Lula diz que vai acabar com bets se regulamentação não resolver problemas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que vai acabar com as bets — casas de apostas on-line — se a regulamentação não resolver os problemas de endividamento, vício e crimes, como a lavagem de dinheiro. Segundo o presidente, o governo optou por observar os efeitos da regulamentação antes de tomar novas medidas, mas reforçou a possibilidade de proibir a atividade. A decisão de esperar os efeitos da nova lei que rege o mercado de apostas no país, cujo prazo de vigência começou na semana passada, foi tomada durante reunião no Palácio do Planalto, com representantes de 14 ministérios.

“Nós tínhamos uma opção: ou acabava definitivamente, ou a gente regulava. Optamos pela regulamentação. E me parece que, essa semana, mais de duas mil bets já saíram de circulação”, declarou Lula em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, Bahia. “Então nós vamos ver se a regulação dá conta. Se a regulação der conta, está resolvido o problema. Se a regulação não der conta, eu acabo. Para ficar bem claro. Você não tem controle do povo mais humilde, de criança com o celular na mão fazendo aposta. Nós não queremos isso”, destacou ainda o presidente.

A Lei 14.790/2023, aprovada em dezembro do ano passado, estabeleceu prazo até a semana passada para as empresas de apostas pedirem autorização de funcionamento junto ao Ministério da Fazenda. Atualmente, 215 bets podem funcionar no país, pertencendo a 98 empresas. A lista foi atualizada ontem, após decisão judicial que permitiu que a Esportes da Sorte, que patrocina o clube Corinthians, funcione no país até o fim do ano. Outra empresa, a Reals Brasil Ltda, que opera três bets, também foi autorizada, ontem, a atuar. Até agora, 2.040 bets irregulares foram proibidas no país.

Na entrevista, o presidente voltou a afirmar que não considera despesas feita nas áreas de educação e saúde como gastos, mas sim investimentos. Lula demonstra resistência em reduzir despesas nesses setores, enquanto a equipe econômica prepara um pacote de corte de gastos. Ele reclamou ainda das críticas ao governo pelo aumento dos gastos públicos. Há preocupação sobre a trajetória da despesa, que vai ferir o arcabouço fiscal no futuro, caso não haja ajuste — algo reconhecido pelo Ministério da Fazenda.

“Tem gente que fala assim: ‘ah, mas o Lula está gastando dinheiro à toa, o Lula está gastando com pobre…’ Fico muito irritado, porque tudo que o governo faz é gasto. Se um banqueiro disser que está fazendo um banheiro, é investimento”, comentou o presidente.

“Eu quero dizer em alto e bom som: para mim, educação não é gasto, saúde não é gasto, porque veja quanto custa para o país uma pessoa doente. É preciso parar com essa bobagem”, acrescentou Lula, em entrevista ao radialista Mário Kértesz, da qual também participou o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues.

A declaração ocorre em meio a preocupações com o equilíbrio fiscal. A equipe econômica prepara medidas de cortes de gastos para apresentar a Lula. A ministra Simone Tebet já adiantou que haverá ajustes em quase todas as áreas do governo, incluindo saúde e educação, Previdência e supersalários. Caberá ao presidente decidir de onde serão retirados os recursos. Segundo Tebet, Lula não abre mão da política de reajuste do salário mínimo.

Na entrevista, o chefe do Executivo também comentou o encontro que teve na quarta com representantes dos maiores bancos privados do país, no Palácio do Planalto. “A economia está surpreendendo o mercado. Fiz uma reunião com os bancos, e todos eles elogiando o crescimento, dizendo que a inflação está controlada. Está tudo do jeito que eu quero que esteja”, destacou.

Em coletiva de imprensa após a reunião, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse ver compromisso do governo com o ajuste das contas públicas, e que Lula garantiu que terá respeito com o equilíbrio fiscal.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Estabilidade gestante: um direito

Elisa Alonso*

A estabilidade gestante, prevista na Constituição, é uma proteção constitucional que impede a demissão arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Além disso, o artigo 392 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) assegura à gestante o direito à licença-maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e do salário.

A principal finalidade dessa estabilidade, em consonância com o princípio da dignidade humana e os direitos sociais, é proteger não só a trabalhadora, mas também o bem-estar do bebê, garantindo a continuidade do vínculo empregatício em um ambiente de trabalho seguro. Em razão da segurança jurídica, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) consolidou, por meio da Súmula 244, o entendimento de que o desconhecimento da gravidez pelo empregador não exclui o direito à indenização decorrente da estabilidade. Portanto, caso a trabalhadora seja dispensada arbitrariamente durante a gestação ou no período estabilitário, independentemente do conhecimento do empregador, a reintegração ao emprego deve ser garantida. Se a reintegração for inviável, o empregador será obrigado a pagar uma indenização equivalente aos salários e benefícios que seriam devidos no período de estabilidade.

Um ponto controverso a ser discutido é a possibilidade de se exigir a realização do exame de gravidez no processo de demissão. Se a ideia é proteger o bebê, mostra-se razoável admitir que as empresas solicitem os testes nas situações cabíveis, ou seja, para empregadas em idades reprodutivas. No entanto, a ideia não é unânime na jurisprudência e gera debates.

Quanto à estabilidade, o direito surge desde o momento da concepção. Após o parto, a estabilidade se estende por mais cinco meses, garantindo proteção adicional à mãe e ao bebê. Assim, se a empregada for demitida sem justa causa durante esse período, ela tem direito à reintegração, com o pagamento retroativo de salários e benefícios. Caso a reintegração não seja possível, a gestante tem direito a uma indenização que inclua os salários, 13º proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3 e demais verbas devidas.

A estabilidade gestante pode ser perdida em casos de demissão por justa causa, conforme as hipóteses previstas no artigo 482 da CLT, ou em caso de pedido de demissão, que configura uma renúncia ao direito à estabilidade.

O tema também se aplica a contratos temporários ou intermitentes, conforme entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que garante à gestante o direito à estabilidade provisória e à licença-maternidade, independentemente do tipo de contrato. O empregador é responsável por garantir a manutenção do emprego da gestante durante a gravidez e o período estabilitário. Se houver falência ou encerramento das atividades da empresa, a proteção à gestante ainda deve ser observada, com a empresa obrigada a indenizar a trabalhadora pelos salários e benefícios devidos no período estabilitário. Além disso, a empresa deve garantir um ambiente de trabalho seguro e adequado para a gestante, ajustando as condições laborais, se necessário, para eliminar riscos à saúde da mãe e do bebê.

A jurisprudência é firme no sentido de que a estabilidade gestante deve ser respeitada, independentemente do porte da empresa, visto que é um direito irrenunciável. No entanto, a renúncia ao direito à estabilidade pode ocorrer em casos de pedido de demissão pela gestante, desde que essa decisão seja acompanhada por um representante sindical, garantindo que a trabalhadora tenha plena consciência dos seus direitos.

Por fim, a incerteza em relação à estabilidade no emprego durante a gestação pode gerar impactos psicológicos e emocionais para a gestante. Por isso, é essencial assegurar um ambiente de trabalho seguro e acolhedor, promovendo a proteção da saúde tanto da mãe quanto do bebê durante esse período tão importante.

Vale destacar que já existe a regulamentação e previsão constitucional. No entanto, falta consciência, tanto da mãe de notificar imediatamente o empregador para fins de reintegração, quanto da empresa em realmente observar os dispositivos legais e constitucionais.

*Advogada especialista em direito do trabalho

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Tem ‘valores a receber’? Entenda para onde vai o dinheiro esquecido nos bancos

Nesta quarta-feira (16/10) termina o prazo para brasileiros sacarem “dinheiro esquecido” nos bancos, no site Valores a Receber.

