis de longo prazo que a empresa esperava pagar com as mensalidades dos seus membros.

Mas a pandemia fez com que os usuários cancelassem seus planos, deixando a WeWork sem os fundos necessários para pagar os aluguéis.

Especialistas afirmam que a crise causada pela covid-19 não foi a única causa da morte da WeWork.

“Não foi a pandemia que quebrou a WeWork, foi o seu modelo comercial”, acredita John Arenas, CEO (diretor-executivo) da empresa de coworking Serendipity Labs, que opera nos Estados Unidos.

“Passei por quatro recessões neste setor em 30 anos – mais a pandemia, então são cinco – e o aluguel de longo prazo dura mais que o ciclo – existe simplesmente uma assimetria”, afirma ele. É bom lembrar que Arenas trabalha neste setor desde os anos 1990 e deixou claras suas dúvidas sobre a viabilidade do modelo da WeWork – pelo menos, desde 2014.

Demanda crescente

Apesar dos problemas da WeWork, especialistas acreditam que o futuro do setor de coworking é muito promissor.

Sara Sutton, do Estado americano do Colorado, é a fundadora e CEO do serviço de trabalho remoto FlexJobs. Ela afirma que a normalização do coworking como forma de trabalho fez com que a oferta de escritórios compartilhados se tornasse mais importante do que nunca.

“Antes da pandemia, ainda era preciso muito trabalho de convencimento sobre como integrar o trabalho remoto e híbrido nas organizações”, afirma ela. “Não precisamos mais tentar convencer. Todos sabem que é algo estabelecido e as organizações, agora, estão formalizando seus cargos remotos ou híbridos.”

Sutton destaca que os espaços de coworking eram tradicionalmente populares junto aos freelancers e às pessoas que trabalham de forma remota, mas não contam com um ambiente de home office produtivo.

Essas pessoas ainda existem, mas ela observa que as empresas de coworking também estão sendo procuradas por empresas que estão diminuindo de tamanho ou reduzindo seus espaços permanentes nos imóveis, após a revolução do trabalho remoto.

“Os espaços de coworking oferecem flexibilidade e uma grande oportunidade de interação social e comunidade, o que será muito importante para compensar alguns dos elementos do trabalho remoto que as pessoas estão conhecendo cada vez mais, como o sentimento de solidão ou o anseio de interação social”, explica ela.

“As organizações remotas estão se voltando cada vez mais para o ambiente de trabalho [flexível] como parte integrante das suas estratégias, oferecendo subsídios ou até fazendo com que suas equipes em uma mesma região usem espaços de coworking como sedes locais.”

Os profissionais também estão percebendo que os espaços de coworking se adaptam cada vez mais às suas novas vidas com o trabalho remoto.

Mark Dixon, fundador e CEO da IWG – gestora da rede de espaços globais de coworking Regus – afirma que uma parcela cada vez maior de clientes trata o acesso a esses espaços como se fosse uma academia de ginástica. Eles procuram regalias, recursos, programas sociais e amenidades, embora apenas uma pequena parte dos seus membros faça uso do espaço ao mesmo tempo.

Dixon também afirma que muitos dos seus clientes – um milhão, muitos dos quais trabalham principalmente em casa – também estão utilizando cada vez mais os escritórios virtuais da empresa no lugar dos espaços físicos, onde “fazemos toda a sua parte administrativa, atendemos chamadas e lidamos com todas as tarefas de administração”.

Esses profissionais também fazem uso de qualquer edifício que quiserem. “Isso vem crescendo significativamente nos últimos anos, como resultado direto dessa mudança para o ambiente de trabalho mais nômade”, ele conta.

Configurações deste tipo estão ficando cada vez mais atraentes e desempenham papel importante no mundo pós-pandemia. Elas oferecem uma experiência mais eficiente de trabalho híbrido: o melhor do escritório, quando e onde os trabalhadores quiserem.

E Dixon acredita que os profissionais, de fato, querem esta possibilidade. Ele nunca esteve tão otimista quanto ao futuro do setor. E, enquanto a WeWork enfrenta sua recuperação judicial, a IWG registra recordes de receita.