A estimativa é de que haja R$ 8,5 bilhões no Sistema de Valores a Receber (SVR), onde é possível consultar se uma pessoa, empresa ou mesmo alguém que já morreu tenha dinheiro esquecido em algum banco, consórcio ou outra instituição.

São 42 milhões de pessoas físicas e mais de 3,6 milhões de pessoas jurídicas com dinheiro em em contas desatualizadas desde setembro de 2019, de acordo com o Banco Central (BC).

Dos beneficiários, pouco mais de 63% possuem até R$ 10 a receber, enquanto 25,05% tem entre R$ 10,01 até R$ 100.

A data foi estipulada em uma lei aprovada na Câmara dos Deputados no dia 12 de setembro.

O projeto foi criado para compensar as perdas fiscais geradas com as isenções relacionadas à desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e municípios com até 156 mil habitantes.

O texto definiu que os titulares de contas bancárias tinham 30 dias após a publicação da lei, que ocorreu em 16 de setembro, para pedir o resgate dos valores.

A lei prevê ainda um segundo prazo, novamente de 30 dias, para contestar administrativamente o recolhimento dos recursos. E há, ainda, um prazo de 6 meses para requerer judicialmente o reconhecimento do direito aos depósitos.

E para onde vão os recursos?

Além do prazo de 16 de setembro, pessoas que têm dinheiro esquecido podem reclamar os recursos administrativamente por mais 30 dias

A resposta curta é: os recursos que não forem sacados até hoje (16) vai para a conta única do Tesouro Nacional — ou seja, para o governo federal.

O Banco Central recolhe esse “dinheiro esquecido” nos bancos por meio do Sistema de Valores a Receber (SVR), encaminha para a conta única do Tesouro Nacional, da União. O Executivo, então, pode utilizar esse recurso como quiser.

Apenas após decorridos esses dois prazos dados pela lei os valores não contestados ficarão incorporados definitivamente ao Tesouro Nacional.

A economista Juliana Inhasz Kessler, professora de macroeconomia do Insper, explica que os valores entram Tesouro Nacional como uma receita orçamentária primária e auxiliam no cumprimento da meta primária estabelecida pelo governo.

“Esse dinheiro acaba sendo incorporado nas contas públicas para ajudar a chegar mais perto do cumprimento da meta de resultado primário. Temos uma meta de chegar cada vez mais perto do equilíbrio primário, ou seja, gastos igual à tributação. E essa receita entra como se fosse uma arrecadação e auxilia neste resultado”, explica.

Mas ainda não se sabe ao certo como o Ministério da Fazenda cogita utilizar este recurso.

O economista Felipe Nascimento, professor da FGV, afirma que o governo federal ganha um alívio para poder executar as suas contas, já que o arcabouço fiscal limita o endividamento de gastos de correntes acima de 0,5%.

“O caixa do governo está apertado, [este dinheiro] ajudaria para que o governo não precisasse fazer um contingenciamento”, afirma.

“Imagine que o governo tenha contas a pagar, como toda autarquia, só que ele não pode mais emitir recursos próprios. Então, ele precisa de fontes e ele não pode se endividar para gastos correntes. Esse recurso dá um alívio.”

Nascimento diz que esses recursos representam um capital político para o governo.

“Esses recursos vão dar força para o governo manter a desoneração sem necessariamente ter contingenciamento, ou seja, sem ter que deixar de gastar no projeto A ou no projeto B e não parar a máquina pública.”

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Órgãos infectados: além de sócia no laboratório, família é dona de outras unidades que prestam serviço ao estado

Três dias depois de vir à tona que seis pacientes foram infectados pelo vírus HIV em transplantes no Rio, a Polícia Civil prendeu na manhã de ontem o ginecologista Walter Vieira e Ivanilson Fernandes dos Santos, sócio e técnico do laboratório de análises clínicas Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS), respectivamente. Em depoimento, divulgado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, Ivanilson disse que, a partir de janeiro deste ano, o controle de qualidade da sorologia no laboratório passou a ser semanal. Antes era diário pois, segundo ele, podem ocorrer erros quando os reagentes ficam muito tempo na máquina analítica. O funcionário afirmou que a medida foi tomada por economia.

Ivanilson foi preso usando uma roupa de enfermagem na unidade do PCS Saleme no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, no Humaitá, onde a Anvisa encontrou 39 irregularidades. Ao chegar à Delegacia do Consumidor (Decon), que fez a operação, o funcionário não quis falar com a imprensa.

O outro preso, o médico Walter Vieira, tio do ex-secretário estadual de Saúde e deputado federal Doutor Luizinho (PP), assina o laudo com resultado negativo para HIV feito em um dos doadores. O segundo resultado com erro foi atestado por Jacqueline Iris Bacellar de Assis, funcionária do laboratório que está foragida. A polícia também não localizou o biólogo Cleber de Oliveira Santos, que fazia os exames. A ação da Decon, batizada de Verum, cumpriu ainda 11 mandados de busca e apreensão em Nova Iguaçu e na capital. Na decisão pela prisão temporária, é destacado que o “laboratório teria induzido a erro a equipe de médicos transplantadores que viabilizaram a transferência dos órgãos com a consequente contaminação dos pacientes”.

Secretário de Polícia Civil, Felipe Curi disse que a falta de controle de qualidade dos exames de diagnóstico de HIV levou à infecção dos seis transplantados. Segundo ele, o teste do reagente responsável por detectar o vírus estava sendo feito semanalmente, visando diminuir as despesas do laboratório:

— As informações iniciais dão conta de que houve uma falha operacional de controle de qualidade nos testes. E tudo isso com o objetivo de obter lucro. A questão contratual também está sendo investigada pela Polícia Civil.

O delegado André Neves, diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), destacou que o laboratório deixou de lado a segurança dos testes:

— Houve uma determinação, que estamos apurando, para que a análise fosse feita semanalmente. E, com essa lacuna, você flexibiliza e aumenta a chance de ter algum efeito colateral.

Matheus e Márcia Vieira, filho e irmã de Walter Vieira, respectivamente, foram conduzidos à delegacia para prestar depoimento. Ambos são sócios do laboratório, mas não foram alvos de ordens de prisão. Matheus se manteve em silêncio, mas sua defesa disse que ele deve depor ainda esta semana, assim que tiver acesso à investigação. Márcia, que é bióloga, informou que atuava na área administrativa do estabelecimento, sem condições de dar informações sobre os testes de HIV.

— Nesse primeiro momento, eles não foram alvo de prisão porque nós investigamos essa questão do processo de colheita dos exames e de como funcionava essa logística. Nada impede que posteriormente outras pessoas sejam objeto de operação da Polícia Civil. Essa é apenas uma primeira fase, certamente haverá desdobramento. As investigações seguem agora em sigilo — disse Felipe Curi.

O Tribunal de Justiça do Rio autorizou ainda a quebra do sigilo de dados dos sócios e funcionários do PCS Saleme. O laboratório foi contratado pela Fundação Saúde, órgão vinculado à Secretaria estadual de Saúde, para fazer os exames de 18 unidades — incluindo testar o sangue de todo candidato a doador de órgão. Os quatro que tiveram a prisão decretada são investigados por crime contra as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.

Indagado sobre a possibilidade de outras pessoas terem sido infectadas, Wellington Dias, delegado titular da Decon, informou que as amostras de sangue de quase 300 transplantados estão sendo analisadas:

— Isso demanda um pouquinho de tempo, começou a ser feito, mas ainda não terminou.