Quem irá ocupar o lugar da WeWork?

Com a demanda crescente pelos espaços de coworking, a falência da WeWork pode criar oportunidades para outros fornecedores, especialmente os que atendam às novas preferências dos profissionais.

A WeWork pode ser o nome mais conhecido do setor e sinônimo de coworking na linguagem popular. Mas várias outras empresas firmaram seu espaço nos últimos anos. Elas simplesmente não mereceram tantas manchetes, controvérsias e minisséries de TV.

Fundada 35 anos atrás, a Regus é uma dessas companhias com presença estável no mercado.

“Estamos no mesmo setor, estamos no mesmo segmento, mas eles estão vindo de outra direção”, afirma Mark Dixon. Segundo ele, a IWG mantém mais de 4 mil locais de trabalho em 120 países.

“[A WeWork] está muito concentrada em algumas cidades, de forma que a diferença é que nós temos uma grande rede espalhada por todos os Estados Unidos e pelo mundo, em muitas cidades.”

Dixon acredita que os profissionais não procuram mais escritórios no centro das cidades, como no lançamento da WeWork, em 2010 – voltada principalmente para profissionais urbanos que buscavam alternativas às cafeterias.

Agora, ele observa que a prioridade dos profissionais remotos é eliminar a necessidade de transporte nas cidades, procurando espaços ultralocais. A Serendipity Labs adota uma abordagem parecida, oferecendo espaços em subúrbios vizinhos a cidades importantes, como Nova York, nos Estados Unidos.

Para Sara Sutton, desde que ela lançou a FlexJobs em 2007, analistas vêm destacando diversos eventos que poderiam indicar o fim da era da flexibilidade.

“Certa vez, foi o Yahoo! e Marissa Mayer [ex-CEO que proibiu seus funcionários de trabalharem de casa], depois quando a IBM cancelou sua política de trabalho remoto”, relembra ela. “As pessoas estão sempre procurando um motivo para dizer que ‘isso não vai acontecer’.”

As recentes dificuldades da WeWork trazem a Sutton uma sensação de déjà vu: “os números mostram que o interesse pelos espaços de coworking está crescendo e não vejo esse interesse diminuir por causa da WeWork”.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Worklife.

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Com destino a Brasília, passageira será indenizada após ficar para trás em rodoviária

Uma passageira que foi deixada para trás na rodoviária de Ipatinga (MG), no Vale do Rio Doce, vai receber uma indenização de R$3 mil, por danos morais de duas empresas de transporte rodoviário.

A decisão é da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que manteve a decisão da Comarca de Tarumirim, que fica na mesma região.

O caso ocorreu em 24 de janeiro de 2019, quando a consumidora comprou um bilhete de Ipatinga para Brasília (DF), mas não conseguiu viajar, pois não encontrou o ônibus na plataforma da rodoviária.

Em defesa, a viação local argumentou que, como a empresa nacional vendeu o bilhete, ela é que tinha de arcar com o prejuízo. Esta, por sua vez, alegou que o veículo estava na plataforma no horário marcado, não havendo falha na prestação do serviço.

A decisão da 1ª Instância considerou as duas empresas parte da cadeia consumerista e que as informações têm que ser claras para o destinatário dos produtos ou serviços, o que não teria ocorrido. A consumidora ficou esperando na rodoviária de Ipatinga das 20h às 23h30. Por isso, a conclusão foi que ela merecia ser indenizada pelo custo daquele dia e por danos morais.

As duas empresas recorreram à 2ª Instância. O relator no TJMG, desembargador José Flávio de Almeida, manteve a sentença. Segundo o magistrado, as empresas trouxeram argumentos confusos ao processo, pois apenas no que se refere ao horário de chegada e da partida do veículo da rodoviária de Ipatinga constavam três informações distintas.

O relator negou provimento ao pleito da consumidora de aumento no valor da indenização por danos morais, argumentando que, como a passageira viajou na semana seguinte, não houve caracterização de urgência que acarretasse danos morais mais elevados.

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