Em depoimento, Walter Vieira acusou três de seus funcionários de terem errado na emissão dos laudos dos testes para detecção do HIV, como antecipou Lauro Jardim em seu blog no GLOBO. Segundo o advogado Afonso Destri, que defende o preso, seu cliente afirmou que houve uma preparação incorreta do exame pelo técnico de laboratório Cleber dos Santos, que seria um biólogo capacitado para a tarefa. De acordo com o médico, um tubo utilizado para administrar o sangue coletado do doador de órgãos não teria sido adequadamente manuseado para que pudesse gerar o resultado correto. Assim, o “falso negativo” teria sido gerado e “liberado” por Cleber.

Sobre sua assinatura estar no laudo, Walter Vieira explicou ela foi inserida no documento porque ele foi o último a fazer outros exames, que não o de HIV. Esse teste foi feito em janeiro. Sobre o segundo laudo, o sócio da PSC disse que Ivanilson dos Santos identificou a reação positiva para o vírus, mas lançou o resultado errado no sistema do laboratório. Esse laudo foi assinado por Jacqueline de Assis, já que Ivanilson não teria credenciais para “liberar” o resultado. Esse resultado levou à infecção de três pessoas que receberam rins e fígado.

Em entrevista ao GLOBO no domingo, Jacqueline de Assis negou que tenha atestado laudos. Ela disse que só fazia correções. Nesses documentos, a assinatura dela aparece junto a um número do Conselho Regional de Biomedicina, que pertence a outra pessoa. Jacqueline não tem essa formação, mas Walter Vieira disse à polícia que ela atuava como biomédica no laboratório. O advogado José Felix informou que Jacqueline se entregará hoje à polícia.

Em nota, o PCS Saleme disse que dará suporte médico e psicológico aos infectados.

o que você precisa saber

Transplantes de órgãos com HIV:

Seis pessoas testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados no Estado do Rio. O laboratório PCS Lab Saleme (que fica em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense) era o responsável pelos exames dos doadores e apresentou resultado negativo para HIV de dois doadores, mas eles eram soropositivo. Entre os transplantes feitos estão os de rins, fígado, coração e córnea.

A investigação da Secretaria estadual de Saúde do Rio sobre o caso começou em setembro desse ano e culminou com a interdição do laboratório. A secretaria informou que, desde então, tomou uma série de medidas, como suspensão dos contratos e a abertura de uma sindicância interna para identificar e punir os responsáveis.

Mais de 10 unidades de saúde eram atendidas pelo laboratório investigado.

Walter Vieira, um dos sócios do laboratório PCS Lab Saleme, é casado com a tia do deputado federal e ex-secretário de Saúde do Rio Doutor Luizinho (PP). Walter é pai de Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, também sócio, que assinou contratos com o governo do estado do Rio. Doutor Luizinho foi secretário de janeiro a setembro de 2023.

As investigações indicam que os laudos foram falsificados por um grupo criminoso e usados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro. Isso levou os pacientes a serem contaminados.

Um dos pacientes infectados morreu — as causas do óbito ainda estão sendo apuradas.

O laboratório PCS Lab Saleme assinou três contratos com o Governo do Rio que, somados, chegam a R$ 17,5 milhões. Dois deles foram realizados de forma emergencial, com dispensa de licitação.

Segundo levantamento na Transparência do Estado, até outubro deste ano, o laboratório teve empenhos autorizados pelo governo no valor de R$ 21,58 milhões. A capacidade técnica para produzir exames foi questionada por uma concorrente durante o processo de licitação.

“Não fiz nada para adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis”, relatou uma das pessoas infectadas por HIV após receber um rim de um doador soropositivo.

A Polícia Civil realizou a operação Verum e cumpriu quatro mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e na capital. Foram presos Walter Vieira, apontado como sócio do laboratório; e Ivanilson Fernandes dos Santos que, segundo as investigações, é um dos responsáveis técnicos pelos laudos emitidos.

A assinatura de Jacqueline Iris Bacellar de Assis aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV. Ela reconheceu que as rubricas nos documentos são suas, mas negou qualquer envolvimento no caso e disse que sequer é biomédica. Contra ela, há um mandado de prisão em aberto.

Os envolvidos são investigados por crime contra as relações de consumo (art. 7º, inciso VII da Lei 8.137/90), associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária, entre outros.

Ao definir o caso como um “acontecimento sem precedentes na história do transplante brasileiro”, o ex-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e especialista em transplante de fígado, Ben-Hur Ferraz Neto, afirmou que as doações são feitas com “segurança hoje em todo o sistema” e que quem está à espera de um órgão pode ficar tranquilo.

Neto falou sobre o protocolo de testagem, definido como “muito rigoroso”, após a constatação do óbito, com testes sorológicos de diversas doenças.

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Inscrever

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Crédito imobiliário? ‘Referência Corporate’ revela modelo inovador e ágil

No cenário desafiador da economia brasileira, onde o acesso ao crédito muitas vezes parece um labirinto repleto de burocracia e altos juros, surge uma alternativa inovadora para empresários e profissionais que precisam de capital para crescer, mas se sentem sufocados pelas condições tradicionais dos bancos. A Referência Corporate, uma boutique de crédito especializada em operações estruturadas com garantia imobiliária, está rapidamente ganhando espaço como a solução inteligente para quem busca flexibilidade, rapidez e condições muito mais favoráveis de financiamento.

Um Modelo Inovador e Sem Burocracia

Diferente das instituições bancárias tradicionais, que exigem uma vasta lista de documentos e garantias limitadas, a Referência Corporate quebra paradigmas ao oferecer uma abordagem simples e ágil para a obtenção de crédito. A empresa conecta empresários a fundos de investimento, liberando até 50% do valor do imóvel como crédito, com taxas de juros a partir de 1,09% ao mês + IPCA e prazos de até 240 meses. O melhor? A aprovação pode ocorrer em apenas 5 dias, sem a necessidade de comprovar capacidade de pagamento formal, o que abre portas para uma gama maior de empreendedores que, em outros cenários, ficariam sem opções.

“Nosso objetivo é facilitar a vida do empresário, fornecendo crédito inteligente, sem toda aquela burocracia comum dos bancos”, afirma Luciano Martins, Diretor de Crédito da Referência Corporate. “Se o cliente tem um imóvel como garantia, nós conseguimos viabilizar o crédito rapidamente, permitindo que ele mantenha o foco no crescimento do seu negócio, sem se preocupar com intermináveis exigências burocráticas.”

Flexibilidade e Oportunidades de Crescimento

Mas o que realmente diferencia a Referência Corporate no mercado é sua flexibilidade quanto às garantias aceitas. Enquanto bancos tradicionais limitam-se a imóveis residenciais e comerciais básicos, a Referência aceita uma vasta gama de propriedades como galpões, postos de gasolina, fábricas e até imóveis operacionais, que geralmente são ignorados pelas instituições financeiras convencionais. Isso cria uma oportunidade única para empresas de setores como indústria, agronegócio e logística, que normalmente têm dificuldades em acessar crédito de maneira eficiente.

“A maior dor dos empresários hoje é a falta de opções de crédito com boas condições. E quando encontram, a burocracia é gigantesca e os prazos são curtos demais. Na Referência Corporate, nós oferecemos prazos de até 20 anos e parcelas que realmente cabem no fluxo de caixa da empresa”, explica Martins.

Casos de Sucesso que Inspiram

O impacto positivo dessa abordagem já está sendo sentido por diversos empresários. Um exemplo é João, dono de uma empresa industrial que estava com uma dívida impagável de R$ 2,5 milhões e parcelas sufocantes de R$ 100 mil mensais. Ao se aproximar da falência, João encontrou a Referência Corporate, que rapidamente negociou com um fundo de investimento, quitou sua dívida por R$ 1,7 milhão e reduziu suas parcelas para R$ 30 mil mensais, salvando a empresa da falência e possibilitando que ele reorganizasse seu fluxo de caixa.

Outro caso é o de Ana, proprietária de três imóveis comerciais, que estava à beira de perder tudo devido a dívidas acumuladas com impostos e ações judiciais. Com a ajuda da Referência Corporate, Ana conseguiu levantar crédito com base no valor dos imóveis, quitou suas dívidas e ainda obteve capital adicional para reinvestir no crescimento de seu negócio.

Essas histórias são apenas a ponta do iceberg de uma série de casos onde a Referência Corporate conseguiu transformar o destino de empresários que, sem essa solução, veriam seus negócios ruir.

Quem Pode Se Beneficiar?

A Referência Corporate se posiciona como uma solução ideal para:

•Empresários e Incorporadoras: Precisando de capital de giro ou buscando expandir seus negócios? Usar o estoque de imóveis como garantia é uma forma de liberar capital sem comprometer o fluxo de caixa.

•Profissionais Liberais: Advogados, médicos, engenheiros e outros profissionais que precisam de crédito para expansão de seus escritórios ou clínicas podem aproveitar as condições flexíveis, sem a necessidade de comprovar renda formal.

•Investidores Imobiliários: Quem possui imóveis e busca capital para novos investimentos pode usar a garantia imobiliária para acessar crédito rapidamente, sem precisar se desfazer de ativos valiosos.

•Empresas em Reestruturação: Para empresas em dificuldades financeiras ou em recuperação judicial, a Referência Corporate oferece uma maneira eficaz de reorganizar dívidas e evitar a falência.

O Futuro do Crédito no Brasil

À medida que mais empresas buscam alternativas ao sistema bancário tradicional, a Referência Corporate está moldando o futuro do crédito no Brasil. Sua combinação de flexibilidade, rapidez e condições extremamente competitivas está mudando a forma como os empresários acessam capital para crescer, se reestruturar ou inovar.

“Nosso foco é revolucionar o mercado de crédito no Brasil, tornando o acesso a recursos mais democrático e simples para todos que têm patrimônio, mas que encontram dificuldades com os modelos tradicionais. Queremos impactar positivamente a vida de milhares de empresários, ajudando-os a crescer e contribuir para o desenvolvimento econômico do país”, conclui Luciano Martins.

Se você é empresário e está buscando uma forma mais eficiente e sem complicações para obter crédito, vale a pena conhecer a Referência Corporate. Transforme seus ativos em oportunidades e cresça com segurança e planejamento.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Vídeo de 2010 descredibilizando as urnas sem provas volta a circular como se fosse atual

Investigado por: Estadão e Folha de S.Paulo.

Enganoso: É enganoso o discurso do então deputado federal pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Fernando Chiarelli, na Câmara dos Deputados, criticando o processo eleitoral brasileiro, que voltou a circular neste domingo de eleição como se fosse recente. O vídeo é de 2010 e, diferentemente do que o político afirma, ele não provou que as urnas eletrônicas são uma farsa. Usados no Brasil desde 1996, os equipamentos já foram alvo de diversas denúncias de fraude, mas, até hoje, nenhuma foi comprovada, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Conteúdo investigado: Vídeo mostra discurso na Câmara dos Deputados de político dizendo que o sistema eleitoral brasileiro é uma fraude, que as urnas eletrônicas não são utilizadas em nenhum outro lugar do mundo e são programadas para favorecer candidatos. No início do vídeo, uma mensagem sugere que a gravação é recente e que teria sido retirada do YouTube.

Onde foi publicado: WhatsApp.

Conclusão do Comprova: É enganoso vídeo de parlamentar dizendo que as urnas eletrônicas são “uma mentira”. A gravação, que é de novembro de 2010 e voltou a viralizar neste domingo (6), dia do primeiro turno das eleições municipais de 2024, mostra o então deputado federal pelo PDT Fernando Chiarelli em sessão plenária falando, sem provas, que as urnas já estariam preparadas “para criar quem vai ganhar e quem vai perder a eleição”.

Ainda em seu discurso, ele diz que provaria, durante o mandato, que “o sistema eleitoral brasileiro é uma farsa”. Além de ele não ter apresentado nenhuma evidência disso, nenhuma denúncia de fraude contra as urnas eletrônicas, em uso no Brasil desde 1996, foi comprovada até hoje, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Comprova já publicou diversas verificações abordando a segurança do processo eleitoral brasileiro (veja mais abaixo).

“As urnas têm um componente interno altamente protegido, chamado hardware de segurança, que faz várias verificações nos programas que rodam dentro do equipamento em diversos momentos. Se houver qualquer alteração nos programas, a urna simplesmente não funciona”, afirma texto publicado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Além disso, elas podem ser auditadas antes, durante e depois das eleições.

Também não é verdade que o sistema eletrônico é usado apenas no Brasil. Levantamento realizado em 2023 pelo instituto International Idea, organização que apoia democracias em todo o mundo, mostrava que 34 países usavam o voto eletrônico em algum nível. Os Estados Unidos, que Chiarelli cita como uma nação que não usaria a tecnologia, a utilizam em parte do seu território.

Chiarelli também desinforma ao insinuar que os deputados João Hermann, Enéas e Clodovil teriam sido assassinados por denunciarem problemas nas urnas. Hermann, que foi deputado e prefeito de Piracicaba, no interior paulista, morreu por causa de um edema pulmonar, conforme publicado pelo PDT, partido de Chiarelli e de Hermann quando ele faleceu. Enéas, de leucemia, e, Clodovil, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

Antes de exibir a fala enganosa de Chiarelli, o conteúdo verificado aqui exibe uma mensagem dizendo que o vídeo do deputado é recente e teria sido retirado do ar pelo YouTube, o que também não é verdade. De 2010, como informado acima, a fala do então deputado pode ser vista na plataforma. O Comprova não publica o link para não ajudar a disseminar a desinformação.

Na política desde 1992, Chiarelli foi cassado por falta de decoro dois anos depois por ofender um vereador com deficiência e, por isso, ficou oito anos inelegível.

Uma reportagem do Congresso em Foco, publicada em 2010, mostrou que, na época em que era deputado, ele foi um dos parlamentares com mais processos no Supremo Tribunal Federal (STF) na região Sudeste, com dez investigações em curso. À época, Chiarelli foi campeão de novos processos durante a tramitação do projeto ficha limpa e de casos de crimes contra a honra.

De acordo com uma reportagem publicada pelo UOL em 2011, ele ganhou notoriedade no município de Ribeirão Preto, no interior paulista, ao promover ações judiciais contra ex-prefeitos e ex-vereadores, interpretadas como uma forma de vingança pela sua cassação.

As controvérsias continuaram em 2016, quando, como pré-candidato à prefeitura de Ribeirão pelo PTdoB (hoje Avante), foi preso pela Polícia Federal por ofensas dirigidas à então prefeita da cidade, Dárcy Vera, em 2012. No dia da prisão, ele seria oficializado como candidato às eleições municipais daquele ano. Mais tarde, a Justiça Eleitoral o considerou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.

Em 2020, Chiarelli teve sua candidatura à prefeitura de Ribeirão Preto aceita pelo TRE-SP dois dias antes do primeiro turno. Inicialmente, seu registro havia sido indeferido devido ao não pagamento de uma multa de R$ 73 mil relacionada a uma condenação de 2013. Após quitar a multa, a defesa do político recorreu ao TRE-SP, que reverteu a decisão por unanimidade.

A última disputa eleitoral em que Chiarelli participou foi em 2022, quando concorreu a deputado federal por São Paulo pelo Patriota, atualmente PRD. Ele não foi eleito.

A reportagem não conseguiu contatá-lo.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O conteúdo verificado aqui está circulando no WhatsApp, onde não é possível mensurar a viralização, mas ele vem acompanhado do aviso “Encaminhada com frequência”.

Fontes que consultamos: Vídeo com o discurso de Chiarelli, e site do TSE e do TRE-SP, além de reportagens sobre o político.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Como informado acima, o Comprova já verificou diversos conteúdos que colocavam em dúvida a credibilidade das urnas. Veja alguns exemplos do que já foi publicado abaixo:

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Tela do futuro: protótipo permite que pessoas “se toquem” durante videochamadas

Uma tela sensível ao toque para dispositivos digitais que pode ser deformada pela pressão dos dedos, tornando-se mais macia ou rígida em resposta direta à força aplicada pelo usuário, foi desenvolvida por cientistas da computação da Universidade de Bath, no Reino Unido. O DeformIO — como foi nomeado — ainda é um protótipo e exigirá, pelo menos, uma década de desenvolvimento antes de poder ser comercializado. No entanto, seus inventores estão entusiasmados com o que consideram uma inovação.

Segundo os pesquisadores, o DeformIO tem o potencial de mudar radicalmente a forma como as pessoas interagem com o mundo em áreas tão diversas como comércio, comunicações, medicina e jogos. Antes de fazer uma compra on-line, por exemplo, o comprador poderá ser convidado a “tocar” o tecido de um sofá novo ou “sentir” a maciez de um travesseiro, simplesmente pressionando o display do telefone.

A tela deformável também tem o potencial de mudar a maneira que os usuários interagem com arquivos e aplicativos em seus dispositivos. Para excluir um documento, por exemplo, o usuário pode pressionar o ícone até que ele endureça e, eventualmente, “estoure” como uma bolha. “Você estaria manipulando diretamente um objeto digital da mesma forma que faria normalmente com um objeto físico”, explicou James Nash, pós-graduado em ciência da computação em Bath e primeiro autor de um estudo que descreve a nova tecnologia, divulgado na Conferência ACM 2024 sobre Fatores Humanos em Sistemas de Computação.

Embora essa não seja a primeira tela deformável programada, os modelos anteriores (feitos de painéis touchscreen móveis ou pinos rígidos) criaram uma experiência menos contínua do que o DeformIO, contando com conjuntos de estruturas verticais situadas abaixo da tela que, quando pressionadas, abaixam uma seção do monitor móvel. Essa tecnologia resulta em quebras ou passos bruscos entre áreas da tela quando a pressão é aplicada.

O DeformIO, que é feito de silicone, funciona de uma forma totalmente nova, utilizando pneumática e detecção resistiva (técnica que transforma forças físicas em sinais elétricos) para diagnosticar a pressão. Assim, o usuário pode pressionar o monitor e passar o dedo pela superfície para criar um movimento natural e contínuo. “Nossa tela permite que os usuários percebam um rico feedback tátil em uma superfície macia”, disse Nash. “Ela oferece os mesmos benefícios das telas de vidro atuais, mas com o benefício adicional de uma pessoa poder usar a força para interagir com seu dispositivo em um nível mais profundo.”

Outra característica do DeformIO é que ele permite ao usuário aplicar forças em múltiplas áreas de uma tela simultaneamente, com o display sendo capaz de distinguir entre os níveis de pressão aplicados, criando graus de suavidade adequados à força detectada.

O cientista da computação da Universidade de Bath Jason Alexander, que trabalha em telas deformáveis ao longo dos últimos 10 anos e lidera a pesquisa no DeformIO, diz que o protótipo de 25 cm x 25 cm desenvolvido em seu laboratório foi construído “para explorar uma visão de dispositivos com telas que você pode empurrar e elas podem empurrar de volta.” “Esperamos que dentro de 10 a 20 anos, os conceitos que ele incorpora possam estar no seu celular. Por enquanto, estamos explorando as aplicações para as quais ele pode ser mais adequado.”

Entre as aplicações, Alexander destaca jogos de vídeo. Durante uma sequência de batalha, por exemplo, a tela pode se deformar quando um jogador aperta um botão de ação no monitor, ao mesmo tempo que cria resistência física quando um oponente contra-ataca. Simulações computacionais para treinamento médico, como um estudante de medicina detectar um cisto invisível a olho nu ao palpar a superfície, é outra possível utilidade.

Os pesquisadores também citam telas sensíveis no carro, para ajudar os motoristas a receber informações sem tirar os olhos da estrada; e o “contato físico” em videochamadas, bastando uma pressão no monitor, entre outras.

Para James Nash, uma boa aplicação é para mapas digitais: o usuário seria capaz de alternar entre visualização de rua, de satélite ou topográfica, simplesmente alterando a pressão exercida por um dedo. “Você obteria uma enorme quantidade de informações do seu mapa. Por exemplo, ao entrar em uma cidade, você obteria dados demográficos instantâneos e, ao clicar em uma loja específica, saberia pelo seu nível de rigidez se ela estava aberta.”

O filtro, que é do tamanho de uma moeda, promete revolucionar as comunicações sem fio

No início da década de 2010, a LightSquared, uma startup multibilionária que prometia revolucionar as comunicações celulares, declarou falência. A empresa não conseguia descobrir como evitar que seus sinais interferissem nos dos sistemas GPS.

Agora, os engenheiros da Universidade da Pensilvânia desenvolveram uma nova ferramenta que pode evitar que tais problemas aconteçam novamente: um filtro ajustável que previne interferências com sucesso, mesmo em bandas de frequência mais altas do espectro eletromagnético.

“Espero que possibilite a próxima geração de comunicações sem fio”, diz Troy Olsson, professor associado de Engenharia Elétrica e de Sistemas (ESE) na Penn Engineering e autor sênior de um novo artigo na Nature Communications que descreve o filtro.

O próprio espectro electromagnético é um dos recursos mais preciosos do mundo moderno; apenas uma pequena fração do espectro, principalmente ondas de rádio, representando menos de um bilionésimo de um por cento do espectro total, é adequada para comunicação sem fio. Nos Estados Unidos, as bandas dessa fração do espectro são cuidadosamente controladas pela Federal Communications Commission (FCC), que só recentemente disponibilizou a FR3, incluindo frequências de cerca de 7 GHz a 24 GHz, para uso comercial.

Até o momento, as comunicações sem fio têm usado principalmente bandas de frequência mais baixa. “No momento, trabalhamos de 600 MHz a 6 GHz”, diz Olsson. “Isso é 5G, 4G, 3G.” Os dispositivos sem fio usam filtros diferentes para frequências diferentes, fazendo com que a cobertura de todas as frequências ou bandas exija um grande número de filtros que ocupam um espaço substancial. Só para comparar, um smartphone típico inclui mais de 100 filtros, para garantir que sinais de bandas diferentes não interfiram entre si.

“É mais provável que a banda FR3 seja lançada para 6G ou Next G”, diz Olsson, referindo-se à próxima geração de redes celulares, “e neste momento o desempenho das tecnologias de filtro pequeno e switch de baixa perda nessas bandas é altamente limitado”, esclarece. “Ter um filtro que pode ser ajustado nessas bandas significa não ter que instalar mais de 100 filtros em seu telefone com muitos interruptores diferentes. Um filtro como o que criamos é o caminho mais viável para usar a banda FR3.”

O laboratório de Olsson projetou o filtro para ser ajustável, para que os engenheiros possam usá-lo para seletivamente filtrar frequências diferentes, em vez de empregar filtros separados. “Ser sintonizável será muito importante”, continua Olsson, “porque nessas frequências mais altas nem sempre você terá um bloco de espectro dedicado apenas para uso comercial.”

O que torna o filtro ajustável é um material único, “granada de ítrio e ferro” (YIG), uma mistura de ítrio, um metal de terras raras, junto com ferro e oxigênio. “O que há de especial no YIG é que ele propaga uma onda de spin magnético”, diz Olsson, referindo-se ao tipo de onda criada em materiais magnéticos quando os elétrons giram de forma sincronizada.

Quando exposta a um campo magnético, a onda de spin magnético gerada pelo YIG muda de frequência. “Ao ajustar o campo magnético”, diz Xingyu Du, estudante de doutorado no laboratório de Olsson e primeiro autor do artigo, “o filtro YIG consegue sintonia contínua de frequência em uma banda de frequência extremamente ampla”.

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Viúva de MC Marcinho é diagnosticada pela terceira vez com tumor nas glândulas e aguarda tratamento

Viúva de MC Marcinho, Kelly Garcia foi diagnosticada novamente com um tumor nas glândulas parótidas, localizados nas regiões laterais do rosto, na frente e abaixo das orelhas. Essa é a terceira vez que ela enfrenta a doença.

Em 2021, Kelly foi diagnosticada com tumores na garganta, na face, na cervical e no crânio, e passou por uma cirurgia que a deixou com sequelas como paralisia facial do lado esquerdo e queda de cabelo.

Ela fez fisioterapia para recuperar os movimentos do olho e boca e também terapia e fonoaudiologia. “O que posso dizer é que estou no meu processo, ainda. Mas não estou morrendo, estou renascendo”, disse Kelly na ocasião.

Famosos:

Nome de Andressa Suita não aparece em investigação por ela ser divorciada de Gustavo Lima: entenda Além dos milhões: gastos dos alvos de operação que prendeu Deolane tem até vibrador Kid Bengala e ‘bumbum gigante’ Carros e aeronaves apreendidos na operação que investiga Gusttavo Lima somam R$ 142 milhões; veja lista Ex-paquita se manifesta após ser acusada de ser a ‘X9’ do grupo sobre livro que resultou demissão em massa

Na última segunda-feira, 30, a viúva de Marcinho postou um vídeo explicando sobre a doença, mostrei imagens dela no hospital e disse estar na fila do Sisreg, a plataforma do Sistema Único de Saúde (SUS) que agenda vagas em serviços de saúde pública, como consultas, exames, procedimentos especializados e internações hospitalares.

“Para vocês que chegaram após dezembro de 2021, fiz um vídeo explicativo sobre o tumor de parótida, tratamento e sequelas diante de tudo que passei. O tumor voltou pela terceira vez. Estou no aguardo da fila do Sisreg para começar o meu processo. Mas eu declaro todos os dias a minha cura”.

publicidade

Veja fotos de MC Marcinho

1 de 17

MC Marcinho celebra a nova fase após cirurgia do coração — Foto: Roberto Moreyra / EXTRA

2 de 17

Mc Marcinho em Estúdio 2005 — Foto: Mônica Imbuzeiro/Agência O Globo

Pular

X de 17

Publicidade

17 fotos

3 de 17

MC Marcinho durante gravação de DVD ao vivo em 2011 — Foto: Divulgação

4 de 17

MC Marcinho com os filhos

Pular

X de 17

Publicidade

5 de 17

MC Marcinho, Tati Quebra-Barraco e Dennis DJ em 2009 — Foto: Divulgação/SGR

6 de 17

Mcs: Marcinho, Tafarel, Danda, Lleozinho, R Junior, Bob Rum e Camarão — Foto: Marcelo Theobald/Extra

Pular

X de 17

Publicidade

7 de 17

Mc Marcinho em 2010 — Foto: Divulgação / Assessoria Oliveira

8 de 17

Mc Marcinho em 2006 — Foto: LUCÍOLA VILLELA/Extra

Pular

X de 17

Publicidade

9 de 17

Mcs Marcinho, Bolinha e Sapão em 2006 — Foto: Divulgação/SGR

10 de 17

MC Marcinho faz fisioterapia em casa após cirurgia do coração — Foto: Arquivo pessoal

Pular

X de 17

Publicidade

11 de 17

MC Marcinho faz fisioterapia em casa após cirurgia do coração — Foto: Arquivo pessoal

12 de 17

MC Marcinho antes da cirurgia — Foto: Divulgação

Pular

X de 17

Publicidade

13 de 17

MC Marcinho com a mulher, Kelly — Foto: Arquivo

14 de 17

MC Marcinho

Pular

X de 17

Publicidade

15 de 17

MC Marcinho com a mulher, Kelly Garcia

16 de 17

MC Marcinho com a mulher, Kelly Garcia

Pular

X de 17

Publicidade

17 de 17

MC Marcinho

Funkeiro carioca com mais de 30 anos de carreira

MC Marcinho raspando o cabelo da mulher, que tratou um câncer em 2021 — Foto: Arquivo pessoal

Saiba Mais:

Marcello Antony anuncia a venda da mansão mais cara de Portugal e receberá comissão milionária

Desfazer

Nova Zelândia reúne mais de 6 mil pessoas e recupera recorde mundial da maior haka em massa

Desfazer

Brasil vence Marrocos e avança à semifinal da Copa do Mundo de Futsal

Desfazer

MC Marcinho com a mulher, Kelly — Foto: Arquivo

Assista:

Mais recente Próxima Joaquim, filho de Angélica e Luciano Huck, curte noite no Rio com namorada antes de mudança para os EUA

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Rafael Cardoso está há mais de um ano sem ver os filhos, e ex cita ‘decisão judicial’

Rafael Cardoso deu o que falar no fim de semana ao rebater comentários de internautas afirmando que ele abandonou os dois filhos do casamento que teve com Mari Bridi. O ator surpreendeu ao dizer que está sendo impedido de ver as crianças.

Rafael Cardoso compartilha vídeo homofóbico de Nego Di sobre cropped de João Guilherme: ‘Negão, estou contigo’ Sobrinha trans de Roberta Close, Gabrielle Gambine expõe mensagens de Rafael Cardoso após polêmica

“Se não estou convivendo diretamente com meus outros filhos, não é porque não quero. Só não os vejo porque não deixam”, disse ele no Instagram.

Procurada pelo EXTRA, Mari Bridi disse que não vai se pronunciar sobre a declaração do ex-marido para “preservar os filhos”. “A questão da guarda é uma decisão judicial que corre em sigilo de Justiça”, explicou ela.

Em junho, o ator revelou numa entrevista que estava há mais de um ano se ver os filhos. Na ocasião, Rafael admitiu que havia perdido a cabeça ao ser envolver em algumas polêmicas após a separação.

“Eu estou há um ano sem vê-los pessoalmente, tudo isso bagunça a cabeça. Realmente, eu acabei me perdendo em alguns momemos, por excesso de álcool, droga e remédio”, disse, em entrevista a TV Caras.

O ator se envolveu em diversas polêmicas, entre elas, uma agressão a um gerente de um restaurante, em março, e um comentário homofóbico sobre a roupa do ator João Guilherme.

Famosos:

Nome de Andressa Suita não aparece em investigação por ela ser divorciada de Gustavo Lima: entenda Além dos milhões: gastos dos alvos de operação que prendeu Deolane tem até vibrador Kid Bengala e ‘bumbum gigante’ Carros e aeronaves apreendidos na operação que investiga Gusttavo Lima somam R$ 142 milhões; veja lista Ex-paquita se manifesta após ser acusada de ser a ‘X9’ do grupo sobre livro que resultou demissão em massa

Rafael e Mari Bridi se separaram em dezembro de 2022, após 15 anos juntos, e são pais de Aurora, de 8 anos, e Valentin, de 4. Após a separação, Rafael saiu de casa e foi morar na fazenda que possui em Cachoeira de Macacu, na região serrana do Rio.

publicidade

Veja fotos de Rafael Cardoso

1 de 25

Rafael Cardoso posa com ‘nova’ família — Foto: Instagram

2 de 25

Rafael Cardoso com a ex-mulher, Mari Bridi— Foto: Divulgação

Pular

X de 25

Publicidade

25 fotos

3 de 25

Rafael Cardoso com a namorada, Carol Ferraz — Foto: Instagram

4 de 25

Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

5 de 25

Gabrielle Gambine e Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram/TV Globo

6 de 25

Taynara Nunes, Mari Bridi e Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

7 de 25

Affair de Rafael Cardoso sai em defesa do ator após polêmica — Foto: Instagram

8 de 25

Rafael Cardoso compartilha vídeo homofóbico de Nego Di sobre cropped de João Guilherme — Foto: Globo e Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

9 de 25

Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/TikTok

10 de 25

Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

11 de 25

Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram

12 de 25

Vivian Linhares e Rafael Cardoso — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

13 de 25

Rafael Cardoso, Mari Bridi e Vivian Linhares — Foto: Reprodução/Instagram/Cris Vieiras

14 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

15 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

16 de 25

Rafael Cardoso com a ex-mulher e os filhos— Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

17 de 25

Rafael Cardoso com a ex-mulher, Mari Bridi— Foto: Divulgação

18 de 25

Rafael Cardoso com a ex-mulher e os filhos— Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

19 de 25

Rafael Cardoso — Foto: Globo

20 de 25

Rafael Cardoso com a ex-mulher, Mari Bridi— Foto: Divulgação

Pular

X de 25

Publicidade

21 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

22 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

23 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

24 de 25

Rafael Cardoso em seu sítio — Foto: Reprodução/Instagram

Pular

X de 25

Publicidade

25 de 25

Rafael Cardoso com Carol Ferraz e a filha caçula, Helena — Foto: Instagram

Ator se separou de Mari Bridi

Na época, ele conheceu a psicóloga Carol Ferraz, mãe da sua filha caçula, que nasceu no final de 2023. Os dois seguem juntos, e Rafael tem postado várias fotos da “nova” família nas redes sociais.

“Hoje o dia começa com um agradecimento. Por nunca soltar minha mão, por ser porto, morada”, escreveu ele, na legenda de um post da atual namorada e da filha caçula.

Rafael Cardoso reclama de não poder ver filhos com Mari Bridi — Foto: Instagram

Rafael Cardoso com a ex-mulher Mari Bridi e os filhos que tiveram — Foto: Reprodução/Instagram

Polêmicas

Em julho do ano passado, Rafael se envolveu numa polêmica ao compartilhar um vídeo do humorista Nego Di em que o ex-BBB propaga falas homofóbicas e preconceituosas sobre João Guilherme, após o ator surgir usando cropped. “Estou contigo”, escreveu Rafael na legenda da postagem.

Logo depois, ele foi exposto pela sobrinha transexual de Roberta Close, que afirmou na web ter recebido cantadas do ator enquanto ela ainda estava casado com Mari Bridi, de quem se separou em dezembro do ano passado. “Na cabeça do Rafael Cardoso é normal ele trair a mulher dele, mas é errado o João Guilherme usar cropped e leque”, postou Gabrielle Gambine nas redes sociais.

A influenciadora Mariah Benfica também expôs mensagens que recebeu do ator. O nome de Rafael também foi envolvido com o da ex-atriz mirim Jesuela Moro, hoje com 20 anos, que trabalhou com ele na novela “A vida da gente”, em 2011. Circularam nas redes sociais prints de uma suposta troca de mensagens entre os dois, quando a jovem tinha 17 anos. A atriz, no entanto, negou qualquer envolvimento com o ator.

Em março, ele se envolveu em uma outra polêmica, quando agrediu um gerente de um restaurante na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Intimado a depor, ele alegou estar na ocasião “sob efeitos de medicação”.

Rafael Cardoso com a namorada, Carol Ferraz — Foto: Instagram

Rafael Cardoso com Carol Ferraz e a filha caçula, Helena — Foto: Instagram

Mais recente Próxima Eike Batista dá mentoria por R$ 50 mil e fatura R$ 1 milhão em um fim de semana

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário

Macaé Evaristo responde a um processo judicial, outros 13 foram arquivados; entenda

Investigado por: Nexo, SBT, SBT News, imirante.com e Metrópoles.

Contextualizando: Circula um vídeo nas redes sociais em que o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) mostra uma “ficha corrida” da nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, indicando que ela responde a vários processos na Justiça. Uma busca no Jusbrasil mostrou 83 processos no CPF da ministra, mas apenas dois são criminais, e ela não é ré em nenhuma das ações. O Comprova contextualiza.

Conteúdo analisado: Vídeo de deputado exibindo a “ficha corrida” da nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, indica que ela responde a inúmeros processos. O parlamentar iguala o documento a uma “ficha de bandido”.

Onde foi publicado: Instagram.

Contextualizando: Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) na tribuna do Congresso Nacional exibindo uma suposta “ficha corrida” da nova ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo. Este documento jurídico com histórico processual comprova que o cidadão não possui condenações criminais transitadas em julgado, cujo cumprimento ainda esteja em andamento. No discurso, o parlamentar afirma que ela responde a diversos processos na Justiça. Na publicação há legendas como “A ficha corrida da nova ministra de Lula”.

Apesar de Evaristo ser citada em vários processos no Jusbrasil (veja mais abaixo), a maior parte dos processos corre nas esferas cível e administrativa. Atualmente, Macaé responde a uma ação por improbidade administrativa na Justiça de Minas Gerais, referente a uma acusação de superfaturamento na compra de 190 mil kits de uniformes escolares, da época em que foi Secretária Municipal da Educação em Belo Horizonte, em 2011. O caso foi movido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em 2016.

Os 13 outros processos dos quais era ré, referentes a outro caso de superfaturamento de mesas escolares, em 2015, foram arquivados a partir de um acordo com o MPMG. Macaé pagou cerca de R$ 10,4 mil. O Comprova detalha os aspectos do acordo mais abaixo.

No entanto, ainda há uma auditoria em andamento no Tribunal de Contas da União (TCU), sob o número 039.766/2023-3. A ministra é investigada por supostamente deixar um rombo de R$177, 3 milhões aos cofres públicos de Minas Gerais, quando era Secretária Estadual de Educação.

O sistema de processos do TCU relata que a auditoria foi instaurada em razão da não comprovação da regular aplicação dos recursos repassados pela União para o atendimento ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O processo ainda não foi apreciado pelo plenário do TCU, cujo relator é o ministro Jhonathan de Jesus. Em caso de condenação pelo rombo nas contas públicas, Macaé pode ser proibida de exercer cargos públicos e ser obrigada a devolver os recursos, além de ser multada.

Ela também poderá responder judicialmente pelo crime de improbidade administrativa, que é o ato contrário aos princípios básicos da administração pública. No entanto, nenhuma ação foi julgada até o momento da publicação desta checagem.

A nova ministra dos Direitos Humanos e Cidadania responde, atualmente, a um processo por improbidade administrativa na Justiça de Minas Gerais, da época em que foi Secretária Municipal da Educação em Belo Horizonte, entre 2005 e 2012.

Conforme a Lei Nº 8.429, de 1992, o termo improbidade administrativa se refere à desonestidade de quem lida com o dinheiro público. Pode ser caracterizado por “qualquer ação ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades [públicas]”.

Uma investigação do Ministério Público apontou que Macaé teria superfaturado a compra de 190 mil kits de uniformes escolares em 2011, beneficiando uma empresa inabilitada para participar de licitações. A secretaria teria comprado os kits por preços acima do mercado, causando um prejuízo de R$ 3,15 milhões aos cofres públicos. Com ajuste da inflação, o valor seria hoje de R$ 6,49 milhões.

Sobre a licitação de 2011, a ministra respondeu ao Estadão, em reportagem publicada em 9 de setembro, que não cometeu qualquer irregularidade e afirmou estar “tranquila e ciente do compromisso com a transparência e correta gestão dos recursos públicos”.

Macaé também explicou em nota ao Estadão que o processo licitatório de 2011 foi conduzido pela Comissão de Licitação, que não era vinculada à sua pasta, e aprovado pela “procuradoria do município”, que acompanhou e supervisionou todas as fases da licitação.

A Folha de S.Paulo apurou que, durante a gestão de Fernando Pimentel (PT), entre 2015 e 2018, Macaé Evaristo optou por um acordo com o MPMG para encerrar pelo menos 13 processos também relacionados ao caso de compra de mobiliário e de kits escolares por improbidade administrativa.

Todos eles eram relacionados a um único contrato fechado com várias empresas. Por isso, foi desmembrado em ações diferentes. Todos eles apuravam o suposto superfaturamento na compra de carteiras escolares em 2015, época em que Macaé foi secretária estadual de Educação.

De acordo com o jornal, a ministra teria pago o valor de R$ 10,4 mil para assinar o acordo com o MPMG a fim de encerrar o conjunto de ações.

Em nota ao Comprova, a assessoria de Macaé Evaristo respondeu, no dia 24 de setembro, que “nos processos ajuizados pelo Ministério Público de Minas Gerais, foram prestadas as informações necessárias, que culminaram em acordos para o encerramento”.

“Sobre o processo referente aos kits de uniformes escolares, licitados em 2012, em certame foi realizado e conduzido por servidores efetivos, e validado em todas as suas fases pela Procuradoria de Belo Horizonte. A secretária – por força do cargo – não dispunha de poder discricionário para contratar empresa diferente daquela que venceu a licitação. Por fim, em relação ao processo em andamento no Tribunal de Contas da União, trata-se de recursos regularmente repassados pela secretaria de educação às unidades executoras do Programa, conforme demonstrativo encaminhado para a prestação de contas do FNDE, sendo a auditoria refente a aplicação pelas Caixas Escolares”, conclui a nota.

O Comprova utilizou o Jusbrasil para identificar os processos judiciais que citam Macaé. Para isso, pesquisamos pelo CPF da ministra para evitar homônimos (nomes iguais aos da ex-parlamentar), e encontramos 83 ações judiciais.

O volume, no entanto, não significa que a ministra tenha uma ficha criminal extensa, como sugeriu o deputado federal Mauricio Marcon no Plenário da Câmara. Isso porque, das 83 ações judiciais encontradas, apenas duas são de processos criminais – e, em ambos, a ministra é parte ativa na ação. Isto é, autora, e não ré.

Na primeira ação, Macaé é vítima do crime de ameaça. O indiciado no caso é identificado apenas com as iniciais F.F.R.S. O processo tramitou em julgado no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em outubro de 2022.

Na segunda ação criminal, Macaé é uma das impetrantes de um habeas corpus a favor de uma integrante do Coletivo Negras Autoras. A mulher foi acusada de falsidade ideológica e crime contra o estado de filiação após apresentar em um aeroporto um documento com erro de digitação no nome do pai do filho. O processo foi arquivado, também em outubro de 2022.

Além dos processos criminais, no CPF de Macaé Evaristo constam ainda 41 processos administrativos, 5 processos eleitorais (de registro de candidatura e prestação de contas) e 33 processos cíveis. Há também dois processos de 2011 que não estão disponíveis para acesso na plataforma, o que acontece com ações que correm em segredo de justiça.

A título de comparação, ao pesquisar no Jusbrasil pelo CPF de Marcon, o Comprova identificou um número semelhante de ações judiciais: foram localizados 77 processos. Em um deles, inclusive, o deputado é réu pelo crime de preconceito de raça ou de cor. O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Vale acrescentar que, quando pesquisamos por um nome no Jusbrasil, a plataforma alerta que participar de um processo não significa, necessariamente, ter cometido delito. Isso porque a pessoa pode ser autora, ré, advogada, juíza, dentre outros. Além disso, ao tentar copiar um trecho do site, a ferramenta sinaliza alguns cuidados necessários ao compartilhar informações sobre ações judiciais.

Prima da escritora Conceição Evaristo e nascida em São Gonçalo do Pará, em Minas Gerais, Macaé Maria Evaristo dos Santos, 59 anos, é formada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), mestre em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutoranda em Educação pela mesma instituição.

Segundo a biografia da ex-parlamentar, no site da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no site do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ela é professora desde os 19 anos, e foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação em Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado mineiro (2015 a 2018), nas gestões Fernando Pimentel (PT) e Márcio Lacerda (PSB) respectivamente.

Em 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC), durante o segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff (2014-2016). No cargo, coordenou programas como Escolas Indígenas e as cotas para ingresso de estudantes de escola pública, negros e indígenas no ensino superior.

Em 2020, foi eleita vereadora pela primeira vez em Belo Horizonte. Já em 2022, foi eleita deputada estadual de Minas Gerais, com 50.416 votos.

Em 9 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou a então deputada estadual mineira para o cargo de ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania. A nomeação de Macaé Evaristo foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, em substituição a Silvio Almeida, que foi demitido após acusações de assédio moral e sexual.

Na nota enviada ao Comprova, a assessoria da ministra reiterou que “desde que Macaé Evaristo foi indicada para o cargo de Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, surgiram ataques nas redes sociais coordenados pela extrema direita, que distorce informações, criando uma campanha difamatória repleta de inverdades, com o intuito de macular sua imagem como gestora pública. Ao longo de sua trajetória no serviço público, Macaé se tornou referência nacional no campo da educação e do combate ao racismo. Como gestora, Macaé geriu recursos públicos, levando em conta os cuidados para a melhor destinação, sempre prezando pela transparência”.

O Comprova não conseguiu acesso à auditoria do MEC, cujo valor em dívida foi citado pelo UOL, nem à fonte que o deputado Maurício Marcon usou para localizar os processos a que ele indica que Macaé Evaristo responde no vídeo postado em seu perfil nas redes sociais.

As páginas que compartilharam o conteúdo foram procuradas, mas nenhuma respondeu até a publicação deste texto. Marcon também foi contatado pelo Comprova, que não obteve resposta.

Fontes consultadas: Pesquisamos o site JusBrasil para mensurar a quantidade de processos no qual o nome de Macaé Evaristo é citado. Contatamos a assessoria da ministra. Além disso, foram pesquisadas também reportagens sobre o assunto. Como o portal g1, que explicou o processo judicial que a ministra é ré, e o Estadão e a Agência Pública, que traçaram um perfil da integrante do governo federal. Também foram acessados os sites do governo federal, bem como o site da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Receba notícias no WhatsApp

Receba notícias no Telegram

Publicado em Sem categoria | Deixe um comentário